sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Contestando a veracidade do Deus das religiões monoteístas

Queiramos ou não, somos forçados a aceitar, à luz dos conhecimentos actuais, que foi realmente o Homem que criou Deus à sua imagem e semelhança. Os argumentos aduzíveis são vários e sem contestação racionalmente possível, embora, sendo este um fórum de discussão, toda a contestação seja admitida! Por crentes e não crentes... Atentemos apenas nos mais importantes:
Argumento 1/5: Os mitos existem pela necessidade humana de tentar explicar o que, no tempo da sua criação, era inexplicável: mistérios, ignorâncias, medos, forças ocultas, etc. Pela Ciência, no entanto, já descobrimos e já desvendámos muitos desses mistérios, muitos segredos, muitos mitos! E a Ciência não pára de nos surpreender com novas descobertas. Newton, Galileu, Darwin, Einstein e tantos outros desmistificaram muitos dos mitos que deram origem às religiões que de certo modo nos governam e nos alienam.
Argumento 2/5: Desde o princípio da História conhecida do Homem que existem deuses, organizados normalmente segundo hierarquias machistas, podendo referir-se as antigas civilizações fenícia, egípcia e, mais tarde, a grega e romana, indo de Baal e Adónis a Oziris, Serapis, Isis e muitos outros, a Zeus para os Gregos e a Júpiter para os Romanos, cada um com o seu séquito de deuses e deusas... Todos inventados e seriados pelos Homens do tempo! Há três mil anos, no entanto, surgiu um Moisés que criou para o seu povo um Deus a quem chamou Javé. E foi este Javé que deu origem ao judaísmo, judaísmo do qual veio a brotar o cristianismo, há c. de 2 mil anos e o islamismo, há apenas c. de 1.300 anos, mais exactamente em 622 d.C. Entretanto, surgiram no Oriente o budismo e o hinduísmo, c. de 500 a.C., nos quais o cristianismo iria beber filosofias de vida como o “Amai-vos uns aos outros” de Jesus Cristo.
Argumento 3/5: As religiões que actualmente dominam o mundo existem apenas há c. de 2 a 3 mil anos, quando o Homem (o hominídeo) existe há 4 a 7 milhões de anos! – curta existência, embora, em relação ao início da Vida, c. de 3.500 milhões de anos, e em relação aos dinossauros que se extinguiram há c. de 65 milhões, tendo dominado a Terra durante mais de 200 milhões de anos!... Então, quem pode aceitar racionalmente que o Deus que elas nos propõem, desde Javé de Moisés, passando pela trilogia hindu: Brama, Vixnu e Shiva, atingindo o Deus-Pai de Jesus Cristo e finalmente Alá de Maomé, quem poderá aceitar que esse Deus seja verdadeiro ou exista realmente e só agora se tenha “lembrado” de se revelar às humanas gentes? Se Deus é justo e inteligente, omnisciente e eterno, porque não se revelou ao homo sapiens sapiens que apareceu há c. de 40 000 anos? Ou, porque andou a manifestar-se a uns quantos iluminados em épocas pouco relevantes para a humanidade quando bastaria esperar dois a três mil anos para ter ao seu dispor toda uma panóplia de meios de comunicação, alcançando com a sua mensagem de salvação toda a humanidade, em apenas 24 horas e sem sair do seu lugar, obviamente o Céu, trazendo esse seu Céu à Terra?...
Argumento 4/5: Os livros ditos sagrados, desde os Vedas, à Bíblia judaico-cristã, ao Corão, como os próprios teólogos afirmam, reportando-se, aliás, ao velho Santo Agostinho, não são livros nem científicos nem históricos mas tão só livros religiosos. Em boa leitura, isso quer dizer que não merecem credibilidade, nem científica nem histórica. Então, como é possível arquitectar toda uma filosofia religiosa baseada em... coisa nenhuma ou apenas em “factos” ou “fenómenos” que supostamente aconteceram? Pior: como é possível dar crédito a tal filosofia? Pior ainda: como é possível que haja tantos milhões – quase metade da humanidade! – que se deixa levar por tal filosofia? E ainda muito pior: como é possível haver tantos mentores religiosos, a começar pelos papas de todas as igrejas, sinagogas ou mesquitas, tenham os nomes que tiverem, desde gurus, a imans, a rabinos, a patriarcas, passando por cardeais, bispos e afins, e acabando nos presbíteros, que vivam cinicamente à custa da ignorância dos milhões que aceitam benevolamente serem enganados e alienados nas suas consciências e... lhes pagam para se manterem no mesmo engano?...
Argumento 5/5: Um exemplo paradigmático são os “milagres” de Mateus. Toda a Bíblia judaico-cristã está repleta de milagres; mas podemos considerar o evangelho de Mateus como o protótipo de tal facto. São tantos os milagres ali narrados, desde os mais inverosímeis – dar de comer, por duas vezes, a mais de 5 000 pessoas com meia dúzia de pães e meia dúzia de peixes – aos mais caricatos – secar a figueira porque, ao passar junto dela, não encontrou figos – aos mais espectaculares aquando da sua morte - mortos que ressuscitam, saem dos túmulos e andam pelas ruas, toda a Terra a escurecer – culminando com a sua ressurreição e subida aos céus..., tantos são os milagres que, a terem sido verdades factuais, todas as gentes do Império Romano, a começar pelo César imperador, teriam acorrido a presenciar in loco fenómenos tão bizarros e tão frequentes, obviamente dignos de serem admirados pelo maior número de pessoas possível, até para convencimento de que estavam perante o “Filho de Deus”. Mas os historiadores credíveis da época nada dizem a tal respeito... Ora, toda a gente culta sabe que os milagres realmente não existem. Simplesmente porque não podem existir. São algo tão improvável, por não fazerem parte da natureza humana, que só por absurdo se podem aceitar, como nos quer convencer a Igreja católica para elevar aos altares beatos e santos. São anti-natura e pertencem ao domínio do que chamam, fantasiosamente, o sagrado, sagrado que, obviamente – se quisermos ser mais precisos e incisivos – não existe para a Ciência. Os milagres de Mateus “existiram” na mente do autor apenas com o objectivo de divinizar a personagem que seria o pilar da nova religião nascente: Jesus, a quem, por isso, chamaram o Cristo, o Messias, o Ungido, o – veja-se só o descaramento! – Filho do Deus verdadeiro. Que Deus verdadeiro, santo Deus de todos os deuses?!!!
Conclusão lógica:
As religiões e as suas igrejas e hierarquias existem “de facto” porque são uma realidade; mas não existem ou não deviam existir “de iure” (de direito) porque são todas uma falácia ou uma grande efabulação, todas baseadas em não-factos ou em não-verdades!
Pela sua relevância, voltaremos mais tarde a estes argumentos.

