terça-feira, 28 de junho de 2016

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 103/?

À procura da VERDADE 
nos livros Sapienciais – 103/?

Livro da SABEDORIA – 1/6

Diz-se na Introdução ao Livro da Sabedoria:
“Na ordem cronológica, Sabedoria é o último livro do A.T. (…) 
Um judeu de Alexandria, escreveu o livro pelos anos 50 a.C. (…) 
Para ser correctamente avaliado, o livro deve ser entendido no 
contexto em que surgiu. (…) A cultura grega (…) com as suas 
filosofias, costumes e cultos religiosos (…) e às vezes, 
perseguição aberta (…), constituía uma ameaça constante à 
fé e à cultura do povo judaico. (…) Profundamente conhecedor 
das Escrituras, (…) o autor (...) procura reforçar a fé (…) dos 
judeus, impregnados do helenismo e não esquece os gregos a 
quem quer mostrar a superioridade da sabedoria judia. (…) 
Confrontado com o drama do justo que morre sem ter gozado 
a sua recompensa, este livro dá um salto qualitativo ao 
desvendar que aos justos, para além da morte física, são 
reservados vida e prémio junto de Deus. Dois termos bem 
gregos exprimem a ideia da recompensa futura: imortalidade 
e incorruptibilidade. (…) Foi a maneira de integrar na 
corrente sapiencial a esperança da ressurreição corporal (…) 
para sair da crise dolorosa, interpretada exemplarmente por 
Job e pelo Eclesiastes.” (ibidem)
Então, é um livro histórico, bem datado. Então, deve ler-se 
à luz da situação no tempo. Então, a imortalidade e a 
incorruptibilidade foram “o caminho encontrado”, o que não 
quer dizer que seja o verdadeiro… Para livro divino ou de 
inspiração divina, livro que se quisera fundamento da nossa 
fé entendida pela razão, acerca da imortalidade da alma, da 
recompensa eterna do justo e do castigo eterno do injusto, 
não parece ser de irrefutável ou inquestionável credibilidade…
 E a grande pergunta que se coloca para este livro como para 
toda a Bíblia, para o Corão, os Vedas, etc.: “Porquê livros 
de inspiração divina, melhor, ditados por Deus a este ou 
àquele autor, autor dito sagrado”? “Que provas”? – A 
resposta, para um analista crítico, só pode ser uma: “Nenhuma 
prova! Nenhuma razão para tal divina inspiração! Nenhuma 
prova para a existência de tal Deus inspirador! Tudo inventado! 
Logo, tudo falso!...”

- “O espírito do Senhor enche o Universo, dá consistência a todas 
as coisas e tem conhecimento de tudo o que se diz. Por esse 
motivo, quem diz coisas injustas não Lhe escapará e a justiça 
vingadora não o poupará.” (Sb 1,7-8)
De novo, um Deus vingativo… Em cerca de mil anos, os judeus 
pouco evoluíram sobre a ideia de Deus!

- “Raciocinando de forma errada, os injustos comentam entre si: 
A nossa vida é curta e triste: quando chega o fim, não há 
remédio e não se conhece ninguém que tenha voltado do mundo 
dos mortos. Nascemos por acaso e depois seremos como se 
nunca tivéssemos existido. A nossa respiração é fumo e o 
pensamento é uma faísca produzida pelo pulsar do coração. 
Quando a faísca se apaga, o corpo transforma-se em cinza 
e o espírito espalha-se como ar sem consistência. Com o 
tempo, o nosso nome fica esquecido e ninguém mais se lembra 
do que fizemos. A nossa vida passa como rasto de nuvem e 
dissipa-se como neblina expulsa pelos raios do Sol e dissolvida 
pelo seu calor. A nossa vida é uma sombra que passa e depois 
de morrer não voltaremos. (…) Sendo assim, vamos gozar os 
bens presentes e gozar das criaturas com o ardor da 
juventude. Vamos embriagar-nos com os melhores vinhos e 
perfumes e não deixar que a flor da Primavera nos escape. 
Vamos coroar-nos com botões de rosa, antes que murchem. 
Que nenhum de nós falte às nossas orgias. Vamos deixar por 
toda a parte sinais da nossa alegria porque essa é a nossa 
sorte e o nosso destino. Vamos oprimir o justo pobre e não vamos 
poupar as viúvas, nem respeitar os cabelos brancos do ancião. 
A nossa força será a regra da justiça porque o fraco é claramente 
coisa inútil.” (Sb 2 1-11)

- Falam bem estes insensatos! Realistas! A verdade que 
conhecemos, no corpo e na alma. Exactamente o que nós pensamos,
 pertencendo por isso ao rol dos injustos… Mas não pensavam 
assim os justos Job e Coélet? Depois, a faísca do pensamento não 
estará no pulsar do coração mas do cérebro! E, para deixar por 
toda a parte a alegria de viver, não é preciso oprimir o justo ou 
as viúvas e muito menos desrespeitar os cabelos brancos do ancião… 
Aqui, o autor quis introduzir um pecado… desnecessário. 
Apenas conveniente para defender a sua tese. Também não se 
percebe porque é que só o injusto vê com realismo o que acontece 
ao Homem, sendo o prazer e a alegria de viver o que 
finalmente lhe resta… Estas afirmações parecem evidenciar 
que o autor terá ficado realmente perturbado com a leitura de Job 
e do Eclesiastes. Logo, o Deus que o inspirou (inspirou?!), deveria 
estar também perturbado. O que é, obviamente, inadmissível.

1 comentário:

  1. Começámos, neste final de ano lectivo, a análise de mais um livro bíblico; "O livro da Sabedoria". Serão seis textos que nos levarão à descoberta de mais uma fraude religiosa, ao considerar-se como de inspiração divina tal livro. Uma afirmação totalmente gratuita!

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