terça-feira, 24 de novembro de 2015

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 78/?

À procura da VERDADE 
nos LIVROS SAPIENCIAIS e POÉTICOS  

O livro de JOB 2/6

- “Job era o mais rico homem do Oriente. Era um homem íntegro e recto 
que temia a Deus e evitava o mal.” (Job 1,1-3) Mas Deus deixa-se “tentar” 
por Satã e concede-lhe: “Faz o que quiseres ao que ele possui (…).” 
(Job 1,12) e ainda: “Faz dele o que quiseres (…)” (Job 2,6) Então, Satã 
exterminou-lhe a riqueza (Job 1,13-19) e “feriu Job com feridas graves 
desde a planta do pé até à cabeça.” (Job 2,7)
- Este início do livro, coloca de imediato a questão do sofrimento. Como 
“justifica” Deus o sofrimento do Homem? E, sobretudo, como justificar 
o sofrimento do justo? Eis as perguntas sobre as quais Job vai questionar 
Deus, com uma coragem difícil de acreditar em livros sagrados! 
Aquela de Deus se deixar “tentar” pelo diabo, mesmo simbolicamente, 
em nada dignifica o mesmo Deus, nem o autor que tal referiu.
- “(…) E amaldiçoou o dia do seu nascimento (…) Porque não morri 
ao sair do ventre da minha mãe (…)? Para quê dar luz a um infeliz e 
vida a quem vai viver na amargura?” (Job 3,1-26)
- Tenta um amigo consolar Job, encontrar uma explicação: “Quando é 
que um inocente pereceu (…)? (…) Os que cultivam injustiça e semeiam
 miséria, são esses que as colhem.” (Job 4,7-8) “Pode o Homem ter razão 
diante de Deus?” (Job 4,17) “Em teu lugar, eu recorreria a Deus (…) É 
Deus quem fere e cura a ferida (…)” (Job 5,8 e 18)
- Realmente, que é o Homem - ser tão pequeno e tão efémero - perante 
um Deus eterno e omnipotente? E que direito tem o Homem de reclamar 
de Deus?
- “ Mas Job responde, confuso: “Se se pudesse pesar a minha aflição, (…)
 a minha desgraça, seriam mais pesadas que a areia do mar! (…) Os 
terrores de Deus enfileiram-se contra mim. (…) Que Ele se digne 
esmagar-me e (…) acabar comigo. (…) Que forças me restam para aguentar?” 
(Job 6,1-11) “Acaso existe falsidade nos meus lábios?” (Job 6,30) “A noite 
é muito longa e canso-me de me voltar na cama até à aurora. (…) Antes a 
morte que estas dores! Deixa-me, pois os meus dias são apenas um sopro. (…) 
Caso eu tenha pecado, o que foi que eu Te fiz?” (Job 7,4-20)
- Outro amigo tenta animá-lo: “(…) Se suplicares ao Todo-poderoso e 
te conservares puro e recto, Ele cuidará de ti. (…) Deus não rejeita o 
homem íntegro nem faz aliança com malfeitores.” (Job 8,5 e 20)
- Job reconhece, mas ousa afirmar que Deus é tão arbitrário quanto 
poderoso e justo: “Como pode um Homem ter razão diante de Deus? 
Quem poderá dizer-lhe: Que fazes? Mesmo que O chamasse e Ele me 
respondesse, não creio que me desse atenção. Pelo contrário: 
esmagar-me-ia (…) e sem motivo, multiplicaria as minhas feridas. (…) 
Mesmo que eu fosse inocente, a Sua boca condenar-me-ia. (…) Ele 
extermina tanto o inocente como o justo.” (Job 9,2-22) E tão 
desesperado está Job e tão injustiçado se sente que apela para um 
árbitro entre ele e Deus!… “Se houvesse entre nós um árbitro, (…) 
eu poderia falar sem medo (…)” (Job 9,33-35). É que
 Job traz do passado a carga do temor de Deus. Que libertação 
conseguirá?
- E continua falando-suplicando-argumentando-barafustando com Deus: 
“Não me condenes! Diz-me o que tens contra mim! Será que Te divertes 
em me oprimir? (…) Agora voltas-Te contra mim para me aniquilar? 
Concedeste-me vida e favor (…) Porque me tiraste do ventre materno? 
(Job 10,2-18)

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