sábado, 9 de novembro de 2013

Quem me chamou Jesus Cristo? O Menino Jesus existiu? (51/?)


PARA ALÉM DO FIM
Cinco momentos de reflexão
II
Fundamento das nossas dúvidas, as dúvidas que estão na base desta "Vida de Cristo" narrada pelo próprio.
3 – Defesa de uma tese:
“O Deus das religiões conhecidas não pode existir!”
Razões históricas, ontológicas, racionais, individuais e psicológicas (em síntese):
    1 – Históricas:
    O Homem (o hominídeo cuja consciência de si mesmo desconhecemos completamente) existe há cerca de 7 milhões de anos e o homo sapiens sapiens (de que o Homem actual é o descendente directo) há cerca de 40 mil; as religiões monoteístas existem apenas há cerca de 4 mil anos, (c. 3 mil para os judeus, c. 2 mil para os cristãos, c. 1380 para os muçulmanos) portanto, sem qualquer relevância, importância ou impacto – o mesmo é dizer veracidade! – no tempo. Então, ironicamente, poder-se-ia perguntar: “Acaso andou Deus distraído, esquecendo-se dos Homens que nasceram, viveram, morreram e se condenaram durante 6,996 milhões de anos, ou, digamos para o sapiens sapiens, 36 a 38 mil anos, para só agora vir salvá-los, oferecendo-lhes o Paraíso, se cumprissem os seus mandamentos?” Seria de uma injustiça abissal e, claro, impróprio de um Deus cujos atributos de perfeito, eterno, infinito, omnisciente, todo-poderoso não o permitiriam. Este é um facto que, a não ter resposta, arrasa qualquer argumentação teológica acerca da divindade de Jesus Cristo! Se Deus, na sua infinita inteligência, quisesse revelar-se aos Homens, com uma mensagem de salvação eterna, nunca o teria feito a um judeu, numa região tão conturbada do Globo, naqueles tempos, nestes tempos..., mas tê-lo-ia feito hoje, na era das comunicações rápidas a nível global, fazendo o seu representante – qualquer que ele fosse – tantos milagres quantos os necessários até convencer toda a humanidade da Verdade da Vida e da Salvação!... Então a conclusão é óbvia: nada do que as religiões nos disseram ou nos dizem acerca do seu Deus, mormente a religião cristã, é verdadeiro.
    2 – Ontológicas:
    O ser Deus é simultaneamente de grande e obscura complexidade ou de clara simplicidade. Ou existe como ser independente da matéria, fora do criado e do possível, fora do existente, i. é., fora do Universo visível e invisível – o que se torna incompreensível dada a sua própria natureza de infinito e eterno – ou é Ele próprio – muito mais lógico – todo o existente, todo o possível, toda a realidade em que nos inserimos, embora como seres ontologicamente diferenciados, mas todos fazendo parte dessa mesma realidade. Assim, nós seremos partículas do Deus sempre vivente, infinito e eterno porque se é infinito contém tudo e, se é eterno, nunca poderá deixar de ser e de conter tudo em qualquer momento do tempo. Conclui-se, deste modo, que o Deus das religiões é, ontologicamente, de existência impossível. Conclui-se também que Deus, a existir, será forçosamente um Deus no mais puro conceito de um panteísmo universal: tudo é Deus!
    3 – Racionais:
    Deduzem-se das duas anteriores: se, racionalmente falando, pela sua própria definição de infinito e eterno, não pode haver um Deus independente do tempo e do espaço, nem de tudo o que pertence ao tempo ou existe no espaço, também não pode esse Deus, a um dado momento de tempo – há apenas 2 a 4 mil anos! – ter-se “lembrado” que havia um ser inteligente a quem chamamos Homem e que “precisava” que Ele interviesse na sua História para o salvar e redimir dos seus desmandos e pecados. Isto é não só um absurdo mas um verdadeiro atentado à inteligência de qualquer ser humano! Não podemos, pois, aceitar nenhuma das teorias dos mentores religiosos ou aceitar como válida nenhuma religião existente.
4 – Existenciais:
    Consciente ou inconscientemente, todo o Homem anda à procura da Verdade. Todo o Homem gostaria de saber o que, para além de ter tido o privilégio da Vida – privilégio negado aos incontáveis que ficaram, ficam e ficarão para sempre na hipótese de ser! – o que faz aqui, donde realmente vem e para onde realmente vai: se se perde no Nada e regressa ao Nada de onde veio, se há vida que lhe seja possível para além da morte. Esta é uma procura que lhe dá direito a tudo questionar já que não há nenhuma religião ou filosofia que satisfaça a sua sede de compreensão da Realidade que faz parte da sua própria natureza de ser racional e inteligente. Mitos ou fantasias em que se baseiam todas as religiões, para quê e a quem servirão?
    5 – Psicológicas (the last but not the least!):
    Há duas verdades que explicam as valências do paranormal e do sobrenatural que inundaram as civilizações antigas e pontificam nas actuais. Primeira: o Homem não aceita de boa mente ser ser racional e acabar-se com a morte como qualquer ser vivo à face da Terra; daí o seu desejo de vida eterna a colmatar do modo menos irracional possível, não tendo tido até agora outra alternativa a não ser a da fé. Segunda: o Homem desconhecia e, apesar da avassaladora evolução da Ciência, ainda desconhece uma infinidade de coisas acerca de si próprio e acerca da realidade que o rodeia, desde o átomo à composição e limites do Universo, não sabendo se este é infinito e eterno, passando por todas as forças vivas da Natureza onde se insere, olhando o firmamento belo sim mas cheio de mistérios. Então, para explicar as dúvidas que sempre o atormentaram e continuam a atormentar, resolveu-se pela existência de, primeiro, deuses e, depois, mais recentemente, de um deus único pela impossibilidade ontológica da existência daqueles. Invenções ou efabulações, obviamente! E, obviamente, sem qualquer credibilidade!»
    Nota:
    Embora inter-relacionadas, importa não confrontar estas – elaboradas especificamente para contestar a existência do Deus apresentado pelas religiões monoteístas actuais – com as discutíveis provas da existência de um Deus universal e Criador que foram aparecendo ao longo da História teológico-filosófica, desde Platão a Descartes nos seus “Princípios de Filosofia”, passando por S. Tomás de Aquino na sua “Suma Teológica”, provas de cariz lógico-dedutivo, partindo do movimento ou da causalidade, ou da contingência dos seres, ou dos graus de perfeição, ou do governo do mundo e do Universo, para chegar à necessidade de um Ser Superior Infinito e Eterno..., parecendo, no entanto, esquecer-se a incontornável verdade de que, se é infinito e eterno, tem de ser Ele a Causa e o efeito, o Perfeito e o imperfeito, o Motor e o movimento...

