segunda-feira, 20 de junho de 2011

A (in)verdade de Fátima (4)

De 13 de Maio, mensalmente, no mesmo dia e à hora aprazada, até 13 de Outubro, desenrolaram-se as supostas aparições da Virgem. Debrucemo-nos sobre as Suas palavras e atitudes, referidas por Lúcia nos seus escritos datados de 1937, seguindo o livro supra citado.
Primeira aparição: “Não tenhais medo. Eu não vos faço mal. Sou do Céu. Vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos, no dia 13, a esta mesma hora. Depois vos direi quem sou e o que quero.” Disse ainda que Lúcia e Jacinta iriam para o Céu e o Francisco também, mas teria de rezar muitos terços; e que a Amélia iria estar no purgatório até ao fim do mundo! E, antes de voltar ao Céu: “Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em acto de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?” E, a um sim das crianças: “Ides, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto.”
Constatamos que a Virgem continua na peugada do Anjo, tendo este percursor, tal João Baptista para Jesus, dito o Cristo, anunciado o sofrimento dos crentes para conversão dos pecadores. Também com linguagem semelhante. E igualmente cruel! Cruel com o Francisco que teria – pobre criança! – de rezar muitos terços para ir para o Céu; cruel igualmente ao pôr na alma das crianças a árdua tarefa da conversão dos pecadores através do sofrimento deles; cruel ainda para com a Amélia que iria ficar no purgatório até ao fim do mundo, um purgatório teorizado em 593 pelo papa Gregório I, aprovado em 1439 no Concílio de Florença e confirmado em 1563 no Concílio de Trento, com muitos proventos para a Igreja Católica, segundo reza largamente a História...
Ora, digam-me, não bastaria a mensagem desta suposta primeira aparição para a declarar como impossível, por, tal como dissemos para a mensagem do Anjo, ser cruel e desumana? Como é que ninguém sensato dentro da Igreja, Igreja que tudo parece aprovar desde que para suas conveniências, se revolta? Este silêncio ou este aproveitamento brada a todos os Céus e a todos os Infernos!
Segunda aparição: “Quero que venhais aqui no dia 13 do mês que vem, que rezeis o terço todos os dias e que aprendam a ler. Depois, direi o que quero. O doente (indicado por Lúcia), se se converter, curar-se-á durante o ano. A Jacinta e o Francisco, levo-os, em breve, (para o Céu). Mas tu ficarás cá mais algum tempo. Jesus quer servir-se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. A quem a abraçar, prometo a salvação e serão queridas de Deus estas almas como flores postas por Mim a adornar o Seu trono. Mas não vais ficar sozinha. Quando sofreres muito, não desanimes. Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus.”
É, nitidamente, uma “aparição” com intuito claro de consolidar a mensagem da primeira. Sem grandes novidades além de oferecer a salvação a quem lhe fosse devoto bem como a protecção à sua interlocutora, a "vidente" Lúcia. A suposta profecia de “levar, em breve, Francisco e Jacinta para o Céu”, por ser escrita em 1937, assemelha-se às dos profetas bíblicos que “profetizavam” o que já havia acontecido... Sobre o rezar do terço, desfiando avé-marias e pai-nossos, entrecortando cada dezena com aquela paradigmática oração "Ó meu Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do inferno e levai as almas todas para o céu principalmente as mais abandonadas", falaremos mais à frente. (Cont.)

1 comentário:

  1. O que li, até este ponto, Francisco, não altera em nada o que penso sôbre o tema. Estou perfeitamente de acordo. E continuo mesmo a pensar ser perfeitamente inaceitável toda a linguagem e encenação criada à volta destas aparições 'revestidas' duma crueldade tal, capaz de meter medo a qualquer criança. Agora, eu estou à espera é de ver ser editado, num qualquer outro texto em seguimento destes, como teria sido engendrada toda esta história. Será que vem aí aquilo que tanto gostaria de saber? De onde teria partido este conto?
    Em 1966, apanhei um taxi em Vieira de Leiria, porque tive de levar um filho meu, de 2 anos, a um especialista em Leiria. O taxista era de Fátima e, em conversa com ele, perguntei-lhe:
    - O Senhor acredita na aparição da Virgem, em Fátima ?
    Resposta do homenzinho, que teria uns 65 anos:
    - Ó minha senhora, isso é uma história em que só acredita quem não é de Fátima.
    Não acredito muito seja exatamente isso o que acontece, mas que o disse, é verdade.

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