quinta-feira, 24 de novembro de 2022

A Beleza trágica da VIDA

 Ah, como gostaríamos de ser eternos!

 O Outono faz-nos lembrar o quão efémera é a vida, a nossa vida, mas também a de qualquer ser vivo, e a inexorabilidade do seu fim.

Num belo dia – DIA que todos os anos festejamos! – aparecemos, nesta Terra. Um homem e uma mulher, certamente apaixonados – e levados pela paixão do instinto da procriação – fizeram amor e aí viemos nós!

Com um ADN à partida bem definido: carácter, inteligência (nem sempre todos os tipos que dizem ser sete), capacidades as mais diversas e os respectivos defeitos, tudo sediado no cérebro, cérebro que, sendo matéria, consegue o milagre de produzir não-matéria, como sejam ideias, raciocínios, desejos…, o chamado CAMPO PSICOLÓGICO; mas também definindo as carcaterísticas do corpo-matéria, as suas formas, as suas forças e fragilidades, imbuído do instinto vital que o leva a resistir às doenças e às intempéries, fugindo à morte; e ainda definindo a nossa durabilidade no Tempo, podendo, no entando, não ser artingida porque somos, desde que nascemos, no corpo e na alma, NÓS E A NOSSA CIRCUNSTÂNCIA.

ESTA, A BELEZA DA VIDA! ESTE, O PRIVILÉGIO DE, ENTRE MILHÕES DE HIPÓTESES QUE NÃO SE CONCRETIZARAM, TERMOS NÓS NASCIDO!

O TRÁGICO é que, pertencendo ao Tempo e tendo aparecido no Tempo, temos forçosamente de acabar quando o nosso tempo se esgotar. E irá inexoravelmente esgotar-se! Cedo ou tarde! Desde o momento em que nascemos, caminhamos irremediavelmente para o desaparecimento. E um desaparecimento eterno!

Aliás, o Tempo não pára, nem pode parar: tudo, mas mesmo tudo, no Universo, está, desde toda a eternidade, em constante movimento, em constante mutação, nada se perdendo, porque não tem para onde ir perder-se, mas tudo se transformando, seja matéria seja energia.

É aqui que se digladiam Religião e Ciência. Aquela afirma que há uma eternidade para os humanos inteligentes porque têm aquela parte espiritual a que chamam alma, dizendo-a imortal; esta, que, bastando olhar para a realidade que nos circunda, a começar pelo que vai acontecendo aos humanos que vão desaparecendo, sem deixar rasto, tudo o que aparece desaparece, melhor, se transforma, sendo o ser vivo um elemento que, desde a concepção, se vai continuamente transformando, até se desagregar nos átomos e moléculas de que é feito, no final do seu tempo, deixando de constituir um SER, por perder o fluxo ou sopro vital que lhe era próprio e único. O mesmo se passa nas plantas e nos outros animais. É que o humano, apesar de racional, não é mais que um pedaço de matéria energizado e organizado, funcionando como qualquer outro ser vivo. Nada importa, nesta análise existencial, que seja racional! Dizer que é imortal por ser racional é um completo absurdo, uma dedução sem qualquer fundamento.

O humano – vá-se lá saber porquê! – bem gostaria de ser eterno, mas não o é, pois não há – não pode haver! – nenhuma EXCEPÇÃO!

A VIDA é realmente, para cada SER, um acontecimento único e irrepetível. Como é possível que passemos tanto tempo – no pouco tempo que temos, sejam cem ou fossem mil anos! – a desperdiçá-La em pequenas quezílias, obcecados por coisas insignificantes? E como é possível que haja responsáveis pelo mundo que a gastem a criar sofrimento e angústia nos seus semelhantes?

É DE UMA ESTUPIDEZ SEM LIMITES!

VALHA-NOS O SORRISO!

1 comentário:

  1. A alma humana, "anima" (que anima) para os latinos, "psyké" (que pensa e se emociona) para os gregos, sendo criada no momento da concepção, apesar de ser o repositório de toda a parte espiritual e anímica do corpo, estando sediada no cérebro, ou sendo o próprio cérebro, na sua componente psicológica, tem forçosamente de acabar com o acabar do cérebro e do corpo que o alimenta. A alma só por si não existe, assim como não pode existir corpo sem alma. Se apareceram simultaneamente, simultaneamente desaparecerão...

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