À procura da Verdade nas Cartas de Paulo
Carta aos Efésios 1
– Voltemos ao início desta carta, com olhos mais benevolentes:
Começa Paulo, imitando textos do A.T., com um louvor a Deus-Pai e Deus-Filho. E, tal como no A.T., a tendência é de humanizar Deus, cumulando-O de atributos humanos: “… benevolência da sua vontade… seu Filho querido… livre decisão que havia tomado… o seu projecto…” (Ef 1,5-11)
Ó meu Deus, é tão difícil acreditar num
Deus assim humanizado!… Tão difícil!
–
“Deus manifestou a sua força poderosa e eficaz em Cristo, quando O ressuscitou
dos mortos e O fez sentar-Se à sua direita no Céu, muito acima de qualquer
principado, autoridade, poder e soberania. (…) Deus colocou tudo debaixo dos
pés de Cristo e colocou-O acima de todas as coisas, como cabeça da Igreja, a
qual é o seu corpo.” (Ef 1,20-23)
A inspiração de Paulo deixa-nos
infelizmente com palavras de exaltação de Cristo por Deus sem explicar o que é
ser ressuscitado, mas sobretudo, o que é estar sentado à direita no Céu… Também
há esquerda e direita no Céu? É mais uma vez linguagem simbólica? Também há
acima e abaixo, principados e outros poderes para haver esse acima e abaixo?… A
que realidade verdadeira corresponde esta descrição-visão-inspiração de Paulo?
A que Céu? A que Deus?
É! Era isto que queríamos saber! Mas… mais
uma vez se goraram as nossas espectativas!…
–
“Na pessoa de Jesus Cristo, Deus ressuscitou-nos e fez-nos sentar no Céu.”.(Ef
2,6)
Mas… como? Que Céu? Só com carradas de Fé é
que conseguimos, não diremos entendê-lo mas, pelo menos, aceitá-lo… Ora a fé não
nos leva a lado nenhum, a não ser à irracionalidade.
–
“Foi por revelação que Deus me fez conhecer o mistério que acabo de expor
brevemente.” (Ef 3,3)
É o mistério de Jesus Cristo. Que tipo de
revelação? Uma visão? Um sonho? Como actuava realmente o Espírito naqueles
Apóstolos, naquele Paulo? Sobretudo, porque é que o Espírito não Se nos revela
hoje de modo a também nós podermos compreender o mistério de Jesus Cristo?
Aliás, os que tal carta de Paulo leram teriam compreendido o quê?
Mais contundente: “Teriam atingido o
paraíso? Já chegou para eles o juízo final? Onde os poderemos encontrar neste
momento do tempo que para eles já é eternidade, portanto sem referentes de um
antes e um depois, porque para eles tudo é apenas… depois?”
É! Iniciaram no tempo a tal semirecta que
se continuou pela eternidade sem se ver dela o fim… Tal como todo o ser
vivente… Tal como nós que tal conseguimos pensar… E, se outra realidade não
houver, esta de podermos pensar tudo isto já é uma excelente realidade!…
Nem sequer nos lamentaremos com Paulo
dizendo que se Cristo não ressuscitou, nós somos os mais infelizes dos Homens…
(1Cor 15,13-53) Não! Somos felizes por podermos pensar que poderemos ser…
“semirectas”, de preferência num Céu! Se o formos… que bom! Se tudo se acabar
ali num fim anunciado para todos os seres que têm o privilégio de ter vindo à vida,
fica-nos o gostinho de poder ter tido sonhos de eternidade…
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