sábado, 26 de novembro de 2016

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 116/?

À procura da VERDADE nos livros Sapienciais 


O ECLESIÁSTICO – 8/15

- “Meu filho, pecaste? Não tornes a pecar e pede 
perdão (…)” (Eclo 21,1)
- Não se percebe o que é, para o autor, pecado. Mas 
diz o “nosso” comentador: “A ruína do pecador provém 
de Deus que ouve o clamor do pobre e faz justiça.” 
(ibidem). Não podemos concordar! É que, se a alguns 
“pecadores” a própria vida se encarrega - mão de Deus?! - de 
fazer justiça e dar o merecido castigo, a outros só acontecem 
benesses e riquezas. E, como não há o tal inferno para se fazer 
justiça, esta ficará eternamente por se cumprir. A solução 
estará no Homem e na sua capacidade de construir sociedades 
justas e equilibradas.
- “O preguiçoso é como uma pedra cheia de lodo (…) é semelhante 
a um monte de esterco (…) Filho mal educado é vergonha para 
o pai e se for uma filha, a desgraça é ainda maior (…) 
(Eclo 22 1-3)
- Comenta-se a propósito: “O autor segue certa tradição 
cultural (…) e resvala para o antifeminismo (…)” (ibidem) 
É estranho este comentário, pois afasta qualquer inspiração 
provinda de Deus, ao atribuí-la à tradição. Acutilante é a 
comparação do preguiçoso com um monte de esterco…
- “Meus filhos, procurai disciplinar a boca (…) Não te 
acostumes a fazer juramentos (…) Não te acostumes a dizer 
vulgaridades grosseiras (…) Lembra-te do teu pai e da tua 
mãe (…) (Eclo 23,7-14)
- Apenas… normas de boa educação! Ao lermos a Bíblia, 
temos o pressentimento de que estamos perante uma bela 
catedral que, elegante, se eleva para os céus densos de nevoeiro. 
A Terra é realmente o seu mundo. E nada mais que a Terra! 
Os autores, apenas pensadores, cremos que honestos, cheios 
de dúvidas uns, como nós, imaginativos outros, criadores 
de imagens e de sonhos, historiadores alguns, misturando 
o mito e a História, poetas, exímios contadores de histórias, 
colectores de máximas e provérbios provindos de culturas 
ancestrais, ensinamentos, experiências de todo um povo… A 
Bíblia revela-se tudo isto e… só isto! Tantas perguntas que 
poderíamos formular! Mas apenas duas: “Porquê é Deus que 
fala a Moisés para libertar o povo do Egipto e não é simplesmente 
a habilidade do estratega que era Moisés que o inspira”? 
“Porquê foi Deus que deu o decálogo a Moisés no Monte 
Sinai e não foi o Código de Hamurabi, anterior de vários 
séculos, que lhe serviu de base e que ele copiou”? 



Tanto nevoeiro que inunda os alicerces em que assentam a nossa 
querida religião católica, Santo Deus! Não há dúvida: atribuir 
a Bíblia a inspiração divina é pura fantasia quando não 
demagogia e por interesses políticos (“domesticação” de um 
povo) e de poder temporal. Realmente, todos nós quiséramos 
coisas claras, que Deus realmente se revelasse a toda a gente, 
como o Ser que dizem que Ele é, e nos mostrasse o Reino dos 
Céus, que é Ele mesmo, onde nos abrigaríamos no final dos 
nossos dias de vida terrena!… Ora esse Deus não se revela, 
logo, não existe! Ninguém diga que Ele fala e que somos nós 
que não O queremos ouvir, ver, sentir. Não! Quem não quisera?! 
Se os Homens sabem como explicar, tornar claras as coisas a 
qualquer néscio que não compreende o evidente, quanto mais 
Deus?! Assim, sem nenhuma certeza acerca de Deus, ficamos 
sem nada a que nos agarrarmos para além desta vida tão efémera, 
mas a única que temos a certeza de ter, embora desejando 
uma eternidade inexistente…  O resto…, apenas palavras! 
Mesmo que, mais tarde, venham da boca de um Jesus a quem 
chamaram de Cristo, sem qualquer fundamento! De eterno, 
NADA! Um grandíssimo NADA! De qualquer modo, a esta 
nossa vida que se escoa inexoravelmente a cada momento 
que passa, sem hipótese alguma de qualquer retorno, temos 
de… SORRIR, deleitando-nos com tanto que há de BOM, 
tanto que há de BELO!

Importante pormenor: Deus é aqui o Deus da Bíblia (Javé), o 
Deus de todas as religiões, um Deus construído pelo Homem à 
sua imagem e semelhança. Repetimos: o único Deus possível 
ou a única concepção possível de Deus – ver Einstein e 
Spinoza – é considerá-lo o TODO ABSOLUTO ONDE TUDO SE INTEGRA, 
NO TEMPO E NO ESPAÇO, POR E PARA SER INFINITO  
E ETERNO.

1 comentário:

  1. Pensamento da semana:
    Como entender que seja intelectualmente honesto o teólogo que, em vez de questionar a credibilidade das origens da sua religião, a aceita sem mais, tudo construindo a partir de uma suposta verdade, uma verdade inexistente por não ter provas que a sustentem?

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