sábado, 19 de fevereiro de 2022

As religiões cristãs na sua relação com o Universo

 

Do tempo de Jesus aos nossos tempos

No tempo de Jesus, os conhecimentos sobre o Universo, e a Terra nele, seriam muito rudimentares, apesar dos avanços na observação celeste por diversas civilizações anteriores, como os Egípcios ou os Gregos, séc.s X ao IV A.c. A Terra era considerada plana, só passando a ter-se como redonda com o matemático grego Ptolomeu (séc. I d.C) que continuou a afirmar ser a Terra o centro do Universo, tudo girando à sua volta, teoria aceite e defendida pela Igreja, tanto a antiga como a medieval. E isto até ao Renascimento de Galileu (Galileu que ainda teve de lutar contra a Inquisição para não ir parar à fogueira, ao afirmar, na senda de Copérnico, que era à volta do Sol que tudo girava!).

No entanto, há inúmeras referências nos evangelhos, atribuídas a Jesus, sobre os Céus, o Alto, o Lá em cima, o Paraíso, etc., por oposição ao Cá em baixo – a Terra – e aos Ad infera (subterrâneos) – o Inferno, terminologia ainda hoje usada e nunca explicada.

Em tais referências, Jesus não manifesta possuir quaisquer conhecimentos sobre as realidades que a Astronomia já nos desvendou acerca do Universo e do lugar que a Terra nele ocupa.

De um ponto de vista meramente religioso-crítico, é pelo menos estranha tal lacuna em Jesus, Jesus que se teve (e os seus seguidores continuam a ter!) por Filho de Deus, logo, omnisciente e conhecedor de tais realidades que bem poderia ter revelado e explicado, não levando os seus ouvintes (e actuais crentes) a acreditar que toda a saga divina – Paraíso, Deus no seu trono, anjos e santos… – se passasse/passa lá em cima, para lá das nuvens…, para onde iriam/vão os mortos depois de ressuscitados. Lindo mas… completamente irreal e fantasmagórico: o Lá em cima é apenas Espaço e…nada mais!

 Deleitemo-nos, então, um pouco com as belezas/mistério da Astronomia, perguntando: Há um ou muitos Universos, os Pluriversos?

Pelo muito que já conhecemos deste Universo visível, e ao qual pertencemos, pouco ou nada sabendo da sua parte invisível, porque negra, presumindo-se que represente 95% de toda a matéria energizada que o compõe, poderemos concluir com algum grau de certeza:

1 – Este Universo, tido como originado no Big Bang, dadas as suas colossais dimensões que albergamos mas não conseguimos delimitar, mesmo com as unidades de medida de distâncias, em anos-luz e parsecs, terá tido início numa espécie de bola de matéria energizada compacta de milhares de milhões de biliões de kms de diâmetro. Só assim se compreendem as colossais dimensões já percepcionadas.

2 – Essa bola estaria num qualquer ponto do Espaço, Espaço que tudo leva a crer que seja infinito, i.é., sem princípio nem fim.

3 – O Big Bang só se entende numa relação dinâmica de Big Bang / Big Crunch, processada de milhares de milhões de biliões a milhares de milhões de biliões de anos. Neste momento, percepcionamos que este Universo visível terá cerca de 15 mil milhões de anos de existência. Estando a matéria energizada que o compõe em afastamento contínuo, estrelas de estrelas, galáxias de galáxias, haverá inevitavelmente um momento em que a expansão atinge o seu ponto de retorno, regredindo-se então até ao Big Crunch, originando-se, quando atingido, um novo Big Bang, numa dinâmica eternamente repetida, nada de energia e matéria se perdendo mas tudo se transformando…

4 – Todo o Universo conhecido parece ser regido por uma força invisível, quase diríamos “divina”, mas real porque bem sentida: a GRAVIDADE. É uma força de duplo sentido – atracção/repulsa – que faz com que os astros se mantenham em equilíbrio, circulem à volta uns (os mais pequenos) dos outros (os maiores), tudo parecendo movimentar-se em perfeita harmonia. Lembremos que é a gravidade que nos faz trazer os pés bem assentes na terra…

5 – Muitos outros Universos haverá no Espaço Infinito. Quantos? – Se não sabemos se os há quanto mais saber quantos. Só deduzimos que haver infinitos Universos é conceito que não cabe nas nossas intelectuais percepções. Mesmo que se considere infinito o Espaço em que se movem e se perpetuam.

6 – Haverá, sem qualquer dúvida, neste e nos outros hipotéticos Universos, inúmeros planetas semelhantes ao Planeta Terra, onde existirá VIDA e até seres inteligentes, talvez muito mais inteligentes que nós, o Homem! Mas, dadas as distâncias entre estrelas e galáxias, duvidamos fortemente que algum dia sejam contactáveis. Mesmo por ondas rádio ou electromagnéticas. Muito menos acessíveis fisicamente: nós, feitos de matéria pesada, nunca poderemos deslocar-nos à velocidade da Luz! Assim, a Terra, como apareceu com o Sistema Solar, há cerca de 5 mil milhões de anos, assim desaparecerá quando esse Sistema deixar de existir, presume-se que daqui a outros 5 mil milhões. E com ela, toda a vida, incluindo a humana, desaparecerá para sempre. E será como se nunca tivesse existido, integrando-se o que restar da Terra num ciclo completamente novo. Aliás, a Terra representa um quase-nada para o Universo, limitando-se a ser um pontinho azul perdido na ponta da espiral de uma dos milhares de milhões de galáxias que nele pululam, a Via Láctea.

Enfim, e como apontamento filosófico-existencial, cada um de nós nada representa nem para a Terra nem para o Universo. Não tivéssemos existido e tudo se passaria de igual modo. Ou quase! Pior: tudo continuará a existir e a evoluir de igual modo, depois que nos formos. E… vamo-nos inexoravelmente e… para sempre!

RESTA-NOS, NO ENTANTO, O SORRISO, UM GRANDE SORRISO POR SERMOS CAPAZES DE PENSAR TUDO ISTO E DELEITAR-NOS COM TÃO ESTRANHA BELEZA, COM TÃO INSONDÁVEIS MISTÉRIOS!

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