quarta-feira, 15 de abril de 2015

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 58/?


À procura da VERDADE nos livros dos REIS – 2/5

- Pedira Salomão sabedoria a Javé. Que Javé lha concedeu, 
manifesta-se na célebre história das duas prostitutas que disputavam 
o menino vivo, pois ambas tinham dado à luz e uma das crianças 
havia morrido. “O rei disse: Cortai o menino vivo em duas partes 
e dai metade a cada uma. Então a mãe do menino vivo suplicou: 
Meu senhor, dá-lhe o menino vivo, não o mates. A outra porém dizia: 
Não será nem para mim nem para ti. Dividam o menino ao meio
Então, o rei pronunciou a sentença: Entregai o menino vivo à primeira 
mulher. Não o mateis pois é ela a sua mãe.” (1Rs 3,16-27)


- A cena é… comovente e bela. A narrativa, com arte. Raros são os 
textos bíblicos que não são maçudos, repetitivos, enfadonhos. Aqui, 
não! A narrativa é simples, elegante, clara, incisiva. É… bela. A 
condizer com a cena.
- Só mais uma pergunta: Não teve o autor “sagrado” de escrever 
tais elogios a Salomão para que este não tivesse o mesmo destino 
dos seus opositores? Não tinha o “povo escolhido” de ter um herói a 
ver todas as barbaridades cometidas, sancionadas por Javé? Que 
conveniência, santo Deus! Que - mais uma vez! - descredibilidade!…
- Salomão organiza o país, não esquecendo, obviamente, os cobradores 
de impostos… E, assim, “Salomão recebia diariamente para os seus 
gastos, mil e quinhentos litros de flor de farinha, e vinte e sete mil litros 
de farinha comum, dez bois cevados, vinte bois de pasto, cem carneiros, 
além de veados, gazelas, antílopes e aves de ceva. (…) Salomão possuía 
estábulos para quatro mil cavalos de tracção e doze mil cavalos de 
montaria.” (1Rs 5)
- É! Realmente, o povo vivia para servir o rei e a sua corte… Não deveria 
ser o contrário, Javé? Porque não te insurgiste contra tanto luxo e tanta 
riqueza? E, certamente, tanta opressão do povo obrigado a servir os 
seus senhores, com tamanhos gastos diários?
- Salomão constrói um Templo para Javé e… um palácio para si! “(…) 
Recrutou em todo o Israel, mão-de-obra para os trabalhos forçados; 
conseguiu reunir trinta mil operários, (…) tinha também setenta mil 
carregadores e oitenta mil cortadores de pedras nas montanhas, (…) três 
mil e trezentos capatazes (…)” (1Rs 5,27-30).
- Não será gente a mais?… E três mil e trezentos capatazes? Bem, 
realmente para dirigir tantos escravos, pois era de trabalhos forçados que 
se tratava… Lamenta-se que mais uma vez Javé tenha silenciado tal 
atentado contra o povo trabalhador. Mas, enfim, tratava-se de construir 
o “seu” Templo!


- E o Templo, afinal, era pequeno: 30m x 10m x 15m.(1Rs 6,2). O palácio 
era um pouco maior: 50m x 25m x 15m (1Rs 7,2). Comparados com 
quaisquer igrejas ou palácios que abundam por esse mundo fora…
- No entanto, o requinte foi certamente inigualável: tudo revestido a ouro 
ou cedro do Líbano! A Arca da Aliança foi colocada “no recinto do 
Templo chamado Santíssimo, sob as asas dos querubins.” (1Rs 8,6).
- Acabado o Templo, Salomão reza: “Javé, Deus de Israel, não existe 
nenhum Deus como Tu, nem no alto céu, nem cá em baixo na Terra.(…) 
Cumpriste a promessa (…) Agora mantém a promessa (…) Ouve (…)” 
E continua suplicando a Javé protecção em todas as agruras da vida para 
ele e para o povo. (1Rs 8,23-53) “(…) Se Te invocarem voltados 
para a Terra que deste aos teus antepassados, para a cidade que escolheste 
e para o Templo que construí ao teu nome, escuta do céu onde moras (…)” 
(1Rs 8,48-49)
- Há que rezar, não é? E não teria sido aqui que Maomé se inspirou para o 
seu preceito de quando rezassem, o fizessem virados para a sua cidade 
santa: Meca? Que Deus único é este que está em toda a parte mas mais 
numa parte do que noutras?!
- Depois, mais uma vez - que obsessão! - “O rei e todo o povo de Israel 
ofereceram sacrifícios diante de Javé (…): vinte e dois mil bois e cento e 
vinte mil ovelhas.” (1Rs 8,62-63)

- Eia, tanto animal!… Ou os números não são estes ou… realmente 
exageraram! Só se foi para dar de comer aos cento e oitenta e três 
mil e trezentos trabalhadores que se ocuparam da construção do Templo 
e do palácio de Salomão… Terá sido? Mas, mesmo assim, só os bois 
chegariam ou só as ovelhas sobrariam. Enfim, “biblices”, obviamente 
sem qualquer valor histórico.

1 comentário:

  1. Ainda a propósito da publicação aquando da Páscoa - O mito da ressurreição - recebi, no meu mail, o seguinte comentário do leitor Armando Santos:
    "Genericamente, concordo com o teu pensamento, permitindo-me acrescentar apenas que as religiões se têm vindo a converter em oportunidades de chorudos negócios, à luz dos quais florescem e enriquecem alguns "espertos", que mais não são que versões modernas dos antigos vendilhões do Templo.
    Estes parasitas sociais, instalam-se como carraças nas mentes das pessoas menos avisadas, ou mais fragilizadas, iludindo-as na sua boa Fé e chupando-lhes o sangue sem que as mesmas se apercebam, antes pelo contrário julguem que lhes prestam um grande serviço espiritual.
    Armando Santos"
    Nota: leitor que queira comentar e não consiga, pois lhe é exigido um perfil (o meu é o do Google), faça-o para o meu email - fr.dom@netcabo.pt - que eu publico-o aqui.

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