sábado, 17 de novembro de 2012

Quem me chamou Jesus Cristo? O Menino Jesus existiu? (6/?)

Adolescência e juventude
I
Uma ousada iniciativa
    Apareci, vindo por detrás de uma das grossas colunas do Templo, onde disfarçadamente ouvia as discussões dos “mestres” e, antes que eles me interpelassem, levantei a voz:
    − Permitam-me que expresse a minha opinião, senhores, sobre os assuntos de que vos ocupais. Penso que não deveríamos alimentar mais em nós o espírito de retaliação, continuando a fazer apelo ao “olho por olho, dente por dente” dos primórdios das Escrituras dos nossos antepassados, o povo hebreu comandado por Moisés, e bem desapreciado por Javé no Êxodo, quando diz: «Vejo que este povo é um povo de cabeça dura.»..., mas deveríamos falar do amor ao próximo a que nos exorta o mesmo Javé também falando a Moisés e dirigindo-se ao mesmo povo que já qualificara de modo tão depreciativo. Vem no Levítico, escrito um pouco mais perto de nós no tempo, embora todos saibamos que para Javé o tempo não é tempo mas apenas um momento da eternidade: «Não guardes ódio contra o teu irmão. Não sejas vingativo nem guardes rancor contra os teus concidadãos. Ama o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou Javé.» Notem, digníssimos doutores, que Javé parece comprazer-se em chamar os nossos antepassados de “cabeça dura” pois, repetindo-se pouco depois, fala assim a Moisés, ainda no Êxodo: «Diz aos filhos de Israel: Sois um povo de cabeça dura. Se vos apanhasse mesmo só um momento, exterminar-vos-ia.» E o tema é retomado mais tarde pelo profeta Ezequiel, falando ainda Javé: «Os filhos de Israel não me querem ouvir. Têm a cabeça dura e o coração de pedra». Deveria ser portanto um povo a quem era necessário impor normas de conduta simples para que as pudesse entender e suficientemente rígidas para que fosse governável! Quanto ao outro assunto de que faláveis, penso que, se procurarmos apenas riquezas nesta vida terrena, não conseguiremos alcançar a eterna invocada no profeta Daniel a quem o anjo Gabriel, falando em nome de Javé, revelou: «Muitos que dormem no pó despertarão: uns para a vida eterna, outros para a vergonha e a infâmia eternas. Os sábios brilharão como brilha o firmamento, e os que tiverem levado muitos aos caminhos da justiça brilharão para sempre como estrelas.» Eu, eu gostaria de ser um destes sábios que leva ao caminho da justiça e brilhará para sempre como estrela!
    Falei alto, decidido, convicto. Citando de cor. Como se tivesse estudado uma lição. E esperei a reacção de tão venerandas personagens. Os doutores da Lei, os sumos sacerdotes, os fariseus, todos os representantes do povo, sentados junto ao Santo dos Santos, voltaram-se para trás, boquiabertos, ao ouvirem a minha voz de adolescente, modelar no verbo, preciso na frase, arguto no linguajar, firme no citar de cor a Sagrada Escritura. E todos se interrogavam: «Quem é este que já fala como um Doutor sendo ainda tão jovem?» E directamente, interpelando-me:
    − Quem és tu? Donde vens? O que fazes aqui? Onde aprendeste tanto e como te atreves a contestar-nos a nós que estudamos há anos as Escrituras Sagradas? Acaso umas modestas palavras do nosso querido profeta Daniel podem contrariar todo o pensamento ao longo de séculos em que foi caldeada, escrita, esculpida a Sagrada Lei? Acaso o amor ao próximo é incompatível com a lei de talião?

1 comentário:

  1. Por pertinente - e sempre oportuno - transcrevo aqui o comentário ao meu texto (Epílogo) escrito em Setembro pf. por João Cardoso, e vou responder com toda a cordialidade que João Cardoso, como qualquer outro crítico e merece:
    «Excelentíssimo Sr. Professor Francisco Domingues.