4 comentários:

  1. Por este texto, este blogue promete ser polémico e como tal, vivo, criativo e merecedor de reflexão.

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  2. Ainda não cheguei a essa negação tão desenfreada .
    Conheço muito boa gente,inclusive padres e teólogos, com uma cultura religiosa enorme, inteligentes e genuinamente crentes e honestos .São pessoas que acreditam que Deus interferiu na humanidade revelando-se de um modo ou outro a ela transmitindo mensagens naturalmente crediveis .Eu gostaria de acreditar em algumas coisas que eles acreditam e ganhar o cé como eles pensam que vão ganhar .
    Só que, tendo lido aquilo que li e tendo ouvido aquilo que ouvi, não consigo acreditar naquilo com pena minha .Já desabafei com um monje que náo compreendia como alguém inteligente podia ser religioso . No entanto eu sinto que sou religioso embora não encaixado em nenhuma das religiões conhecidas .Sou tão boa pessoa como eles, com pressupostos diferentes na adopção dessa postura principalmente, e não é pouco,o facto de ainda nã ter sido convencido que Deus se tenha revelado à humanidade .
    Neste momento não tenho conhecimentos suficientes para rebater as melhores argumentações que me têem sido apresentadas e estou a dar o benefício da dúvida .No entanto os mesmos argumentos estão muito longe de ser suficientes para me convencer .
    A ciência não tem utilidade para esta guerra, pela sua própria matureza .
    Ela não consegue provar que Deus existe ou não existe . E todos nós ficamos entregues ao enrascanço da seguinte proposta que considero muito pertinente :--- Se Deus não existe, então tudo é permitido .
    E também ficamos com a pergunta mais chata de todas, para a qual não hà ciência nem super ciência que valha :---Porque existe algo em vez de nada ?

