Do tempo de Jesus aos nossos tempos
No tempo de Jesus, os conhecimentos sobre o Universo, e a Terra nele, seriam muito rudimentares, apesar dos avanços na observação celeste por diversas civilizações anteriores, como os Egípcios ou os Gregos, séc.s X ao IV A.c. A Terra era considerada plana, só passando a ter-se como redonda com o matemático grego Ptolomeu (séc. I d.C) que continuou a afirmar ser a Terra o centro do Universo, tudo girando à sua volta, teoria aceite e defendida pela Igreja, tanto a antiga como a medieval. E isto até ao Renascimento de Galileu (Galileu que ainda teve de lutar contra a Inquisição para não ir parar à fogueira, ao afirmar, na senda de Copérnico, que era à volta do Sol que tudo girava!).
No entanto, há inúmeras
referências nos evangelhos, atribuídas a Jesus, sobre os Céus, o Alto, o Lá em
cima, o Paraíso, etc., por oposição ao Cá em baixo – a Terra – e aos Ad infera (subterrâneos) – o Inferno,
terminologia ainda hoje usada e nunca explicada.
Em tais referências, Jesus
não manifesta possuir quaisquer conhecimentos sobre as realidades que a
Astronomia já nos desvendou acerca do Universo e do lugar que a Terra nele
ocupa.
De um ponto de vista
meramente religioso-crítico, é pelo menos estranha tal lacuna em Jesus, Jesus que
se teve (e os seus seguidores continuam a ter!) por Filho de Deus, logo,
omnisciente e conhecedor de tais realidades que bem poderia ter revelado e
explicado, não levando os seus ouvintes (e actuais crentes) a acreditar que
toda a saga divina – Paraíso, Deus no seu trono, anjos e santos… – se passasse/passa
lá em cima, para lá das nuvens…, para onde iriam/vão os mortos depois de
ressuscitados. Lindo mas… completamente irreal e fantasmagórico: o Lá em cima é
apenas Espaço e…nada mais!
Pelo muito que já conhecemos
deste Universo visível, e ao qual pertencemos, pouco ou nada sabendo da sua parte
invisível, porque negra, presumindo-se que represente 95% de toda a matéria
energizada que o compõe, poderemos concluir com algum grau de certeza:
1 – Este Universo, tido como originado
no Big Bang, dadas as suas colossais dimensões que albergamos mas não
conseguimos delimitar, mesmo com as unidades de medida de distâncias, em
anos-luz e parsecs, terá tido início numa espécie de bola de matéria energizada
compacta de milhares de milhões de biliões de kms de diâmetro. Só assim se
compreendem as colossais dimensões já percepcionadas.
2 – Essa bola estaria num
qualquer ponto do Espaço, Espaço que tudo leva a crer que seja infinito, i.é.,
sem princípio nem fim.
3 – O Big Bang só se entende
numa relação dinâmica de Big Bang / Big Crunch, processada de milhares de
milhões de biliões a milhares de milhões de biliões de anos. Neste momento,
percepcionamos que este Universo visível terá cerca de 15 mil milhões de anos
de existência. Estando a matéria energizada que o compõe em afastamento
contínuo, estrelas de estrelas, galáxias de galáxias, haverá inevitavelmente um
momento em que a expansão atinge o seu ponto de retorno, regredindo-se então até
ao Big Crunch, originando-se, quando atingido, um novo Big Bang, numa dinâmica
eternamente repetida, nada de energia e matéria se perdendo mas tudo se transformando…
4 – Todo o Universo conhecido
parece ser regido por uma força invisível, quase diríamos “divina”, mas real
porque bem sentida: a GRAVIDADE. É uma força de duplo sentido – atracção/repulsa
– que faz com que os astros se mantenham em equilíbrio, circulem à volta uns (os
mais pequenos) dos outros (os maiores), tudo parecendo movimentar-se em
perfeita harmonia. Lembremos que é a gravidade que nos faz trazer os pés bem
assentes na terra…
5 – Muitos outros Universos
haverá no Espaço Infinito. Quantos? – Se não sabemos se os há quanto mais saber
quantos. Só deduzimos que haver infinitos Universos é conceito que não cabe nas
nossas intelectuais percepções. Mesmo que se considere infinito o Espaço em que
se movem e se perpetuam.
6 – Haverá, sem qualquer
dúvida, neste e nos outros hipotéticos Universos, inúmeros planetas semelhantes
ao Planeta Terra, onde existirá VIDA e até seres inteligentes, talvez muito
mais inteligentes que nós, o Homem! Mas, dadas as distâncias entre estrelas e
galáxias, duvidamos fortemente que algum dia sejam contactáveis. Mesmo por
ondas rádio ou electromagnéticas. Muito menos acessíveis fisicamente: nós,
feitos de matéria pesada, nunca poderemos deslocar-nos à velocidade da Luz!
Assim, a Terra, como apareceu com o Sistema Solar, há cerca de 5 mil milhões de
anos, assim desaparecerá quando esse Sistema deixar de existir, presume-se que
daqui a outros 5 mil milhões. E com ela, toda a vida, incluindo a humana,
desaparecerá para sempre. E será como se nunca tivesse existido, integrando-se
o que restar da Terra num ciclo completamente novo. Aliás, a Terra representa um quase-nada para o Universo, limitando-se a ser um pontinho azul perdido na
ponta da espiral de uma dos milhares de milhões de galáxias que nele pululam, a Via Láctea.
Enfim, e como apontamento
filosófico-existencial, cada um de nós nada representa nem para a Terra nem
para o Universo. Não tivéssemos existido e tudo se passaria de igual modo. Ou
quase! Pior: tudo continuará a existir e a evoluir de igual modo, depois que
nos formos. E… vamo-nos inexoravelmente e… para sempre!
RESTA-NOS, NO ENTANTO, O
SORRISO, UM GRANDE SORRISO POR SERMOS CAPAZES DE PENSAR TUDO ISTO E
DELEITAR-NOS COM TÃO ESTRANHA BELEZA, COM TÃO INSONDÁVEIS MISTÉRIOS!
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