quinta-feira, 20 de maio de 2021

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 308/?

 

 À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. JOÃO – 3/?

 – Em relação ao episódio entre Filipe, Natanael e Jesus (Jo 1,43-51), estranho, estranho é que Jesus não tenha escolhido ou chamado Natanael para seu discípulo. Razões? – Obviamente não sabemos. Talvez Jesus não tivesse “gostado” daquela de Natanael: “De Nazaré pode lá vir alguma coisa boa!”? E teria sido uma vingançazinha divina…

Mas mais estranho é que Natanael tenha exclamado, logo ali: “Tu és o Filho de Deus.”, só porque Jesus dissera que o vira debaixo da figueira antes de Filipe o chamar. Até o próprio Jesus fica algo admirado com tal rapidez, nem fazendo apelo a seu Pai como o fará mais tarde com Pedro: “Não foi a carne nem o sangue que to revelaram mas o meu Pai que está nos Céus.” (Mt 16,17)

– É! Aquela ainda não deveria ser a sua hora. E não sabemos como interpretar o “tempo” de Jesus Cristo. Durou três anos a sua pregação. Porque tanto tempo? Ou… porque tão pouco? “Deus” também estaria assim condicionado pelo tempo?

Realmente, quando nos colocamos numa perspectiva de tempo universal, custa-nos ver Deus ali confinado a um tempo, a um lugar, a um povo!… No entanto, não temos alternativa senão aceitar a narrativa. Analisando-a criticamente, claro!

– Só mais uma pergunta: O que entenderia Natanael por “rei de Israel”? Rei material ou… espiritual? É que, o que o levou a tal exclamação foi um acto de adivinhação – sobrenatural? – de Cristo que o vira debaixo da figueira…

A impressão que nos fica é que João já começou a inventar e a pôr frases na boca das personagens que vai “criando”, tenham ou não alguma veracidade histórica, para atingir os seus fins pedagógicos em relação à divinização de Jesus.

– O milagre da transformação da água em vinho, nas bodas de Caná, coloca-nos inúmeras e interessantes questões. Diz João: “A mãe de Jesus estava lá. Jesus e os seus discípulos também foram convidados. (…) Foi assim que, em Caná da Galileia, Jesus realizou o seu primeiro milagre. Deste modo, mostrou o seu poder divino e os discípulos acreditaram nele.” (Jo 2,11) Acreditando que foi o primeiro milagre e que também Mateus lá tenha estado, porque não o narra no seu Evangelho? Não o considerou importante? Não foi, ao ver tamanho prodígio, que também ele acreditou em Jesus? É difícil aceitar tal “histórico” esquecimento…!

– Em boa verdade, parece que só os criados, os discípulos e Maria se terão apercebido do milagre. O noivo e convidados apenas terão notado que o bom vinho fora guardado para o fim… Talvez por isso, Mateus tenha omitido o milagre que tão poucas repercussões tivera…

– “Faltou o vinho e a Mãe de Jesus disse-Lhe: «Já não têm vinho.» Jesus respondeu: «Mulher, que temos nós a ver com isso? A minha hora ainda não chegou.» (Jo 2,3-4) O que é certo é que fez o milagre, embora a sua hora ainda não tivesse chegado… Era assim tão flexível? Ou foi porque Maria, sua Mãe, lho havia pedido?

– Causa, pelo menos, estranheza, Jesus não chamar “Mãe” a Maria. Porque diz “Mulher” e não “Mãe”? Faz-nos lembrar a sua rebeldia e quase insolência quando aos doze anos, ficando no Templo, diz a seus pais que O procuravam ansiosamente, por toda a parte: “Não sabíeis que tenho de Me ocupar das coisas de meu Pai? (Lc 2,49)

Ou a outra: “Quem é a minha mãe e quem são os meus irmãos?” (Mt 12,46-50)

– É! Jesus parece não “conviver” muito bem com a sua condição de humano – um humano que tem laços familiares – e de divino simultaneamente… Aliás, qual seria a sua real percepção de tal suposto facto?

 


3 comentários:

  1. Quanto aos milagres – ser este o primeiro não importa – já abordámos o assunto, aquando da análise crítica do evangelho de Mateus, Mateus o inventor máximo de milagres atribuídos a Jesus: umas dezenas!

    É óbvio que não houve milagres. Nunca houve milagres! Houve – e há – factos que, saindo fora do normal ser dos humanos, serão de difícil explicação por esses mesmos parâmetros. Mas têm de certeza uma explicação humana. Quer de natureza física quer, sobretudo, de natureza psicológica em que o espírito ou mente comanda o corpo que, por exemplo, pode sofrer de uma grave enfermidade.

    E é neste sentido que é sintomático o diálogo de Jesus com um dos seus curados: “Acreditas que eu te posso curar? – Acredito! – Então, vai: a tua fé te salvou!”. Isto é: “A tua fé, a tua convicção na cura te curou”.

    Portanto, não há nenhuma razão para acreditarmos em milagres de origem divina. Aliás – brincando – diríamos que Deus tem mais que fazer com todo o Universo, ou pluriversos, que tem para governar, do que andar por aí a fazer milagres e só a uns certos humanos, sem qualquer critério de justiça para com os outros a quem não os faz… Mas para os crentes, tudo é possível de acreditar. Então acreditem e que sejam felizes!...

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  2. Comentário

    O Homem, cada um de nós, já é um insignificante pontinho na Terra. Mas a Terra é um insignificantíssimo pontinho perdido no imensíssimo Universo conhecido, sendo o infinitamente desconhecido um total mistério para a Ciência.

    Apenas, dois exemplos dessa magnitude: a nossa galáxia, a Via Láctea, tem mais de cem mil milhões de estrelas do tipo do nosso Sol e de diâmetro cem mil anos-luz; a galáxia mais próxima, Andrómeda, fica a dois milhões de anos-luz de distância.

    São realidades absolutamente inatingíveis para o intelecto do ser humano.

    Portanto, é, no mínimo, ridículo pensar que o Deus – chame-se-Lhe ou não Senhor e Criador – se interessaria por esse ser insignificante que dá pelo nome de Homem, apaparicando uns quantos com milagres… Que insensatez, santo Deus de todos os deuses!

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  3. Os milagres, a terem existido, seriam de uma tremenda injustiça para com todos os que, coexistindo ao tempo, não foram contemplados. Quem pode acreditar que Deus cometeria tamanha injustiça? E, depois, só naquele povo? E naquele tempo? – Ó meu Deus, como tudo isto revolta ao pensar que tantos crentes são enganados na sua boa fé…

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