sábado, 26 de janeiro de 2013

Quem me chamou Jesus Cristo? O Menino Jesus existiu? (13/?)

V
Um convite irresistível
    Então, dando corpo a tal inspiração, acabadas que foram as discussões no Templo, convidou-me para sua casa. Falou ele, repetindo as perguntas para as quais pretendia resposta. Ouvi eu atentamente. E, já receoso de não poder corresponder às esperanças que em mim começavam a ser depositadas, retorqui, quase me escusando:
    − Sou ainda muito jovem e faltam-me muitos conhecimentos, senhor! Toda e qualquer mensagem que eu queira transmitir ao mundo terá, para ser aceite pelas multidões, de ser acompanhada por muitos sinais, muitos feitos extraordinários, sobretudo curas tidas por milagrosas, como fizeram os nossos profetas, desde Moisés a Daniel, ao grande Elias que, mesmo morto, ressuscitou outro morto, quando o depositaram no seu túmulo: “Aconteceu que o morto, ao tocar nos ossos de Eliseu, voltou à vida e pôs-se de pé.”, conta-nos o Segundo Livro dos Reis, embora duvide fortemente que tal tenha acontecido.
    − Tens toda a razão, meu rapaz! − continuou ele. − São necessários milagres! E para essas ciências do oculto e das mezinhas que curam todas as doenças, quem sabe, mesmo ressuscitam mortos ou os acordam novamente para a vida, não haverá melhor do que as culturas, as filosofias e os conhecimentos dos orientais. Se quisesses, numa próxima caravana de comércio de meu pai, poderias ir connosco e por lá ficarias, preparando-te, até sentires que a tua hora tinha chegado para iniciares a pregação de uma nova mensagem ao mundo, mensagem onde certamente encontraria aquilo que procuro... Agrada-te a ideia?
    Quase fiquei sem palavras, ouvindo tal convite que me parecia caído do Céu! Que aventura! Sinceramente, eu detestava trabalhar como carpinteiro na casa de meu pai onde não passaria, nunca na vida, de um simples, mesmo que fosse bom ou excelente, carpinteiro! Eu ambicionava mais do que vida tão comezinha. Aliás, embora jovem, já sentia dentro de mim um desejo incontrolável de cumprir uma missão desconhecida, envolta num mistério que necessariamente teria de desvendar, tendo sido esse desejo que me fizera subir ao Templo para orar, ouvir, tentar encontrar o caminho, afastando-me dos pais que certamente não entenderiam tal desassossego na mente inquieta do filho adolescente. Por isso, grande sorriso nos lábios, respondi:
    − Oh, se me agrada! Creio que o senhor foi posto por Javé no meu caminho para o iluminar e dar-lhe o rumo que já faz tempo andava procurando. Pois, que vida seria a minha ocupando-me apenas de mesas e cadeiras, portas e janelas na banca de carpinteiro de meu pai?...
    Então, logo ali combinámos a despedida de pais e irmãos, a caravana, a data da partida. O meu outro irmão, o Tiago, já ia nos onze anos e ocuparia com maestria o meu lugar na banca de carpinteiro e assim quase nem se daria pela minha falta. Foi argumento que utilizei para convencer um pai renitente e uma mãe chorosa por “perder” o seu filho mais querido, o primogénito que todas as mães judias tinham como preferido.
    E assim aconteceu a minha saga pelo Oriente, percorrendo a Índia e a China, instalando-me por fim nos mosteiros do Tibete, ficando vários anos a encantar e a encantar-me, a aprender segredos da Terra e do Céu...

1 comentário:

  1. Comentando o M/ texto...
    Toda a saga da vida de JC aqui apresentada não é só imaginação, como alguns leitores - leitores a quem agradeço o interesse pelo blog -poderão ser levados a concluir, já que apenas conhecem os dados tradicionalmente referidos pelos evangelhos. Claro que, se para a infância, há Lucas e um pouco de Mateus - sendo os outros dois evangelistas omissos em tão importante acontecimento, o que não deixa de ser significativo para a descredibilização das outras narrativas, sobretudo a de Lucas - para a juventude - também etapa importante de qualquer humano, sobretudo de um candidato a Messias Salvador e... Filho de Deus! - não há nada, absolutamente nada nos evangelhos. Acabam os supostos dados históricos aos 12 anos de idade, com a sua subida ao Templo para "discutir" com os doutores... Fomos então, na N/ narrativa, ao encontro da História do Tempo, naquelas regiões do Médio Oriente, fortemente dadas ao comércio, não só com os povos locais, mas também expandindo-se até ao Extremo Oriente, donde chegariam as notícias de outras religiões - hinduísmo e budismo, sobretudo - que aqui são suscitadas. Daí que faça toda a lógica que Jesus, na sua adolescência e juventude, tenha feito o percurso que se apresenta.

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