terça-feira, 23 de abril de 2019

A Páscoa e o mito da ressurreição



Sabemos que:

1 – A Páscoa (“passagem”) era a festa que os judeus celebravam, na Primavera, para comemorar a passagem do Mar Vermelho do povo israelita, aquando libertado por Moisés da escravidão do Egipto.
2 – Antes de morrer, Jesus também quis celebrar com os seus amigos a Páscoa, convidando-os para uma ceia, a última, onde ele se iria despedir, pedindo que repetissem tal acto em sua memória. Era uma quinta-feira.
3 – Seguiu-se a condenação à morte e a morte na cruz de Jesus e, depois, a deposição no sepulcro. Era sexta-feira.
4 – No domingo, algumas das mulheres que tinham assistido à morte na cruz, vieram ao sepulcro e não encontraram o corpo de Jesus. Tiveram visões de anjos que lhes disseram: “Ressuscitou! Não está aqui!” E espalharam a notícia junto dos apóstolos e de outros discípulos de Jesus.
ESTAVAM LANÇADAS AS BASES DO MITO DA RESSURREIÇÃO!
5 – Depois, nos dias seguintes, foi visto, tocado, comeu, bebeu, falou… com muitos dos que o tinham conhecido: Maria Madalena (Jo 20, 10), os dois discípulos de Emaús (Lc 24-13-31), os onze discípulos, sem Tomé e, depois, com Tomé que meteu a mão na chaga do lado (Jo 20,19-24; 25-29), 500 pessoas na Galileia (1Cor 15.7), Tiago (1Cor 15.7), Paulo (1Cor 15.8) e Estêvão (Act 7.55)
6 – No AT, a esperança na ressurreição aparece, ao de leve, em II Macabeus (7,9; 14,46) e são contabilizadas 3 ressurreições: o filho da viúva (1Rs 17,17-24), a mulher sunamita (2Rs 4,32-37), o homem que caiu no sepulcro de Eliseu (2Rs 13,20-21)
7 – No NT, as referências à ressurreição e à vida depois da morte são variadas e temos sete casos de ressuscitados: O filho da viúva (Lc 7,11-15), a filha de Jairo (Lc 8.41-42;49-55), Lázaro (Jo 11,1-44), muitos santos que haviam morrido, logo após a morte de Jesus (Mt 27,52), Jesus (Mt 28,1-8), Tabita (Act 9,36-43) e Êutico (Act 20,9-10)
8 – Os judeus e os cristãos, querendo opor a sua cultura à influente cultura helénica, gabavam-se de a terem ultrapassado exactamente neste ponto: a da “certeza” na outra vida, a vida eterna, após a ressurreição.

Análise crítica dos dados:

