sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A bondade das religiões


O título mais apropriado talvez fosse: “O bem que as religiões trouxeram ao mundo”. Em boa verdade, e atendendo-nos só às religiões cristãs, e mais concretamente à católica, poderemos afirmar que, sendo a História feita de guerras e mortandades, sem as religiões e os seus entraves à manifestação da parte selvagem que há no Homem, a História estaria ainda mais carregada de sangue humano e de violência... Lembram-se dos Dez Mandamentos mosaicos e dos Mandamentos da Santa Madre Igreja com a missa aos domingos e do pecado original e dos pecados mortais e do inferno e da confissão e da comunhão e do jejum e da quaresma com as suas abstinências e dos dogmas e dos sacramentos?
Por outro lado, há a parte cultural: foi nos conventos que se instalaram copistas de textos que de outra forma se teriam perdido para sempre; foi aí que floresceram as bibliotecas; foi à sua sombra que se ergueram escolas e também a assistência aos pobres e carenciados, ou seja, a parte social da igreja que ainda perdura e que, para os críticos, é a única coisa boa que nela se conserva...
E ainda há os muitos milhares de obras-primas, abarcando todos os estilos de arte, sendo mais notáveis na arquitectura, na pintura e na música. Quem negará a beleza das catedrais, seja de estilo românico, gótico, neo-gótico ou moderno? Quem não apreciará “O Messias” de Haendell, “O Requiem” de Mozart, “A paixão segundo S. Mateus” com os seus coros fantásticos de melodia emotiva de Bach? E o mesmo se diga das pinturas de um El Greco, um Rafaello, um Miguel Ângelo, um Leonardo da Vinci, um Giotto, e tantíssimos outros. E de modo algum poderemos esquecer o notável Canto Gregoriano que enche de paz os silêncios das catedrais...
Não tivesse havido a religião cristã e nenhuma destas magníficas manifestações artísticas, que nos emocionarão pelos séculos dos séculos, teria existido.
Enfim, as religiões deram – e continuam a dar! – a muitos homens e mulheres, a crença numa vida no Além, sendo preparada através do sofrimento aceite nesta em desconto dos pecados... Não é coisa de pouca monta: a parte espiritual do Homem (assunto que abordaremos mais tarde) necessita de respostas e a Ciência é nitidamente insuficiente para colmatar os medos da morte e a incógnita total da “outra vida” que atormentam todo o ser racional, seja crente ou não. As religiões, aceite-se ou não o facto, têm dado uma resposta...
Outras “bondades” haverá. A palavra é do amável leitor.

3 comentários:

  1. A religião constitui desde há muitos séculos, para além de um valiosíssimo seguro de vida fácil e gratuito, uma regra de vida inquestionável porque transcendente ao homem .Responde às perguntas humanas universais, como vou caminhar neste mundo, e depois? vou para onde? o que me acontece? . Sem respostas a estas perguntas inevitáveis, a grande maioria dos homens viveria na angústia .Por outro lado considerando a afirmação --Se deus não existisse então tudo seria permitido--,há que dar resposta ao impasse a que essa proposição nos leva, principalmente para quem naivemente alega não ter religião .
    Quanto à ciência,verificou-se ser míope, só consegue olhar para muito perto e além disso é o próprio homem que olha e que fala aquilo que vê, pela sua próxima natureza .
    Estes são os preliminares de novas considerações que irão acontecendo .
    gusgus

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  2. Amável leitor, GUST99, em primeiro lugar, obrigado por participar neste "fórum" de ideias.
    Quanto ao que afirma, preferia remetê-lo para novos textos que irão aparecer, onde se discutirá a validade das religiões como resposta àquelas existenciais e angustiantes perguntas. Realmente, não há melhor, como disse um conceituado teólogo nosso, Pe Carreira das Neves.
    Enfim, mesmo que seja míope, que outra âncora haverá para o Homem conhecer a VERDADE a não ser a ciência?

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  3. A validade das religiões é irrelevante para a grande maioria das pessoas . A aderência a uma religião tem a ver com os condicionamentos a que cada um foi sujeito ao longo da vida .
    Uns poucos que acontece pararem para pensar àcerca dos seus próprios preconceitos e condicionamentos normalmente têm a sua própria religião muito sui generis, enquanto eventualmente, alguns procurem com o discernimento possível, tirar a limpo os fundamentos desta ou daquela religião . Para estes poucos, trata-se de ir vivendo, tentando responder às tais perguntas difíceis, buscando aqui e ali respostas sempre provisórias porque condizentes com as bases de dados de cada um e do algoritmo que as trata, que vão sendo actualizados em permanência .
    O questionamento das várias religiões pode colocar-se em termos relativamente simples .
    Ou as religiões reveladas são reconhecidas como efectivamente reveladas ou não .
    Neste último caso ficamos com religiões oriundas da sabedoria humana que valem o que o nosso aparelho de pensar determinar que elas valem .
    No meu caso concreto ando a ser desafiado por alguém que pretende, sem sombra de dúvida, provar-me que as religiões ditas de revelação, são mesmo reveladas .
    Caso isso seja conseguido, mais um acólito se juntará às fileiras de uma dessas religiões .
    Enquanto mantenho o meu espirito aberto, vou consumindo a religião sui generis em correspondência com os elementos que se tornarem consolidados na minha cabeça .
    Quanto à verdade só conheço uma verdadeiramente interessante, aquela que EFECTIVAMENTE for revelada por Deus, o único que EFECTIVAMENTE saberá das coisasa verdadeiramente importantes . As outras verdades apenas servem para que o homem vá deambulando desta ou daquela maneira neste vale de lágrimas , vogando numa enorme jangada sem ancora, sem capitão e sem rumo . Àqueles que se abeirem dos limites da grande jangada para prescrutar o horizonte, esquecendo por um pouco o borburinho que se vive no seu interior, deparase-lhe uma certeza inexorável, cada um quando chegar o seu tempo será lançado ao mar . E muitos, aterrados, tornam-se altamente sensíveis às vozes de esperança daqueles que lhe falam em viagens do outro mundo .
    Costumo dizer,:--Quem me cá pôs, que me leve para onde bem entender . Eu agradeço antecipadamente a gentileza.

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