quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) (7/?)

 
À procura da VERDADE no livro do Génesis - 1
 
- “ No princípio, Deus criou o Céu e a Terra. (…) Deus disse:
Que exista a luz! (…) (1º dia) Que exista um firmamento…! (…)
(2º dia) Que as águas que estão debaixo do céu se juntem num só
lugar…! (…) Que a Terra produza relva, ervas…, árvores…, frutos…
cada uma segundo a sua espécie. (…) (3º dia) Que existam luzeiros
no firmamento…! (4º dia) Que as águas fiquem cheias de seres vivos
e os pássaros voem sobre a Terra…! (…) (5º dia) Que a Terra produza
seres vivos conforme a espécie de cada um… (…) Façamos o homem
à nossa imagem e semelhança! (…) (6º dia) Assim, foram
concluídos o Céu e a Terra com todo o seu exército. No sétimo dia, (…)
 Ele descansou. (…)” (Gn 1,1-26; 2,1-2)
- “No princípio…” Que princípio? Há 5 mil milhões de anos?
Correspondendo grosso modo cada dia da criação bíblica, a mil
milhões de anos? Desde a separação do elemento-terra do elemento-água -
“Que as águas que estão debaixo do céu se juntem num só lugar e
apareça o chão seco.” (Gn 1,9) - até ao aparecimento das ervas e árvores
na terra, peixes e animais no mar, aves no céu, animais no verde de
prados e florestas, e… finalmente, quase no fim do último milhar
de milhão de anos, o HOMEM para, senhor de tudo, tudo deitar a perder
com a sua desobediência a Deus?
- A narrativa é poeticamente bela. “… poema que contempla o Universo
como criatura de Deus. Escrita por elementos da Escola Sacerdotal
durante o exílio na Babilónia (586-538 a.C.), parte do caos onde não
há vida… (…) O esquema da semana simboliza a totalidade e
perfeição da iniciativa divina.” (Notas a Gn 1,1-2,4a, ibidem)
- Mas… logo desde este poético início, começa a Bíblia a humanizar
Deus: “Ele descansou.”! Depois… porque temos uma Bíblia de
símbolos? Vivemos nós de imagens, figuras, símbolos? Poderemos,
sem mais, aceitar uma eternidade que se baseia em imagens, figuras,
símbolos? E quem não entende? Porquê são necessários - repetimos -
sábios intérpretes para desvendar os segredos dos símbolos das
Escrituras - o LIVRO DA VERDADE? E os que não têm acesso a esse
saber? E eu que também não entendo ou não consigo aceitar tanta
simbologia de um Deus que, sendo eterno, a um dado momento do
tempo tem a iniciativa de criar o próprio tempo e o próprio espaço
onde tudo se move e existe mas… teve de descansar? Se isto é figurado,
porquê interessa que às vezes o seja e outras que seja realidade?
Como parece bem mais fácil acreditar num Deus, assim sem mais,
do que nesse Deus que parece tão inventado pelo Homem!!! E -
questão das questões no Génesis - que princípio foi aquele? No tempo
ou… na eternidade?!!! Como ler a Bíblia à luz da ciência que nos
diz ter o Universo do Big Bang uns 15 mil milhões de anos, o sistema
solar e a Terra, uns 5 mil milhões, o aparecimento da vida na Terra
uns 3,5 mil milhões, os dinossauros uns 200 milhões, a Lucy uns
4 milhões, o Homo sapiens sapiens uns 30 mil apenas?
- E quanto tempo teria estado o Homem no paraíso antes daquele
acto tresloucado de comer da maçã proibida? Pelo menos, o tempo
de dar nome a todos os animais então existentes! “O Homem deu
então nome a todos os animais…” (Gn 2,20)
- Aqui, diz-se em comentário: “Esta segunda narrativa da Criação,
elaborada nos tempos do rei Salomão (séc. X a.C.) (…) tem por base
a experiência do oásis na vastidão do deserto.”
(Notas a Gn 2,4b-25, ibidem)
- Então, há uma segunda narrativa! E escrita 400 anos antes da primeira.
A merecerem-nos credibilidade tais datas, que credibilidade “divina”
há nestes relatos poéticos repetidos ou complementares? Quão grande
é a tentação de os considerar apenas saídos da cabeça dos que
estavam sofrendo, prisioneiros em qualquer lugar ou errando pela
imensidão do deserto, encontrando algures um oásis que lhes sabia
a Paraíso!!! Depois, como se compreende - ou aceita - a “dança” do
tempo nestas escritas… de inspiração divina?

Sem comentários:

Enviar um comentário