1 – Sabemos que os evangelhos não são documentos históricos, foram escritos, entre os anos 70 e 90 – logo, cerca de 40 a 60 anos após os “factos” narrados – e foram escritos com o intuito de firmar na fé os muitos adeptos do que se começou a chamar religião cristã, pois baseada na figura de Jesus a quem chamaram de Cristo.
2 – Tais “nobres” objectivos justificavam os meios convenientes e seriam muito mais fáceis de alcançar se se divinizasse ao máximo a figura de Jesus. Daí, os muitos milagres que lhe são atribuídos, milagres cuja narrativa, como veremos, não apresenta qualquer sinal de verdade credível.
3 – Constatamos que a narrativa da ressurreição de Jesus e a do túmulo vazio é muito frágil do ponto de vista histórico. E nem é por ser Maria Madalena, a apaixonada de Jesus, a protagonista. O que tira toda a validade histórica à afirmação é terem sido anjos (obviamente, personagens míticas) a anunciarem a Maria Madalena o acontecimento. Aliás, a probabilidade de alguns amigos de Jesus terem levado o corpo para lugar desconhecido, a fim de o protegerem de prováveis vandalismos, dados os acontecimentos que o levaram à morte, é muito plausível. E isto com ou sem guarda ao túmulo imposta pelas autoridades religiosas que o condenaram.
4 – Tudo o que se segue de narrativas de aparições posteriores explicam-se perfeitamente pela capacidade imaginativa dos evangelistas e, antes deles, de Paulo, para darem continuidade e credibilidade à história inicial, rivalizando nas suas invenções, para atingirem os objectivos referidos em 1.
5 – É incompreensível que JC não tenha aparecido aos seus inimigos e aos que o condenaram à morte e gritaram “Crucifixa-o, crucifixa-o!”, dizendo: “Eis-me aqui! Ressuscitei! Venci a morte à qual vós me condenastes. Eu vim de Deus trazer a Boa Nova: a fraternidade universal na Terra e a Vida eterna no Céu para os bons e no Inferno para os maus. Creiam em mim e terão a Vida Eterna no Céu!” É que, assim, teria atingido os seus objectivos – ou os objectivos de Deus, seu Pai – ou sejam os de salvar e redimir todos os Homens. Aparecer só aos seus amigos, leva-nos francamente a desconfiar de que tal tenha acontecido…
6 – Ressuscitar coloca uma série de problemas que não têm resposta: a) Com que corpo ou que corpo de que idade? b) Com que realidade? c) Com que presença? d) Afinal, é-se espírito ou outra coisa qualquer? Um corpo incorpóreo?!
7 – No caso de Jesus – e segundo a narrativa nada credível do evangelista – passava portas e janelas fechadas, comia, bebia, falava, tinha o corpo com que tinha morrido, ali com a chaga ainda aberta… Ora, se passava portas e janelas fechadas, não tinha corpo material, mas etéreo, então, com que língua falava? com que boca comia e bebia e para que aparelho digestivo ia o alimento e a bebida?
8 – Concluímos, assim, facilmente que a RESSURREIÇÃO de Jesus e todas as supostas aparições posteriores narradas pelos evangelistas simplesmente não aconteceram.
9 – Paulo fundamentou toda a sua pregação na crença da ressurreição de Jesus, chegando a afirmar: “Se ele não ressuscitou é vã a nossa fé.” (1Cor 15) Mas, não passou disso mesmo: uma crença! E Paulo – nitidamente um dos responsáveis pela criação do cristianismo e o primeiro a teorizá-lo – não merece qualquer credibilidade em tudo o que teoriza acerca de Cristo, da sua divindade, da sua ressurreição porque tudo afirma e nada prova. Só Fé! Ora, obviamente, se é da Fé, acredita quem quiser!

A verdade do Homem:

O Homem pertence à linha do Tempo, tendo começado num dado momento e acabando-se noutro, um pouco (80,90,100 anos) mais à frente. Veio do Nada e volta para o Nada. Ou veio da Terra e volta à Terra, integrando-se corpo e alma, no ciclo milagroso e misterioso da VIDA. Átomos e moléculas que o constituem. Como qualquer ser vivo ou que tenha começado no Tempo, do verme às estrelas, às galáxias, ao próprio Universo, tudo se transformando, nada se perdendo, no eterno retorno do mesmo ao mesmo através do diverso. E nós, a fazermos parte desta engrenagem e talvez os únicos a termos consciência dela. Lindo, não é?
Mas, nesse ciclo, nesta engrenagem, não há lugar para a RESSURREIÇÃO! Esta será sempre um puro MITO, como MITO é a vida terna…
Então, sigamos o Eclesiástico: “Riamos, divertamo-nos, gozemos todos os prazeres da vida enquanto há vida, porque no reino dos mortos não há alegria e dele não haverá retorno.”
Bem-aventurado aquele que sabe ser feliz!...

2 comentários:

  1. Gostaria de receber comentários. Haja quem se decida a dar a sua opinião que, obviamente, será respeitada. BOAS FESTAS! ALELUIA!

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  2. Não acredito na ressurreição, creio que a forma mais justa de Deus ser justo, é através da reencarnação, onde o espírito volta se ainda não evoluiu como Cristo.
    Acredito que o que aconteceu com Jesus foi algo em relação a ele ter evoluído ao ponto de se transformar no que quisera.
    Estamos aqui para isso, para voltar a nossa real identidade, que é a de sermos deuses assim como Cristo é.

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