À procura da VERDADE nos Evangelhos
Evangelho segundo S. JOÃO – 29/?
– Que estranho! Alguém já
nascer cego para que nele se manifeste o poder de Deus, fazendo Jesus mais um
milagre!… Então, também os doentes curados por Jesus adoeceram para que neles
se manifestasse o poder de Deus? Mais uma vez, é uma não-resposta de Jesus.
Inconcebível!
– E mais palavras de fácil
entendimento mas de fundo realmente obscuro: “Nós temos que realizar as obras
daquele que Me enviou, enquanto é dia. Vai chegar a noite e ninguém poderá
trabalhar. Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo.” (Jo 9,4-5)
– É! Se és a luz do mundo, a
nós deixas-nos completamente nas trevas do não-entendimento do… Céu! Que pena,
Jesus Cristo! Como nos decepcionas! Nem colhem as metáforas de “dia” significar
“vida” e “noite” significar “morte”. Apenas algum estilo do narrador João.
E parece que as obras daquele
que O enviou - o Pai - são portanto os milagres que confirmariam a sua origem
divina. Mas – perguntamos mais uma vez – como podem ter sido verdadeiros os
milagres se, com eles, não convenceu os do seu tempo dessa sua suposta
divindade? Como?
Também não conseguimos entender
como é que Cristo faz a ponte entre a Terra e o Céu, entre Ele e o Pai, entre o
corpo perecível e o espírito incorruptível… Acaso no-lo explicou claramente? E
acaso não era isso que precisávamos de saber? E acaso, não sabia Ele que, sem
sabermos isto, não conseguíamos aceitá-Lo, apesar dos seus milagres? Então?…
– Há todo um ritual na cura
deste cego de nascença: “Jesus cuspiu no chão, fez com a saliva um pouco de
lama e com a lama ungiu os olhos do cego. Depois disse-lhe: «Agora vai lavar-te
à piscina de Siloé.» (…) O homem foi lavar-se e ficou a ver.” (Jo 9,11)
– O povo quase não
acreditava, menos ainda os fariseus, que argumentavam estupidamente: “Quem fez
isso não é homem de Deus porque não respeitou a lei do sábado.”, pois era
sábado, aquele dia.
E, duvidando que o cego fosse
realmente cego, foram perguntar aos pais…
E, após confirmação, voltaram
a importunar o miraculado que, já farto de tamanha teimosia em não quererem ver
o que era evidente, lhes respondeu: “Já vos contei como foi mas vós não
acreditais em mim. Porque é que quereis ouvir novamente? Será que também
quereis tornar-vos seus discípulos?”
– Aí, os fariseus, feridos na
sua “alta dignidade”, não se contiveram e… oiçamos: “«Tu é que és discípulo
dele. Nós somos discípulos de Moisés. Sabemos que Deus falou a Moisés, mas
quanto a este homem, nem sabemos de onde Ele é.» Ele replicou: «Isso é de
admirar! Não sabeis de onde Ele é e, no entanto, Ele abriu-me os olhos. Sabemos
que Deus não ouve os pecadores mas ouve aqueles que O respeitam e fazem a sua
vontade. Nunca se ouviu dizer que alguém tenha aberto os olhos de um cego de
nascença. Se esse homem não viesse de Deus, nada poderia fazer.» Disseram-lhe
então os fariseus: «Tu nasceste cheio de pecados e queres ensinar-nos?» E
expulsaram-no dali.” (Jo 9,27-34)
E não é que falava bem este
miraculado que fora cego!...
(Não referimos todos os pormenores da descrição que João
faz deste episódio, por não serem relevantes; a análise crítica continua no próximo
texto.)
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