segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 279/?

 

À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 75/?

 

Quanto ao pós-ressurreição de Jesus, coloca-se também o problema da historicidade dos testemunhos oculares de Mateus e João. Viram ou não viram Jesus ingerir alimentos? Viram ou não viram Tomé meter o dedo no buraco das mãos e a mão no peito de Jesus? Aliás, tal como Maria Madalena que havia abraçado os pés de Jesus, que sentiria Tomé naquele tocar? Verdadeira carne? Estavam os buracos dos pregos e a chaga do lado cicatrizados? Estava o seu rosto lavado do sangue da coroa de espinhos e do suor de sangue no Getsémani? Estava aquele corpo sem mancha das vergastadas sofridas na flagelação? Ou tudo isso pertencia ao passado e Jesus ali estava - mais um milagre! - só com as chagas “necessárias” para que Tomé acreditasse?

As interrogações que bailam na nossa mente são realmente muitas, o que não admira quando o divino se mistura com o humano. Aqui, no corpo ressuscitado de Cristo, como em todos os outros milagres…

E o problema mantém-se: acreditamos em Cristo ressuscitado cuja ressurreição é penhor da nossa própria ressurreição ou não acreditamos e ficamos nós sem ressurreição nenhuma?

Ou ainda: a ressuscitarmos, com que corpo realmente ressuscitaremos? Corpo glorioso que atravessa muros ou corpo de carne e osso que não sabemos para que queremos tal corpo se não tem fome nem sede, nem sentidos para sentir, nem coração para bater, sendo talvez apenas cérebro com um sentir apenas espiritual do perene gozo celeste ou da tristeza eterna, caso o inferno seja a nossa última morada…?

É que aquele “Credo in ressurrectione mortuorum” do Credo católico é tão… tão… tão sem sabermos como, que fica mesmo na fé sem qualquer entendimento, nem quando nem onde e, sobretudo, nem como!…

– “Os onze discípulos partiram para a Galileia. (…) Quando viram Jesus, ajoelharam-se diante dele. Mesmo assim, alguns duvidaram. Então Jesus aproximou-Se e disse: «Todo o poder Me foi dado sobre o Céu e sobre a Terra. Portanto, ide e fazei com que todos os povos se tornem meus discípulos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que Eu vos ordenei. Eis que Eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo.»” (Mt 28,16-20)

– Que poder é este que foi dado a Jesus Cristo? Não o tinha já enquanto homem e com o qual realizou tantos milagres e mandou secar a figueira que não dava fruto, tudo lhe obedecendo ao primeiro gesto, às primeiras palavras, ao primeiro pensamento?

E que baptismo? O da água ou da palavra de amor ao próximo com que se alcança o Céu ou… o tão propalado mas tão enigmático Reino de Deus?

O baptismo… O que é realmente o baptismo e para que serve se já se aboliu o inventado pecado original dos inventados Adão e Eva?

Enfim, que Pai? Que Filho? Que Espírito Santo? Que Trindade para nos confundir com mais um mistério acerca da natureza de Deus? Como quiséramos acreditar e ter certezas de que o Céu existe realmente! Como quiséramos!!!

– E a Páscoa?! Ai que recordações - perdoem-nos o entusiasmo repetido! - da missa dos aleluias! Do “Ressurrexit sicut dixit!” Da visita do pároco pela aldeia, dando as Boas-Festas e recebendo o óbolo anual, com as amêndoas deitadas à garotada, à rabatina, pelas janelas das casas solarengas! Como esses tempos ficam esquecidos para sempre nas memórias do tempo que nada esquece, mas que só aproveitam à memória de quem teve o privilégio de os viver!

Esta a Páscoa real! A Páscoa do folar ou do “bolo da Páscoa”, das amêndoas, da profusão de flores que enchiam/enchem igrejas, ruas e procissões, o destapar os altares daquelas lúgubres cores roxas, relembrando a morte de Cristo, as matracas ecoando pelas ruas, nas igrejas, transformadas agora em campainhas que entoam aleluias!…

Doces recordações de infância que, se não fosse o Jesus ter ressuscitado, de certeza que não teríamos na memória… Por isso… pelo menos por isso - mas oxalá que não só por isso! - valeu teres ressuscitado, grande Jesus!…

 

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