5 comentários:

  1. Cleresia Profissional: bispo-padre-pastor-teólogo-exegeta-filósofo, achas?!
    09.11.2013
    http://tzadiccauvin.tumblr.com/post/66473456806/nao-e-bom-descer-abaixo-da-razao
    Um filósofo procura a verdade; um padre não precisa dela para nada…são duas atitudes tão diferentes perante a verdade que não creio que alguém possa ser padre e filósofo ao mesmo tempo…doutor e fadista, sim; agora padre e filósofo, não acredito…

    Ora, aí está um peculiar docente de nome Anselmo Borges (AB) filósofo - cartesiano-racional - e com nada de padre, igreja ou Fé! É que ser padre de uma Igreja que prega a Fé em D’us Pai/Mãe e no seu suposto Filho Jesus (Yeshua) Cristo (Massiach, Messias) bem como o Espírito Santo (o termo “espírito” vem de “ruah”, vento, brisa, do hebraico que é denominada pelos yehudim, o povo da nação de Yisrael, a língua sagrada “Leshon Hakodesh”, vocábulo feminino/palavra feminina; santo, do hebraico: “hakodesh”), nada tem de racional. E aqui temos a dicotomia Fé-Razão, o grande tema que ocupa o meu blog “Em nome da Ciência”(1), blog que convido AB e a todos a ler e a comentar (já vão mais de 180 textos…) e onde estou apresentando semanalmente, os fundamentos tanto quanto possível de cunho científico, porque factuais, sobre a não-credibilidade dos fundamentos em que se apoia o Cristianismo e similares, que, se fossem de origem divina, como pretendem, nunca o D’us que esteve na sua origem possibilitaria a existência de judeus messiânicos trinitários (GOD TV) ou não (CINA, Judaísmo da Unidade), teístas católicos nas diferentes vertentes: conservadores(CVII)/progressistas(CVII)/integristas(CVI), orientais/bizantinos ortodoxos e os protestantes (reformados) mais as suas inumeráveis seitas (Igrejas Livres e similares)… Etc., etc…

    (1) http://ohomemperdeuosseusmitos.blogspot.pt/

    http://www.wildolive.co.uk/prayer.htm
    Faço publicidade ao seu blogue... Sou cristão agnóstico (Calvinista da PKN, Protestantse Kerk da Holanda, que inclui pastores ateus/agnósticos/deístas/teístas). Abraço!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigado! Eu procura Verdade em tudo quanto escrevo. A Fé só me importa enquanto considero que ela ajuda muito mais as pessoas nas suas grandes frustrações ou acidentes traumtizantes: morte de um filho, acidente com causas trágicas, etc., do que a razão e a análise racional dos factos. Portanto, há dois campos distintos que talvez se completem conforme a sensibilidade individual de cada um: a Fé em algo sobrenatural (embora inexistente) e a Razão que analisa e critica. E, então, a escolha é de cada um. Eu escolho a razão!

      Eliminar
  2. Respostas
    1. Caro amigo leitor Magalhães, irei ver o seu blog. Espero que me surpreenda com a Verdade.
      Abr.

      Eliminar