segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 32/?




À procura da VERDADE no livro do Levítico - 4

- Em Lv 20, repete-se Lv 18, mas com condenação à morte de todo 
o prevaricador sexual, em casos como: “O homem que cometer adultério 
com a mulher do seu próximo…, o homem que se deitar com a concubina 
de seu pai…, o homem que se deitar com a sua nora…, o homem que se 
deita com outro homem como se fora mulher…, o homem que toma por 
esposa ao mesmo tempo uma mulher e a mãe dela…, o homem que tem 
relações sexuais com um animal…” (Lv 20,10-15). “O homem que 
tem relações sexuais com um animal torna-se réu de morte e o animal 
também deve ser morto. Se uma mulher se oferecer para ter relações 
sexuais com um animal, tanto ela como o animal devem ser mortos… 
(Lv 20,15-16)
- Que comentário fazer a esta obsessão sexual? E a este pagar com a 
morte um… desmando do sexo? E - cúmulo do ridículo que nos leva 
ao riso! - que culpa teve o animal que assim foi “seduzido”?! Foi vítima 
e ainda pagou com a morte por ter participado em acto que não “quis”?
- “O sumo sacerdote (…) não se casará com viúva ou com mulher 
repudiada, desonrada ou prostituta, mas casar-se-á com uma virgem do 
seu povo… porque Eu sou Javé que o santifico.” (Lv 21,10-15)
- Selecção de castas é preciso, não é, meu Deus?! Ah, que religião esta tua!!!
- Parece que sim! Ouve: “Nenhum dos teus descendentes, (…) se tiver 
algum defeito corporal, poderá oferecer o alimento do seu Deus (…) seja 
cego, coxo, atrofiado, deformado, que tenha perna ou braço fracturado, 
que seja corcunda, anão, que tenha defeito nos olhos ou cataratas, que tenha 
chagas ou que seja eunuco.” (Lv 21,17-20)
- Como é possível o Deus que se apregoa o Deus da vida rejeitar estes seres 
vivos? Então, para servir a Deus também há que ter bom corpo e corpo 
bem formado e… completo?! (Perguntas pertinentes, embora se deduza que 
este servidor seja o sacerdote. De qualquer modo…)
- Muito menos poderão ser eunucos, pois é necessário dar descendência à 
classe sacerdotal! E, sem o órgão genital…
- Em abono da verdade, que dizer de um coxo ou de um anão ou de um 
maneta - perdoem-me todos esses que a Natureza não bafejou com a sorte 
de um belo corpinho - frente a um altar, a conduzir uma cerimónia 
religiosa? Mas, deixemos estas e outras reflexões sobre o assunto a quem 
nisto quiser ocupar o seu tempo…

Fim do Livro do Levítico. Fim – ou talvez não! – da imagem de um Javé 
ávido de sangue e do odor dos holocaustos de animais! Um Javé descendo a 
pormenores de actuação humana que não nos permitem concluir senão que 
o legislador, o autor normativo, daqueles tempos depois do cativeiro na 
Babilónia – séc. V a.C. – para dar força de cumprimento às suas leis, muitas 
vezes mais parecendo conselhos do que normas, por um “povo de cabeça 
dura”, que de outra forma certamente não as acataria…, pô-las então na 
boca de Javé, intercaladas por holocaustos para expiar pecados do não 
cumprimento!
- E, a terminar, não se esqueceu o autor – certamente da classe sacerdotal – 
de apelar: “Todos os dízimos do campo, quer sejam produto da terra, quer 
sejam fruto das árvores, pertencem a Javé: é coisa consagrada a Javé.” 
(Lv 27,30)
- É! Quem realmente se banquetearia com este dízimo dos campos e 
das árvores? Não seria o autor um daqueles barrigudos sacerdotes que 
“servia” no Templo?

- E mais uma vez, se nos escapou, neste emaranhado-confusão da “coisa” 
sagrada com a “coisa” humana, a Verdade da Bíblia, livro sagrado de 
Javé-Deus! Pois, como é possível aceitar como sagradas, divinas, eternas, 
tantas pequenas normas para o comezinho dia-a-dia do viver de um povo? 
Ou, dito de outra forma, que Verdade nos trazem essas normas acerca do 
nosso fim último, da nossa vida eterna, no Além? – Nenhuma. Claro! Aliás, 
“pedir” a vida eterna é um total nonsense, já que nascemos no Tempo e 
somos fruto do mesmo Tempo, sem qualquer hipótese credível de 
outra realidade...

1 comentário:

  1. Nas próximas quatro semanas, apresentarei quatro textos subordinados ao tema da existência, com o título «Existir: drama ou a glória de ter vindo à vida?» Do facto darei conhecimento a todos os meus amigos que se correspondem comigo. (fr.dom@netcabo.pt). E... haja alegria, que hoje é o primeiro dia do resto da nossa vida!

    ResponderEliminar