domingo, 14 de outubro de 2012

Quem me chamou Jesus Cristo? O Menino Jesus existiu? (3/?)


    Eis pois um livro apresentando o Jesus histórico a contar, na primeira pessoa, a sua biografia. E, embora produto de alguma imaginação, já que os dados de credibilidade histórica escasseiam dramaticamente, a narrativa, rondando por vezes o romance, baseia-se na lógica civilizacional dos tempos em que os factos supostamente ocorreram, e não nos evangelhos, os quatro canónicos e os muitos apócrifos, onde se descrevem as cenas mais bizarras e delirantes que mortal algum poderia imaginar acerca de outro ser humano. (Aliás, os evangelistas não terão pretendido fazer história in stricto sensu, mas apenas elaborar documentos que servissem de suporte à religião nascente nas comunidades que se iam formando dentro e fora de Israel, tendo por base a figura de Jesus já mitificado em Cristo.) Como biografia, junta-se assim, na sua originalidade, embora sem qualquer intuito de estudo aprofundado, a quantas modernamente têm tentado desmistificar, interpretar e dar sentido a tão polémica quão carismática personagem. Os recursos utilizados foram a análise objectiva e racional dos documentos disponíveis e os estudos que devotados cientistas têm realizado sobre eles, pondo a nu, através de exames grafotécnicos, muitas incongruências nos textos canónicos e muitas afirmações falsas tidas até há pouco tempo como verdades inquestionáveis.
    No entanto, ultrapassando-se a estrita barreira da biografia, procura-se simultaneamente resposta para a problemática filosófico-existencial que aflige todo o ser pensante face ao além da vida que forçosamente se perde na tão desejada quão enigmática eternidade, centrada nos diálogos entre as duas personagens principais: Jesus e Nicodemos. Depois, já se aproximando o fim, reflectiu-se sobre os dados que foram sendo referidos ao longo da narrativa e sobre a filosofia subjacente a todas as religiões, culminando-se com uma proposta inovadora, uma proposta que a muitos parecerá bizarra e delirante, a outros, porventura escandalosa ou simplesmente provocadora...
    Nota: Os presépios datam do séc. XIII, mais precisamente 1223, quando Francisco de Assis, querendo dar vida ao Natal de Jesus, se lembrou de recriar o cenário descrito por Lucas no seu evangelho numa gruta da floresta Greccio, Itália, para onde transportou uma vaca e um burro e encenou com pessoas reais o que, segundo o evangelista, acontecera em Belém. A partir daí, a bonita e ternurenta tradição espalhou-se pelo mundo por intermédio dos frades franciscanos, e embelezou e continua a embelezar igrejas, cortes e palácios de reis bem como as mais modestas casas onde perdura viva a fé cristã.

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