quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

A Igreja, as igrejas



Eis o meu comentário ao artigo de Anselmo Borges, na sua página semanal do DN, no sábado passado, sobre as reformas necessárias na Igreja católica – comentário que foi retirado talvez por algum fundamentalista pouco dado a ideias contrárias às suas:
Falando de Igreja, melhor de igrejas, diria:
1 – Todas as igrejas – não me refiro ao espaço, pois a grande parte das igrejas são belas obras de arte, magnificamente decoradas, no interior e no exterior – sejam elas igrejas católicas, protestantes ou ortodoxas, sejam mesquitas, sinagogas, templos hindús ou budistas…, são, na sua essência, locais de lavagem ao cérebro dos crentes, prometendo-lhes realidades inexistentes, uma condenação ou uma salvação num desconhecido ALÉM inexistente, apelando para um suposto sobrenatural, para céus e Deus ou os deuses nele, para infernos de fogo ardente com todos aqueles simpáticos diabos, e mais anjos, arcanjos e querubins e potestades, e ainda santos e santas…, uma multidão de seres alados servindo um Deus majestático sentado no seu etéreo trono! Obviamente, tudo fantasias, tudo invenções, tudo sem qualquer fundamento ou possibilidade de prova. Então, sem nada poder ser provado, refugiam-se os crentes na Fé, dizendo-se despudoradamente: “Quem acredita será salvo, quem não acredita será condenado. E para todo o sempre! E para toda a eternidade!” Que Fá, santo Deus!
2 – As igrejas e suas crenças foram, ao longo destes cerca de dois mil anos, repositórios de cultura, estando na origem das mais belas peças construídas pelo Homem, em todos os domínios das artes, da arquitectura, à escultura, à pintura, à música…, obras que deliciam os nossos sentidos ávidos de beleza ou da Natureza ou criada pelo Homem, e que podemos admirar e saborear em museus, mosteiros e conventos, em salas de concerto ou mesmo na pacatez da nossa casa.
3 – Às igrejas também se devem muitas obras de solidariedade social, de acolhimento dos mais desfavorecidos, de obras de beneficência e, por isso, merecem todo o nosso respeito e apoio. Depois, não há dúvida de que as religiões – face ao sofrimento, à dor, seja física seja psicológica, tão inerente à vida humana – são uma panaceia para atenuar esses sofrimentos, um último refúgio, um alimentar de esperança em algo que se desconhece mas que se acredita ser realidade, algures fora do Tempo, fora do Espaço, fora da Matéria. E isso é muito bom!

4 – Estou convicto de que, quando todos os Homens possuírem o Conhecimento que a Ciência vai permitindo alcançar, e tiverem o sentido crítico cartesiano da dúvida metódica, então, abdicarão de todas as religiões actuais, exactamente porque baseadas em falsidades, ou fantasias, em deuses e demónios criados à imagem e semelhança do mesmo Homem, sem qualquer hipótese de credibilidade. E descobrirão que são capazes de substituir, por outras formas, aquelas benesses das religiões que ajudam a colmatar dores, sofrimentos e privações. E descobrirão que Deus será o TODO QUE TUDO CONTÉM, POR SER INFINITO E ETERNO, TODO O TEMPO E TUDO O QUE PERTENCE AO TEMPO, TODO O ESPAÇO E TUDO O QUE NELE SE ENCONTRA. Será uma NOVA RELIGIÃO, uma religião de cunho universal, única na sua diversidade, como já foi apresentada no meu blog “Em nome da Ciência”, em sete textos, de 10/06 a 31/07 de 2012. Sugere-se a sua leitura.

2 comentários:

  1. Há já alguns anos escrevi que o destino das religiões é juntarem-se às outrs mitologias num capitulo do comportamento humano chamado "superstição".

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    1. E escreveu muito bem. Quando será essa reviravolta na cultura humana, não sabemos. Talvez daqui a dezenas ou centenas de anos. As religiões - como estão organizadas - comportam-se como lobbies, onde se jogam muitos interesses, a vários ou a todos os níveis: social, económico, financeiro, político. Só quando a humanidade tiver cultura e conhecimentos suficientes para poder ter espírito crítico, e assim saber filtrar tudo o que os gurus das religiões dizem, então a máscara cairá e tudo se resumirá a essa cultura da SUPERSTIÇÃO.

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