sexta-feira, 12 de julho de 2013

Quem me chamou Jesus Cristo? O Menino Jesus existiu? (34/?)

Quem me chamou Jesus Cristo? O Menino Jesus existiu? (34/?)

    – A tua fé! Tão bonita e agradável ao ouvido, mas tão irracional e sem bases que a sustentem! Ela irá estar sempre presente nesta minha conversa contigo. Diz-me agora: O que é ser justo e bom?
    – Então, o teu servo Levi não te referiu as minhas respostas quer ao jovem que me perguntou o que deveria fazer para alcançar a vida eterna, quer ao fariseu que me questionou sobre o maior mandamento?
    – Claro que referiu. E se os mandamentos até são fáceis de entender, já não se percebe bem o que é isso de vender tudo o que se tem para ser perfeito, nem o que será realmente amar a Deus com toda a alma, todo o coração, todo o entendimento.
    – Tão simples como isto: se te desprenderes de tudo o que é terreno, mais fácil te é amares o próximo como a ti mesmo. Pois amar o próximo como a ti mesmo é, afinal, o grande mandamento, o único mandamento, no qual se inclui amar a Deus sobre todas as coisas, já que Deus está no próximo ou o próximo é o teu Deus.
    – Certo, Jesus! Totalmente certo! Um pouco da filosofia de Buda, que em tempos aprendeste lá pelo Oriente, transformada em religião, não é? Mas...
    – Mas faltam-te as provas irrefutáveis, provas evidentes, provas claras, sem subterfúgios de palavras, parábolas ou comparações, provas de que a vida na Terra não se acaba mesmo aqui, como diz o insensato no Livro da Sabedoria, acrescentando que se viemos do pó, ao pó voltaremos e, depois, é como se nunca tivéssemos existido, nenhum dos que morreram tendo vindo cá dar testemunho do que se passa no Além, Céu ou Inferno que seja.
    – Lês-me os pensamentos, Jesus! És eloquente! Entendes-me e ouves o meu coração como se para ti não houvesse paredes entre a minha e a tua carne.
    – Eu leio em ti aquilo que leio em mim, Nicodemos. No fundo, as tuas dúvidas são as minhas dúvidas, as tuas frustrações as minhas frustrações! Mas ouve-me bem: eu quis trazer uma nova mensagem, passar além do Livro da Sabedoria onde me inspirei. Toda a Escritura, sempre apregoando Javé, sempre louvando-O, temendo-O, invocando-O, não nos dá o mais importante: a vida eterna que eu, que tu procuras. Pelo contrário, parece não ter passado do «Tu és pó e ao pó voltarás». Em tudo quanto aprendi na Índia, na China, em todo o Extremo Oriente ou aqui mais perto de nós, no sábio Egipto e na Mesopotâmia, não tendo consultado nem Atenas nem Roma, só vi uma maneira de ultrapassar o dilema da morte ou morte para sempre: pegar na imortalidade da Sabedoria, pegar na ressurreição dos Macabeus, tornar-me filho de Deus, Filho do Homem, o mesmo é dizer, o Messias, apelando, primeiro, para a restauração das doze tribos de Israel para que me ouvissem, usar de todo o meu poder e magia para curar os doentes possíveis, apelar para o meu Pai do Céu que me enviou com esta missão e esta mensagem: anunciar a vinda do Reino de Deus, aproveitando este sentir generalizado do fim dos tempos para continuar a apregoar o medo de uma catástrofe universal, na linha de João Baptista, inventando um Inferno para os ímpios, corruptos e maus... e, com tudo isto, abrir as portas do Céu aos bons e justos desta Terra, sobretudo os pobres, os desgraçados, os explorados, os incompreendidos, os doentes, os que sofrem, metendo todos os outros nas profundezas dos Infernos, no reino de Satanás. Compreendes?

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