    Espero que o Sr. Esteja interessado em ler e escrutinar o seguinte.
    Não se deve pôr a Ciência num Pedestal, porquanto o que a Ciência considera Hoje como Verdade, amanhã já não é. Apenas 4 Exemplos:

    • Cria-se, durante algum tempo, que o Homem só apareceu na Terra, depois da extinção dos Dinossauros.
    ♦ A Arqueologia, pelo contrário, apresenta provas, baseadas na investigação de fósseis, de que o Homem foi contemporâneo com os Dinossauros!

    • A Física Clássica de Newton, durante uma Era (cerca de 400 anos), foi a “Bíblia” dos Físicos.
    ♦ Porém, com o aparecimento da Física Moderna (Teoria de Quantum e a Teoria da Relatividade), quase toda a física clássica caiu por terra, para não dizer toda!

    • Durante muito tempo ensinou-se ou creu-se que havia três Raças diferentes.
    ♦ Hoje constata-se que, Geneticamente, não há diferença essencial entre: um Homem Branco, Preto ou Amarelo!

    • Sigmund Freud, durante um tempinho, foi “Rei” da Psicanálise, com a sua teoria de Édipo.
    ♦ Mesmo durante a vida de Frued. Carl G. Jung provou que Freud estava errado, por que não se poderia interpretar todos os fenómenos psíquicos ou mentais em termos Sexuais, segundo o pampsiquismo Freudiano!

    Tudo isto, o Sr. Professor Francisco Domingos conhece melhor do que eu. Pois, eu sou apenas um Leigo na matéria, que procura acompanhar os bons programas sobre Ciência, na Televisão.

    Agora com todo o respeito. Já se está tornando “chato”, em escrever no Blogue sobre o mesmo Tema: Religião. Em certas partes, o Sr. Professor está se plagiando a Si próprio. Levando em conta que o seu Blogue tem o Título: “Em Nome da Ciência”
    Penso que seria tempo de o Sr. começar a escrever sobre outros Assuntos actuais, importantes e relevantes!

    Com todo o respeito.
    João Cardoso»

    Resposta:
    Caríssimo João Cardoso,
    Há vários aspectos a considerar na sua crítica. Quanto à Ciência estar sempre a "mudar de opinião" só revela que não é arrogante nem se arroga o possuir a Verdade das coisas e da Vida. Ora a Religião arroga-se tal prerrogativa. Pior: Cada uma - e são muitas, o que por si só as descredibiliza a todas! - diz possuir a Verdade da Vida e do Além-Vida!
    Depois, não percebo porque é que deixou de haver cometários por aqui. Creio que as pessoas vêm, lêem e saiem informadas e... satisfeitas, e não estão para comentar (Veja o número de visitantes que já vai nos 13.000!)
    Enfim, este blog é mesmo destinado a este fim: desmistificar as religiões, pô-las no seu lugar histórico em que nasceram, procurando a Verdade que nos afecta a todos, no nosso drama existencial: não saber ao certo o que vamos encontrar do "outro lado", após a vida. É drama porque, queiramos ou não, não nos conformamos ter aparecido no Tempo, termos uma inteligência capaz de perceber o próprio Tempo, e não nos prolongarmos pela eternidade...
    Enfim, é fácil repetir-me em alguns textos. Vou tentar evitá-lo. Para já, ocupo-me de Jesus a quem fizeram o Cristo. Aí não me repito...
    Abr. e agradecendo o seu comentário, as minhas cordiais saudações.
    Francisco Domingues
    PS: Onde viu que o Homem já existia no tempo dos dinossauros? É que, pelos meus dados, os dinossauros extinguiram-se há c. de 65 milhões de anos, depois de terem povoado a Terra, durante uns 150 milhões; e o Homem, só há vestígios dele, há uns 4 (esqueleto de Lucy) a 7 milhões de anos; e não propriamente Homem, mas hominídio. O sapiens sapiens, do qual nós somos descendentes, existe há pouco mais de 40 mil anos. Mas vou consultar mais novidades na Internet. Gosto sempre de aprender!



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