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  3. Quero apenas me expressar, jamais blasfemar, nem convencer ninguém, mas...
    Quando criança, ainda bem pequeninho, nascido em família cristã católica, me apresentaram um Deus Todo Poderoso e Criador de Todas as Coisas; um Deus que eu deveria amar e temer sobre tudo e todos; um Deus que nos enviou seu filho amado (que na verdade era Ele mesmo em pessoa humana), há 2000 anos, para morrer na cruz e nos salvar (salvar de quê? nunca entendi isso.); um Deus onipotente que sabe e vê tudo que fazemos (e nos deixa errar? devido ao tal livre-arbítrio que Ele nos deu); um Deus que é PAI, infinitamente BOM, mas vai me queimar no fogo do inferno, onde haverá choro e ranger de dentes se eu pecar (isto também é cheio de incoerências); um Deus que me ama mais que tudo, mas permite que eu seja tentado por um tal Satanás; um Deus que nos fez à sua imagem e semelhança, se não somos invisíveis, como ninguém nunca o viu? Um Deus no qual devo crer, sem ter visto, apenas baseado na fé, mas fé em quê, no que ouço da humanidade? Enfim, infinitos questionamentos me rondam.
    Me "venderam" que esta vida não importa, pois é material, e que a Vida que realmente importa é a espiritual que viverei após minha morte, eternamente, no Paraíso, ao lado de Deus, ou melhor junto com a Santíssima Trindade (Deus Pai, Deus Filho e Deus Espirito Santo), mas isto tem que ser conquistado com uma vida pura, de sacrifícios, de doação, de abnegação, de caridade e respeito ao próximo, sem esperar que sejamos tradados da mesma maneira.
    Me venderam que se tenho sorte, “devo Graças a Deus”, que se tenho infortúnios, “Deus sabe o que faz”.
    Sinceramente, me sinto parte de uma humanidade egoísta, que, por ser racional, se sente superior às demais criaturas da natureza e não aceita o fim de seus entes queridos, nem muito menos o próprio fim, então criamos outras vidas, espíritos eternos, paraísos e etc..
    Não vejo mecanismo humano de controle mais eficaz que a Bíblia, Corão ou qualquer outro livro sagrado, que ilustram, exemplificam, ditam regras, impõem limites e centralizam enorme poder em líderes que se dizem a serviço de Deus e manipulam a fé das pessoas, em prol de boa convivência, mas quase sempre pela manutenção do poder adquirido.
    Tento viver bem, em boa convivência, fazer o bem, mas espero retribuição, pois estou disposto a oferecer o que quero receber. Tudo por ser racional e acreditar que assim vale a pena, mas não espero ser premiado noutra vida, e acredito que o que eu conseguir de bom ou ruim será plantado e colhido durante o tempo que a mim couber.
    Nossa mente é forte e temos poder de construir ou destruir. Somos partícula do universo e, certamente, não estamos sós, nem muito menos somos os melhores ou piores, apenas integramos. Como humanos criamos um Deus à nossa semelhança, nosso ego nos supervaloriza e tem necessidade acreditar que fomos criados por alguém, mas isto é bola de neve, pois quem criou nosso criador?
    Uma coisa é certa, há muitos mistérios a desvendar, mas o que temos hoje, baseado na fé que conhecemos, acredito ser grande equívoco ou meros mecanismos de manipulação e controle das massas.

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