À procura da VERDADE nos Evangelhos
Evangelho segundo S. JOÃO – 37/?
– Realmente, não sabemos como
lidar com a monotonia do face a face com Deus e com os anjos, e a companhia de
espíritos, sem corpos para ver, nem tocar, nem sentir, nem cheirar, nem… amar…
Mas apenas realmente espíritos que também não sabemos muito bem o que serão,
como serão, como estarão, andarão… Se é que têm de andar e não têm as mesmas
prerrogativas de Deus da ubiquidade: estarem em toda a parte, pois a eternidade
do Tempo tem de ter como irmã gémea a infinitude do Espaço… Então…
Então… não percebemos mesmo
nada!… Tudo se passa fora do humano! E Jesus… mataram-no antes que nos dissesse
alguma coisa a que nos pudéssemos agarrar que não fosse só a FÉ nas suas palavras…
cheias… de… enigmas e, por isso, não se libertando do anátema de ignorância
acerca daquilo que afirmava!
A “colherada” de João acerca
de Caifás que, por ser sumo-sacerdote, profetizara a morte de Jesus, não nos
parece que tenha qualquer cabimento… Ou então faz-nos lembrar a utilização por
parte de Deus - o ciumento, sanguinolento e partidário da causa israelita Javé
do A.T. - de um “inimigo” como seu porta-voz! Inadmissível, simplesmente! Depois…
depois, não haveria melhor método para o Deus omnisciente de salvar a Humanidade
(não sabemos bem de quê) do que imolar, arranjando inimigos entre os seus irmãos
concidadãos, o seu muito amado Filho, deixando-o condenar à morte e morte de cruz?
O mesmo nonsense acontece com a afirmação de que Jesus ia morrer para
reunir os filhos de Deus dispersos… Que filhos de Deus? Afinal, quem é Filho de
Deus? Ou somos todos ou não é ninguém! Não nascemos todos do mesmo modo? Não
somos todos fruto da Natureza que, por milagre do Destino, do Acaso ou… de
Deus, nos “permitiu” que viéssemos a este mundo e conhecer tantas coisas,
tantas, tantas, tantas…, com uma inteligência capaz de pensar tudo isto,
irmanando-nos com Jesus Cristo, sendo com Ele filhos do Pai, isto é, filhos de
Deus?… Ah, como tudo isto é confuso, misterioso, enigmático, obscuro,… quase horrivelmente
sublime!
Enfim – pergunta das
perguntas! – tivesse Jesus vivido até a uma provecta idade, algum dia teria
sido capaz de nos dar respostas convincentes do seu Céu, do seu Inferno, do seu
Pai, reinando no “Lá-em cima” com miríades de anjos e dos “seus” diabos? –
Sinceramente, não acreditamos. Nem sabemos se alguém, de boa fé, seja capaz de
acreditar.
Uma coisa é absolutamente,
inquestionavelmente certa: o testemunho de Jesus que nos é deixado nos
evangelhos não chega minimamente para qualquer convencimento de que ele
possuiria uma resposta clara acerca daquelas supostas “realidades” eternas.
Dada a situação actual, quem não gostaria de incluir naquele "salvar a Humanidade" que a religião apregoa, o castigar exemplarmente, por parte de Deus, aquele ou aqueles que querem destruí-la, simplesmente eliminando-os com doença fulminante? Afinal, verga-se Deus ao livre arbítrio de um miserável imbecil que decide matar milhares e fazer sofrer milhões? Só com muita Fé é que um crente não se revolta. E os crentes que estão no teatro de guerra perguntarão com total razão: "Porquê a mim, meu Deus?"
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