sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Quem me chamou Jesus Cristo? O Menino Jesus existiu? (48/?)
 
PARA ALÉM DO FIM
Cinco momentos de reflexão
I
Fundamento das nossas dúvidas, as dúvidas que estão na base desta “Vida de Cristo” narrada pelo próprio
(Cont.)
 
    4. Os sacerdotes cristãos Justino (103 - ?), Tertuliano (c.155 - c.220), Orígenes (c.185 - c.254) e Cipriano (? - 258) acusam Flávio Josefo de partidário e faccioso por nada dizer de Jesus Cristo. Este será mais um argumento para ter como falsas interpolações posteriores as poucas referências que sobre ele aparecem em Flávio Josefo: um parágrafo apenas!
    5. Segundo os pergaminhos do Mar Morto, os manuscritos de Qumran descobertos em 1947, escritos em hebraico e não numa qualquer tradução ou original grego, o Chrestus essénio, datado do Iº s. a.C., também foi morto por um Judas. E, imediatamente antes de Jesus Cristo, houve um Messias, Menahem, o essénio que depois de lutar contra os romanos, obtendo algumas vitórias e fazendo muitos seguidores, foi morto semelhantemente a Jesus Cristo.
    6. Justo de Tiberíades escreveu uma história dos judeus, indo de Moisés ao ano 50 d.C., e nada diz sobre tão carismática personagem. Fílon de Alexandria, um dos judeus mais ilustres de seu tempo, apesar de ter contribuído poderosamente para a formação do cristianismo, platonizando e helenizando o judaísmo, também não deixou a menor prova de ter tomado conhecimento da existência de Jesus Cristo. Tinha escrito um tratado sobre o Bom Deus Serapis, tratado que foi destruído. Os falsificadores cristãos dos s. III e IV não hesitaram em atribuir as referências ao deus Serapis como sendo feitas a Cristo, o que obviamente era impossível pois Fílon morreu no ano 50 d.C., antes de a denominação de “cristãos” estar implementada. Fílon relata os principais acontecimentos de seu tempo, do judaísmo e de outras crenças, não mencionando nada sobre Jesus; cita Pôncio Pilatos e a sua actuação como Procurador da Judeia de 26 a 36 d.C., mas não se refere ao julgamento de Jesus a que teria presidido; quando, no reinado do imperador romano Calígula, de 37 a 41 d.C., esteve em Roma defendendo os judeus, relata diversos acontecimentos da Palestina, mas não menciona nada a respeito de Jesus, os seus feitos, a sua sorte, o seu destino, estendendo-se o mesmo silêncio aos apóstolos, a José, a Maria, seus filhos e toda a sua família. O silêncio de Fílon, juntando-se ao de Josefo, revela estarmos perante uma bem sucedida criação mitológica. É que, se a existência de Jesus como nos narram os evangelhos canónicos fosse verdadeira, o mundo de então teria de certeza ficado abalado com tão estranha personagem histórica. Por isso, os acontecimentos narrados pelos evangelistas não passam de pura fantasia religiosa, referindo-se a personalidades irreais, ideais, sobrenaturais de inexistentes taumaturgos.
    7. Não se conhece nenhum documento atestando que os gregos, os romanos e os hindus dos séculos I e II ouviram falar na existência física de Jesus Cristo ou em qualquer movimento religioso ocorrido na Judeia, chefiado por ele. Os documentos em que a Igreja se baseou para formar o cristianismo foram todos inventados ou falsificados no todo ou em parte, para esse fim. A Igreja sempre dispôs de uma equipa de falsários que se dedicaram afanosamente a adulterar e falsificar os documentos antigos com o fim de pô-los de acordo com os seus cânones. Terá sido o caso do piedoso e culto bispo de Cesareia, Eusébio (c.265 - c.340 d.C.) que, entre muitas obras, escreveu “A história da Igreja”, estabelecendo as bases dos primórdios do cristianismo, com afirmações polémicas a propósito das guerras que assolaram a Palestina como, por exemplo: “Foi assim que a vingança divina se cumpriu para os judeus pelos crimes que ousaram perpetrar contra Cristo.” (Livro V, cap. 6).
        8. A História, em dois mil anos, não encontrou uma única prova ou um documento que mereça crédito no que diz respeito à vida de Jesus. O seu nascimento, vida, morte e ressurreição, tudo o que lhe diz respeito tem analogia com as crenças, ritos e lendas dos deuses solares, adorados sob diversos nomes e modalidades por diversos povos da antiguidade, desde a orla mediterrânica ao Egipto, à Pérsia, ao Oriente, sendo Mitra e Krishna os mais conhecidos. Pode, pois, concluir-se que a sua existência é fictícia e integra-se na mitologia vinda de antigas religiões.
    9. O Jesus descrito nos Evangelhos pode ser Brama, Buda, Krishna, Mitra, Horus, Júpiter, Serapis, Apolo ou Zeus, apenas com uma nova roupagem. O Cristo descrito por João aproxima-se mais desses deuses redentores do que o dos outros evangelistas: inspirando-se nas ideias dos orientais de um deus antropomorfizado, criou um Jesus divino, não por causa dos seus pretensos milagres, mas por ser o Logos, o Verbo feito carne. Jesus não fez milagres, ele é o próprio milagre: nasceu de um milagre, viveu de milagres e foi para o céu milagrosamente, de corpo e alma, realizando assim mais uma das velhas pretensões dos criadores de religiões: a imortalidade da alma humana.
 

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