quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) 38/?

À procura da VERDADE no DEUTERONÓMIO - 2



- E fala mais Moisés, repetindo, repetindo, repetindo a história do povo 
de Israel, desde a saída do Egipto até chegar às portas da Terra Prometida, 
onde corre o leite e o mel… E normas e mais normas, repetidas umas, 
outras não! (Dt 12,26). Tantas, tantas, tantas que mais parecem um 
compêndio de actuação social, elaborado ao longo dos anos, baseado 
em experimentações, códigos e vivências, adequando-se a lei à situação 
criada, neste ou naquele tempo, neste ou naquele lugar, nesta ou naquela 
circunstância.
- Aliás, “O livro do Deuteronómio é, sobretudo, um modelo de acção (…) 
social. A sua parte central (Dt 12-26) nasceu em meados do séc. VIII 
a.C., numa época de grande desenvolvimento económico, que acabou 
por acelerar a injustiça e a desigualdade social. (…). Diante disto, os 
levitas (…) desenvolveram uma catequese (…). Essa catequese 
cristalizou-se nas leis do Deuteronómio.” 
(Introdução ao Deuteronómio, ibidem)
- Então, em que ficamos? É de inspiração divina ou… humana tal livro? 
São divinas ou humanas tais normas? Têm a credibilidade de Deus ou… 
a fragilidade da capacidade do Homem?
- Importa? O que realmente importa é ali o real, a sociedade que caminhava 
para o conflito, para a guerra intestina e que era necessário evitar a todo o 
custo. E assim, lá vem novamente o temor… divino: “Se não obedeceres 
a Javé, teu Deus, não pondo em prática todos os seus mandamentos e 
estatutos que hoje te ordeno, virão sobre ti e atingir-te-ão todas estas 
maldições: (…)” (Dt 28,15), seguindo-se, pelo menos, vinte e oito maldições 
(Dt 28,16-43), rematando-se, para que não houvesse dúvidas: “Todas estas 
maldições cairão sobre ti, te perseguirão e te atingirão, até seres exterminado, 
porque não obedeceste a Javé, teu Deus, não observando os seus 
mandamentos e estatutos que Ele te ordenou.” (Dt 28,45) Dissuasor e 
persuasivo, não há dúvida!
- Mas há mais! Há ainda mais vaticínios arrepiantes para quem não “servir 
Javé”: “Javé erguerá contra ti uma nação distante. (…) Essa nação cercar-te-á 
em todas as tuas cidades. (…) Então, na angústia do cerco, irás comer o fruto 
do teu ventre: a carne dos filhos e filhas que Javé teu Deus te tiver dado.” 
(Dt 28,49-53)
- E, como pareceu ao autor que a ideia de comer os próprios filhos não 
estava expressa de maneira suficientemente aterradora, continua, embora 
com “pezinhos de lã…”: “O mais delicado e refinado homem de Israel 
olhará com maldade para o seu irmão, para a mulher que ele estreitava ao 
seu peito e para os filhos que ainda tiver, pois terá de repartir com algum 
deles a carne dos filhos que está para comer, pois nada mais te restará 
na angústia do cerco com que o inimigo te vai apertar em todas as tuas 
cidades. A mais delicada e refinada das mulheres entre vós, tão delicada e 
refinada que nunca pôs a planta dos pés no chão, olhará com maldade para o 
homem que ela estreitava ao seu seio e também para o seu filho e a sua filha 
e para a placenta que lhe sai por entre as pernas, e para o filho que acaba de 
dar à luz porque, faltando tudo, ela os comerá às escondidas (…) 
(Dt 28,54-57) 
Inspiração divina ou… comprazimento num macabro canibalismo?!

- Inspiração divina, impossível! Puro sadismo, ultra-irracionalismo! Sadismo 
e ultra-irracionalismo que imperaram na mente doentia deste autor que, só 
por isto, não merece, não pode ser considerado “sagrado”, levando, pelo 
contrário, à condenação de toda uma Bíblia. Ou… umas vezes pode 
condenar-se, por diabolicamente extravagante, outras, aceita-se por laivos 
de divino?!

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