sábado, 27 de abril de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (AT) - 214/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 10/?

– Lindo, idílico, romântico, divino, mas… quão utópico é Jesus quando diz: “Olhai as aves do céu: não semeiam nem colhem e o Pai que está no céu alimenta-as. (…) Olhai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam e nem Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles. (…) Portanto, não fiqueis preocupados dizendo: «Que vamos comer? Que vamos beber? Que vamos vestir? (…)» O vosso Pai que está nos Céus, sabe que precisais de tudo isso. Procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça e tudo o mais vos será dado por acréscimo.” (Mt 6,26-33)
– É! Cristo apregoa um tal desprendimento das coisas terrenas que não sabemos onde havemos de meter as nossas preocupações e responsabilidades, o nosso dinheiro, o nosso carro, a nossa casa, os nossos gostinhos da vida, os prazeres da boa comida, da boa bebida, do fazer amor…
Realmente, que faremos da ambição humana que leva à descoberta, à aventura, ao conhecimento? Que seria o mundo, hoje, se os Homens tivessem seguido à letra aquele conselho de Cristo?
E, se lindas são as aves - que bem necessitam de esgravatar, sempre se acautelando de predadores, para obterem sustento… - e se lindos são os lírios - que bem precisam de lançar raízes para obterem nutrientes que alimentam sua beleza… - nós temos mesmo de suar para ganhar honestamente o pão-nosso-de-cada-dia… Se Jesus quis falar simbolicamente, apenas nos deixou palavras, lindas embora, mas… palavras!
E o que é “procurar o Reino de Deus”? E como, por acréscimo, vêm as coisas parar às nossas mãos, se nada fizermos para as obter? Seja o pão, seja o vinho, seja… o que for?
O “Reino de Deus” aponta para a vida eterna ganha com a prática da justiça e da fraternidade. Mas… continuamos sem qualquer certeza de que tal eternidade exista…
– No espírito de fraternidade, não entendemos que pérolas iríamos deitar aos porcos. (Mt 7,6) Mas entendemos perfeitamente a pergunta: “Porque olhas para o argueiro no olho do teu irmão e não prestas atenção à trave que está no teu próprio olho?”(Mt 7,3-6)
Voltamos, porém, a não entender: “Pedi e ser-vos-á dado! Procurai e encontrareis! Batei e abrir-vos-ão a porta! Pois todo aquele que pede, recebe; quem procura, acha; e a quem bate, a porta será aberta. (…) O vosso Pai que está no Céu dará coisas boas aos que Lhas pedirem.” (Mt 7,7-11)
– As palavras continuam bonitas! A realidade é bem diferente… Assim, parecem intransponíveis as barreiras entre Céu e Terra, entre Deus e o Homem, entre o Pai do Céu e o da Terra!…
E quem é que pode dizer que Deus-Pai lhe deu coisas boas só pelo facto de Lhas ter pedido? Se é simbolismo, é simbolismo que não nos interessa…
– Agora, uma regra de ouro: “Tudo o que desejais que os outros vos façam, fazei-o também a eles. Nisto reside a Lei e o ensino dos profetas.” (Mt 7,12)
Melhor do que pela negativa: “Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti.”
Claro que estamos a ver aqui o grande Mandamento Novo “Ama o teu próximo como a ti mesmo.”, regra de ouro que não se configura no Antigo Testamento. Enfim, limitações de Javé e complemento de Jesus às Escrituras…
Os exegetas dirão “limitações devidas à época em que os textos bíblicos foram escritos”. A nós custa-nos aceitar que Deus Se tenha “subjugado” a tais limitações… É que não aceitamos, nem compreendemos um Deus “limitado” àquele tempo ou a qualquer tempo!…
– A Lei! Não será a Lei da fraternidade universal a Lei da vontade de Deus - “a vontade de meu Pai que está nos Céus” (Mt 7,21)? E não serão os que cumprem tal vontade que entrarão no seu Reino? Pena que não tenhamos provas de que tal Reino e que tal Céu existam…

2 comentários:

  1. O meu comentário é acerca do seu post anterior sobre o que o sr. chama o mito da ressurreição de Jesus. É claro que estamos em polos opostos: crente face a não crente. Assim, o meu texto não é mais do que a fundamentação pessoal para adesão à fé em Jesus que se proclamou Deus feito homem.
    Jesus disse e fez coisas admiráveis que nunca tinham sido ouvidas dizer ou fazer por outros antes dEle. Tudo quanto Ele fez e disse, tudo teria passado (e dEle não se falaria mais), se não tivesse selado a Sua passagem pela Terra com a Sua morte e ressurreição. A Sua ressurreiçao é o selo de garantia de tudo quanto Ele disse e fez. Então, vamos saber se o relato da ressurreição é ou não credível (e se o for tenho que render-me ao que Jesus disse e fez):
    - Que dizer ao testemunho das mulheres que viram o túmulo vazio? Será que foram os amigos de Jesus que roubaram o Seu corpo? E para quê?
    - Eram os apóstolos pregadores duma mentira(proclamando Cristo ressuscitado), deixando-se sacrificar até à morte?
    Basta responder até à exaustão a estas e outras perguntas que a ressurreição nos suscita, para concluir que ela não foi um mito, mas um facto real que fez o cristianismo nascente ganhar raizes e expandir-se. É absurdo que se tenha expandido com base numa mentira e não há nada que justifique essa expansão senão a certeza de que Jesus ressuscitou (visto pelos próprios olhos e palpado pelas próprias mãos). Tenho para mim que a ressurreição de Cristo deve ser o facto mais estudado da História que os crentes têm como fundamento da sua fé e os descrentes não conseguem explicar - chamam-lhe mito.
    Diz o sr. nos seus escritos que gostava de ter a certeza da vida eterna como Jesus falou ao longo dos Seus ensinamentos durante a Sua vida terrena (o sr conhece-os bem). Pois eu dir-lhe-ia que é só responder com verdade às perguntas que a ressurreição nos faz despertar. Também sei que a fé é algo mais que simples conhecimento...e que há muitas perguntas a que nunca saberemos responder.
    Depois de todos estes considerandos, apetece-me dizer-lhe: O Senhor esteja consigo!

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  2. "E consigo também", caro Cisfranco! Como sabe, eu respeito os crentes. Não os entendo porque acreditam em factos não indesmentivelmente comprovados. Mas aí reside a Fé. E, para mim, Fé e Verdade histórica comprovada não sintonizam. Desejo-lhe que seja feliz com a sua Fé. E, se o Céu existe, talvez por lá nos encontremos, dentro de alguns anos, com corpos gloriosos ressuscitados. E daremos um abraço... Mas, para já, um abraço com corpo real e não glorioso!

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