sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 299/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos 

Evangelho segundo S. LUCAS – 15/?

 – Mais complicada de entendimento é a história do feitor que, antes de ser despedido pelo seu Senhor, por esbanjar os seus bens, o rouba ainda mais, fazendo amigos que lhe retribuirão mais tarde: “Quanto deves ao meu patrão? - Cem medidas de azeite. - Então, vai, pega nas tuas contas e escreve cinquenta.” E, louvando a esperteza deste feitor, diz Jesus: “Usai o dinheiro injusto para fazer amigos e assim, quando o dinheiro faltar, os amigos receber-vos-ão no Céu.” (Lc 16,5-9)

– O “Céu” destes amigos deve estar realmente longe do Céu do mesmo Jesus Cristo… Só em sentido muito metafórico é que se entende. Por exemplo: “receber-vos-ão em sua casa e dar-vos-ão guarida em caso de necessidade.”

Aliás, termina como em Mateus 10,24: “Nenhum empregado pode servir a dois senhores; porque ou odiará um e amará o outro, ou há-de ser leal para um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro.” (Lc 16,13)

– Quanto a servir a dois senhores, só nos resta saber o que é, na verdade, servir a Deus para alcançar o Céu… O dinheiro lá nos vai proporcionando uns gostinhos na vida, esta vida, a única que é certa. A outra é da fantasia…

– E chegámos à história fulcral de todo o evangelho de Lucas, que também é o único a narrá-la, não percebendo nós porque é que os outros evangelistas não lhe deram importância, já que é uma rara senão única vez em que a ponte entre Terra e Céu se tentou clarificar.

Então, conta-nos Jesus: “Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho e todos os dias fazia grandes festas. Havia também um pobre, chamado Lázaro, coberto de chagas, que costumava ir para a porta do rico, para ver se matava a fome ao menos com as migalhas que caíam da sua mesa. E até os cães lhe vinham lamber as feridas. Aconteceu que o pobre morreu e os anjos levaram-no para junto de Abraão. Morreu também o rico e foi enterrado. No inferno, no meio dos tormentos em que se encontrava, o rico levantou os olhos e viu de longe Abraão, com Lázaro a seu lado. Então o rico gritou: «Pai Abraão, tem piedade de mim! Manda Lázaro molhar a ponta do dedo para me refrescar a língua, porque este fogo atormenta-me horrivelmente.» Mas Abraão respondeu-lhe: «Lembra-te, meu filho, que em toda a tua vida, só recebeste bens, enquanto Lázaro só recebeu males. Agora, ele é consolado e tu atormentado. Além disso, há um grande abismo entre nós: por mais que alguém desejasse, nunca poderia passar para junto de vós nem os daí poderiam passar para junto de nós.» O rico insistiu: «Pai, eu te suplico, manda Lázaro a casa de meu pai, porque eu tenho cinco irmãos. Manda preveni-los para que não venham também para este lugar de sofrimento.» Mas Abraão respondeu: «Eles têm Moisés e os profetas: que os escutem!» E o rico insistiu: «Não, pai Abraão! Se um dos mortos lá for falar-lhes, eles converter-se-ão.» Mas Abraão disse-lhe: «Se não escutam Moisés e os profetas, mesmo que um dos mortos ressuscite, eles não ficarão convencidos.»” (Lc 16,19-31)

– É! O rico bem quis fazer a ponte entre o Céu, o Inferno e a Terra, mas… não teve sucesso… Que pena! Pois, se é óbvio que Lázaro teria direito a algum dia ter felicidade, já não é tão óbvio que o rico tenha de ser castigado com tormentos por se ter esquecido do seu irmão pobre e chagado… Inferno eterno!… Rico que até se lembra de interceder pelos seus irmãos que estavam na Terra, em casa de seu pai, e que certamente iriam parar também ao inferno…

– E… mais directamente, embora repetindo-nos:

Se agora cá viesse um morto, bem morto e bem conhecido, santo que nos revelasse o Céu, nos mostrasse o próprio Deus no seu trono com as miríades de anjos, ou assassino que nos mostrasse o quanto sofre no Inferno e o próprio Inferno com aquele fogo ardente e todos os diabos a martirizarem-no pelos pecados cometidos,… se tal acontecesse, quem não acreditaria? Quem? Quem não se converteria a Jesus Cristo e à sua mensagem? Quem não daria não só as migalhas mas também o pão, a carne e o vinho ao Lázaro faminto? Mas, não! Infelizmente, o Jesus da história diz-nos que acreditemos nos “Moisés” ou nos profetas… Caramba! E era aqui mesmo que precisávamos de ter certezas…

Certezas fundamentadas, documentadas com vídeos e relatos e imagens desse tal Céu e desse tal Inferno!…

Porque uma coisa é certa: Ou existe realmente um Céu e um Inferno e andamos todos enganados porque nos preocupamos apenas com os bens deste mundo e pouco nos interessamos pelos que sofrem, embora tenhamos muita pena deles quando vemos tanto sofrimento em reportagens televisivas…, ou não existe coisa nenhuma e este Jesus foi um impostor - mais um! - que nos contou belas histórias, mas histórias que - e repetindo-nos - não passam da Terra, embora apontando… um Céu, um Céu imaginário, claro está!

E nós que queríamos tanto que esse Céu existisse! Tanto! Tanto! Tanto!… Tanto, que até gritamos: “Ó meu Deus, como é possível o Céu e Vós nele não existirdes se desejamos tanto que o Céu e que Vós existais?”

– E como é fácil a Jesus dizer: “Têm lá Moisés e os profetas… Que acreditem neles.”!… Como se foge, como foge Jesus à verdadeira questão, à questão que afinal desde sempre nos atormenta, sem ainda estarmos no inferno: “Existe ou não existe um Céu? Existe ou não existe um Inferno? Existe ou não existe um Além? Existe ou não existe uma Eternidade? Existe ou não existe… DEUS?”

– É! Mais uma vez, Jesus contou-nos uma bela história e… deixou-nos sem respostas!… Que pena! Que angústia! Que sofrimento! Que inferno! Que desespero!… Afinal, Jesus aponta-nos um belo caminho para a fraternidade universal, falando em Céu, em Deus-Pai, em vida eterna… mas nunca conseguiu passar além da Terra onde Ele também foi um dia, dizendo-se ter ido para esse Céu, esse Pai… sem que no-Lo tenha realmente alguma vez revelado…

Ou… talvez não! Não disse Ele: “Quem Me vê a Mim, vê o Pai.”? (Jo 12,45;14,9)

Sem comentários:

Enviar um comentário