terça-feira, 31 de maio de 2016

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - (99/?)

À procura da VERDADE 
nos LIVROS SAPIENCIAIS e POÉTICOS  

CÂNTICO DOS CÂNTICOS – 1/4

O “nosso” comentador introduz-nos: “ (…) O livro é uma colectânea de 
cantos populares de amor (...) A forma final do livro (…) remonta ao 
séc. V ou IV a.C. Como interpretar o Cântico? (…) Amor humano ou 
divino? Podemos dizer que o Cântico celebra ambos inseparavelmente, 
pois a criatura humana é imagem e semelhança do Criador (…) O Cântico 
e o que ele descreve - o amor humano - podem e devem ser lidos como 
uma parábola incomparável que revela a paixão e ternura de Deus pela 
humanidade.” (ibidem)
Difícil de aceitar tal interpretação, sobretudo o dizer que Deus revela 
paixão e ternura, sentimentos próprios de Homem e não de Deus! Mas… 
que humano não ficará perplexo ao ler este admirável poema, impregnado 
de uma tão forte e crua sensualidade, podendo-se quase visualizar os dois 
amantes, beijando-se, desnudando-se, possuindo-se na embriaguez do 
amor, contemplando-se, desejando-se irresistivelmente?… Como pensar 
tal livro como divino, não o sabemos. Inspirado? - Claro! Por Deus? 
- Se toda a inspiração boa e bela vem de Deus… E não é bom e belo o a
mor? Amor no corpo, na alma, no coração, no sonho, na realidade? 
Depois – que “milagre”! – a mulher deixou de ser a tentadora do 
Homem para se igualar a ele, ambos desejando-se, ambos cometendo 
o mesmo “divino pecado” do amor, ambos comendo a mesma maçã 
do paraíso, bebendo o mesmo vinho celestial da Terra! Simplesmente 
fantástico!



- “Beija-me com os beijos da tua boca!
   Os teus amores são melhores do que o vinho,
   o odor dos teus perfumes é suave,
   o teu nome é como óleo perfumado a escorrer,
   e as donzelas enamoram-se de ti…
   Arrasta-me contigo, corramos!
   Leva-me, ó rei, aos teus aposentos
   e exultemos! Alegremo-nos em ti!
   Mais que ao vinho, celebremos os teus amores!
   Sou morena mas formosa (…)
   Não repareis na minha tez morena (…)
   Os filhos de minha mãe (…)
   obrigaram-me a guardar as vinhas
   e a minha vinha, a minha…
   não a pude guardar.
   Avisa-me, amado da minha alma,
   onde apascentas e fazes descansar
   o rebanho ao meio-dia
   para que eu não ande vagueando perdida (…) (Ct 1,2-7)”
Que “amado” não responderá a tal chamamento? E que vinha é a sua que 
não pôde guardar?
- “Minha amada, (…)
   Que beleza as tuas faces entre os brincos
   o teu pescoço com colares!”
- “Um saquinho de mirra
   é para mim o meu amado
   repousando entre os meus seios.
   O meu amado é para mim
   um cacho de cipro florido (…)”
- “Como és bela, minha amada
   como és bela!…
   Os teus olhos são pombas”
- “Como és belo, meu amado
   e que doçura!
   O nosso leito é todo relva (…)”
- “Como açucena entre espinhos
   é a minha amada entre as donzelas.” (Ct 2,2)

Encantados, só perguntamos: Porquê, para ele, seriam “espinhos” as 
outras donzelas?

1 comentário:

  1. Não posso deixar de frisar o total nonsense da expressão "a paixão e ternura de Deus" destes exegetas e teólogos. É nitidamente claro que o seu Deus - este Deus do AT que é o mesmo do NT, ou seja, dos cristãos ou católicos - foi criado à imagem e semelhança dos Homens; portanto, um Deus sem qualquer credibilidade e que tenha inspirado seja o que for e que tenha interferido na História dos mesmos Homens. Tudo inventado, tudo falso! Que perversidade a dos gurus religiosos ao continuarem a impor aos crentes um tal falso Deus! Mas, repetimos, só é crente quem quer, melhor, quem é ignorante ou acrítico. Uma ignorância incompreensível face ao que já conhecemos da Vida e do Universo e do lugar que o Homem ocupa nessa realidade: um minúsculo ser vivo entre mais de 7 mil milhões da sua espécie, espécie que é uma entre muitos milhões de outras só existentes na Terra (pois muitos milhões de outras deve haver em planetas habitáveis iguais ao nosso, por esse imenso - infinito?! - Universo), numa Terra, pequeno planeta de uma pequena estrela entre mais de cem mil milhões de outras na Galáxia Via Láctea, galáxia que é uma entre milhões de outras que povoam o Universo visível, Universo esse que representa apenas 4% do Universo que a Ciência já alcança, ignorando-se a sua finitude ou infinitude. Portanto, o Homem é apenas uma partícula de matéria activada num dado momento do Tempo e logo desaparecendo - para sempre, sem qualquer laivos de eternidade como indivíduo! - num dado momento posterior. Isso é o Sr. Homem, ou seja: um nada ou um quase nada...
    Deus nunca poderia ser o das religiões, pois muito acima de qualquer humanização que quiseram fazer dele. Deus será o TODO ABSOLUTO, INFINITO E ETERNO, tudo contendo porque INFINITO, em todo o Tempo porque ETERNO!

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