quarta-feira, 9 de março de 2016

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 91/?

À procura da VERDADE 
nos LIVROS SAPIENCIAIS e POÉTICOS

Livro dos PROVÉRBIOS 2/4

- “Meu filho, não percas de vista a sensatez, conserva a reflexão (…), 
o teu sono será tranquilo.” (Pr 3,21 e 24)
- Sem dúvida! Será a melhor forma de vida…
- “(…) Javé detesta o perverso mas é amigo dos justos. Javé amaldiçoa (…)
 mas abençoa (…) zomba (…) mas favorece (…)” (Pr 3,32-34)
- Um Javé contraditório, um Deus apoucado, não acham? Apouca-se, 
ao detestar, amaldiçoar, zombar do injusto ou perverso. O homem tem 
tais sentimentos, Deus não os pode ter!
- “Filhos, obedecei à disciplina paterna (…)” (Pr 4,1)
- Era bom para os pais, não era?
- “O princípio da sabedoria é adquirir a sabedoria.” (Pr 4,7)
- Redundante? – Talvez, embora se compreenda que o primeiro acto 
de ser sábio é procurar a sabedoria. Mas é algo contraditório com Pr 2,6 
quando se diz que “É Javé quem dá a sabedoria”?
- “ (…) Pratica a disciplina porque ela é a tua vida (…)” (Pr 4,13)
- Teremos alternativa?
- “Os lábios da estrangeira destilam mel e as suas palavras são mais 
suaves do que o azeite. No final, porém, ela é amarga como fel (…). Os 
seus pés levam à morte (…)” (Pr 5,3-5)
- Teria o autor “sagrado” provado tal mel? Porque lhe soube a fel, no final? 
Remorso ou… cinismo?
- “ (…) Alegra-te com a esposa da tua juventude: ela é uma corça querida, 
uma gazela formosa. Que as suas carícias te embriaguem sempre e o seu 
amor te satisfaça continuamente.” (Pr 5,18-19)
- É amoroso, não é? Mas… para o homem! De mulher a alegrar-se 
com a juventude do marido e suas carícias, não se dá notícia! Porquê?! – 
Talvez por ser apenas o homem o prevaricador: “Meu filho, porque te 
deleitas com mulher estranha e abraças o peito de uma estrangeira?” 
(Pr 5,20) Em termos de desmandos e pecados, parece que o homem 
sempre levou vantagem!...
- “ (…) Se fizeste acordo (…), te comprometeste, dando a tua palavra (…), 
caíste em poder do teu próximo. Para te livrares, (…) vai, insiste e 
incomoda o teu próximo (…), liberta-te (…)” (Pr 6,1-5)
- Egoísmo ou… precaução? – Inclinamo-nos para a precaução pois, 
quem sabe afinal em que próximo podemos confiar?
- “Até quando vais ficar a dormir, preguiçoso?” (Pr 6,9)
- Boa pergunta!... Ouçam, agora, esta deliciosa narrativa sobre a 
mulher estrangeira que seduz. Estava inspirado, comprazendo-se, o autor! 
A descrição é visual, as palavras soltas, precisas. Têm vida e 
dão vida à cena. Uma cena banal, até escandalosa, diríamos, mas… “digna” 
da Bíblia sagrada!... É em Pr 7:
- “Eu estava à janela da minha casa e olhava por entre as grades…”
- Estava espiando, o malandro!… Com que olhinhos gulosos, maliciosos?!
- “… Vi alguns jovens ingénuos e notei que um deles não tinha juízo 
(…) e dirigiu-se para a casa da estrangeira. Já caía a noite de Lua nova (…) …”
- É uma noite quase sem Lua… O escuro convida ao pecado, ao deleite…
- “… Uma mulher foi ao encontro deles, vestida como prostituta e cheia 
de malícia. Era ousada e insolente (…) …”
- Não há dúvida: o deleite é grande, a vontade de despir o pouco que cobre 
o corpo voluptuoso da prostituta, muita!
- “… Então ela agarrou e beijou o rapaz…”
- O deleite permanece, a imaginação lúbrica inunda de volúpia o autor, a 
cena é de vida!
- “… Depois, falou-lhe descaradamente: Estava ansiosa por te ver e acabei 
por te encontrar. Cobri a minha cama com colchas e coloquei nela lençóis 
do Egipto. Perfumei o quarto com mirra, aloés e cinamomo. Vem, vamos 
embriagar-nos com carícias até de manhã. Vamos saciar-nos com amores…”
- Que ouvidos apurados para tanto ouvir da sua janela!… Ou… que viver 
em imaginação o que outro estaria saboreando na realidade!… Aliás, que 
homem resistiria a tal mulher, a tal chamamento, a tais perfumes, colchas 
e lençóis?! Nem S. Jerónimo!... E seria solteira, esta senhora que tanto 
empolga o “nosso” autor?
- Não, caros crentes! O autor pensa que o escândalo tem de ser total! “(…) 
porque o meu marido partiu para longa viagem e não está em casa. 
Ele levou a bolsa com dinheiro e não voltará até à Lua cheia.”

- Pois é: se o marido voltará antes daquele tempo é questão que não se põe 
perante tamanha sede de amor, sede que o marido, haveria tempo, não 
colmatava, talvez atraiçoando-a com outras e ela sabendo disso… Aliás, 
a escolha da mulher tinha sido perfeita: um belo jovem! Mas, não 
esqueçamos: isto é um texto sagrado, isto é Bíblia; portanto, haverá uma 
lição a tirar: uma chamada de atenção para os perigos vários 
proporcionados por mulheres e homens insensatos. E… nada mais!

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