domingo, 5 de julho de 2020

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 271/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 67/?

– Perante a paixão e morte de cruz, voltamos a perguntar: Como entender que Deus-Pai tenha querido ver/fazer sofrer o seu muito Amado Filho, até à morte e morte na cruz? Para cumprir as Escrituras que Ele mesmo inspirara, sendo necessário todo aquele sofrimento para salvar e redimir o Homem, como Messias? (E lá está o mistério da redenção, mistério pois não sabemos bem o que havia a redimir…)
Depois, onde a força de Cristo que realizou tantos milagres, indo até à própria ressurreição se não a pôde utilizar neste crucial momento? Teria mesmo de cumprir as Escrituras e morrer ali como estava determinado desde toda a eternidade pelo seu próprio Pai? Afinal, quem é escravo de quem? Mais: parece impossível que, na sua infinita sabedoria, Deus-Pai não “tenha arranjado” melhor forma de salvar a Humanidade do que esta assim sangrenta, assim macabra…
Claro que o mistério é sempre a resposta! Mas, com mistérios, não atingimos de certeza a salvação que, embora por todo o lado anunciada, continuamos a não saber nem onde, nem como, nem o que realmente ela é…
Também todos sabemos que a carne é fraca e que foge do sofrimento como o diabo da cruz... A dicotomia corpo-espírito que constitui a nossa essência não é de fácil entendimento. Se na saúde é fácil ao espírito dizer ao corpo «Levanta-te e caminha!», quando a doença corrói corpo e nervos, já o espírito fica fraco, incapaz de controlar o mesmo corpo.
– Três vezes foi orar… O número 3 parece mágico! Mas, porquê orar, se sabia que de nada Lhe adiantava? Ah, como é difícil entender aquela relação entre um corpo humano e um espírito divino! Entre um Deus-Pai e um Deus-Filho que “tem” de Lhe rezar!… E rezar inutilmente!
– “«Guarda a espada na bainha. Pois todos os que usam a espada, pela espada morrerão. Ou pensas que Eu não poderia pedir socorro ao meu Pai? Ele mandar-me-ia logo mais de doze legiões de anjos. E então, como se cumpririam as Escrituras que dizem que isto deve acontecer? (…) Tudo isto aconteceu para se cumprir o que os profetas escreveram.»” (Mt 26,52-56)
– O estigma, a “maldição” das inevitáveis Escrituras! Que predestinação, santo Deus! Que escravatura de um Filho de Deus a umas Escrituras inspiradas por um Deus-Pai, parecendo-nos terem sido os algozes de Jesus, desde Judas aos sumos-sacerdotes, braços de Javé-Deus para executarem tal predestinação!…
Nisto de interpretar a História pelas Sagradas Escrituras, até o tirano Nabucodonosor foi o braço de Javé para castigar Israel dos seus pecados, lembram-se?!
E, se tais algozes não tivessem intervindo, as incontornáveis, escravizantes Escrituras - para os Homens mas também incompreensivelmente para o próprio Deus que as inspirou – sendo portanto o seu autor como ensinam na catequese e se reza na missa “Palavra de Deus!” – não se cumpririam!
E mais uma vez, os anjos. Doze legiões, o que representa uns milhares! Não há dúvida: tal afirmação revela que Jesus estava mesmo convencido do seu Céu humanizado e hierarquizado ao modo de um reino da Terra, com um rei e os seus exércitos.
Tudo isto é de um total nonsense, humanamente e intelectualmente falando… É preciso ter muita coragem para continuar a acreditar em alguma ponta de verdade que possa haver nesta triste e dramática história…

Sem comentários:

Enviar um comentário