domingo, 22 de fevereiro de 2015

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 52/?

À procura da VERDADE nos livros 1 e 2 SAMUEL – 1/5

- “Os livros de Samuel relatam acontecimentos que se situam entre 1040 e 
971 a.C.” (Introdução ao Primeiro e Segundo Livro de SAMUEL, ibidem)
- E, à partida, a pergunta - ingénua! - é inevitável: Como podem 
acontecimentos da vida de um povo interferirem com a minha incessante 
busca dos caminhos para a vida eterna? Uma pergunta, obviamente, sem 
qualquer resposta por parte dos teólogos exegetas.
- Interessante: mais uma vez, é uma mulher estéril que, invocando Javé, 
vai ser mãe. “Elcana uniu-se à sua mulher Ana e Javé lembrou-Se dela. 
Ana ficou grávida e (…) deu à luz um filho ao qual pôs o nome de Samuel, 
dizendo: Eu pedi-o a Javé.” (1Sm 1,19-20) Não há dúvida: o autor, dito 
sagrado, quando pretende falar de alguma personagem carismática 
para Israel, rodeia-o duma áurea de milagre, logo à nascença. É um 
artifício “literário-divino” recorrente em toda a Bíblia. O efeito 
pretendido, óbvio: apresentá-lo aos olhos do povo como alguém predestinado 
por Javé para grandes feitos.


                                               Elcana, Ana e Samuel, uma família feliz!

- E nova derrota de Israel perante os filisteus! Razões? - Claro: os pecados, 
desta vez, não de todo o Israel, mas dos filhos do sacerdote Eli!… 
(1Sm 4) Absolutamente irrelevante: podiam ter sido outros quaisquer, 
desde que influentes aos olhos do povo.
- E continuam os holocaustos e sacrifícios oferecidos a Javé, quer em 
agradecimento, quer para aplacar a sua ira, quer em desesperada súplica. 
(1Sm 6,15; 7,9;11,15) E Javé tudo continua “dirigindo”, “ordenando”, 
“programando”…. Assim, Saul, da tribo de Benjamim, encontra-se 
com Samuel, é ungido por este e escolhido para rei de Israel que, há muito, 
pedia um rei a Javé.
- Lutas e… mais lutas! Entre Israel e os vizinhos: “Saul lutou contra todos 
os inimigos vizinhos (…) E saiu vitorioso em todas as suas campanhas.” 
(1Sm 14,47)
- É a guerra! É a obrigatoriedade da defesa de territórios antes roubados 
aos seus ocupantes, por ordem de Javé, ou a pura cobiça das riquezas 
vizinhas, tal como agiram todos os colonizadores, os Alexandres, 
os Césares, os muçulmanos, os descobridores de 500, os Napoleões, os 
Hitlers… Sempre a mesma miséria humana bem retratada na História, tanto 
antiga como actual…
- E como entender/aceitar a ira de Javé contra Saul por este ter poupado 
a vida ao rei vencido e não ter exterminado as melhores ovelhas e vacas? 
Pois a ordem era: “(…) mata homens, mulheres, crianças e 
recém-nascidos, bois e ovelhas, camelos e jumentos.” E, por tal “pecado” 
de não obediência cega, “(…) Javé se havia arrependido de ter feito Saul rei 
de Israel, começando Saul (…) a ficar agitado por um espírito mau enviado 
por Javé.” (1Sm 15; 16,14)

- Não se entende! Não se aceita! Revolta, por repugnante! Brada a todos os 
céus e a todos os infernos!!! Mas é a triste imagem que os autores, ditos 
inspirados por Deus, nos dão deste mesquinho Javé, imagem que se repete 
ao longo de toda a narrativa bíblica! Então, chamar a este livro “sagrado”, e 
deixá-lo integrado numa Bíblia dita sagrada é, no mínimo, irracional! Mais 
irracional ainda é aceitarmos Javé como o Deus de uma religião monoteísta!

Sem comentários:

Enviar um comentário