À procura da VERDADE nos Evangelhos
Evangelho segundo S. JOÃO – 34/?
(Continuação da análise da narrativa do milagre da
ressurreição de Lázaro)
–“Jesus viu que Maria e os
judeus que vinham com ela estavam a chorar. Então, perturbou-Se e ficou
comovido. E perguntou: «Onde colocastes Lázaro?» Disseram-Lhe: «Senhor, vem e
vê.» Então, Jesus chorou. «Vede como Ele o amava!» - diziam uns. Outros, porém,
comentavam: «Ele que abriu os olhos do cego não poderia ter impedido que este
homem morresse?»” (Jo 11,33-37)
– Parece tudo tão natural…
tão humano! Mas… porque é que Jesus Se perturbou, ficou comovido e chorou, se
antes Se tinha alegrado porque o poder de Deus-Pai e a glória do Filho se iam
manifestar naquele que adoecera e morrera?… Uma doença e uma morte que tinham
por objectivo - na economia divina! - fazer manifestar tal poder e tal glória,
segundo o próprio Jesus…
E que sentimentos
experimentaria realmente Jesus: os de homem triste por ver ali o amigo morto -
e chora! - ou os de Filho de Deus que vai manifestar-Se em glória e Se alegra?!
Quase parece fingimento!… Mas
isto de se ser Deus e homem ao mesmo tempo não seria fácil para o judeu Jesus…
Mais: se aquele amor era
assim tão forte e notório, porque não é dele dado testemunho nos outros Evangelhos?
Não parece ter sido singular o amor àquela família por parte de Jesus que até
parece “desprezar” os seus irmãos e - que espanto! - a sua própria mãe? (Mt
12,46-50) Como nasceu, cresceu, se manifestou tal amor?
E quem não perguntaria, como
os judeus presentes, a razão pela qual Jesus deixara morrer Lázaro?
Nós já sabemos a resposta,
quer a aceitemos quer não!… E a história continua… Cheia de interesse…
– “Jesus disse: «Tirai a
pedra!» Mas Marta, irmã do defunto interveio: «Senhor, já cheira mal. Já está
aqui há quatro dias.» E Jesus: « Eu não te disse que, se acreditares, verás a
glória de Deus?» Então, tiraram a pedra. Jesus levantou os olhos para o alto e
disse: «Pai, Eu te dou graças porque me ouviste. Eu sei que sempre Me ouves.
Mas Eu falo por causa dos que me rodeiam, para que acreditem que Tu Me
enviaste.» Dizendo isto, gritou bem alto: «Lázaro, sai cá para fora!» O morto
saiu. Tinha os braços e as pernas amarrados com panos e o rosto coberto com um
sudário. Jesus disse aos presentes: «Desligai-o e deixai-o ir.»” (Jo 11,39-44)
– Ora bem, estamos perante um
morto e bem morto!… Já cheirava mal!… E aquilo foi mesmo um voltar para a
vida!… Um renovar de células totalmente destruídas pelo acto de morrer… Como
acontecem tais coisas? Haverá alguma outra possibilidade além de milagre ou
intervenção divina, que algum dia a ciência consiga explicar? É com esta remota
hipótese que se contentam os incrédulos, negando assim, sem mais, qualquer
possibilidade de intervenção superior, chamemos-lhe divina.
Mas mais uma vez, o milagre
nos deixa completamente perplexos perante a dificuldade de aceitar Jesus como
Filho de Deus ou… como Deus ou… como a face de Deus-Pai, chamando-Se Ele Deus-Filho…
O que é certo é que domina a
Natureza! Inverte o seu curso normal e brinca com tudo até com a inevitável
morte - violando as leis da Natureza ou sobrepondo-Se a elas - e promete a vida
eterna a quem acreditar nele!…
Levantou os olhos para o alto,
o mesmo é dizer, para o Céu… Não sabemos se de olhos abertos como quem
realmente visse alguém… ou de olhos fechados, concentrando-Se. Que pena não
termos podido ver!… É que - repetindo-nos - Jesus deveria bem saber que não
existe alto, nem céu, mas apenas espaço…
Aqui, certamente, fez o gesto
que qualquer pessoa do seu tempo teria entendido. Aliás, quem o entenderia se
dissesse que não há alto, nem céu, mas simplesmente espaço?…
É! Mas Ele já disse tantas
coisas que ninguém entendeu nem entende!… Essa seria mais uma para os judeus do
seu tempo o quererem matar… (Convenhamos: um querer incompreensível numa
economia divina inteligente de salvação do Homem para a eternidade!)
Realmente não se entende como é que Jesus, sendo Filho de Deus e Deus com Ele, portanto omnisciente, não soube fazer uma coisa simples: explicar com clareza a sua missão e a sua origem para que todos o entendessem e aceitassem a sua mensagem, em vez de tentarem arranjar meio para o levar à morte. Assim, o Jesus que nos é apresentado por todos os evangelistas, e aqui por João, é um Jesus que se descredibiliza a si mesmo, não diria como homem, mas como presumível Deus ou Filho de Deus. Acreditar nele sem provas claras da sua divindade, é, obviamente, irracional e quase anti-humano.
ResponderEliminar