terça-feira, 21 de abril de 2015

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) - 59/?


À procura da VERDADE nos livros dos REIS – 3/5

- A riqueza, o luxo, o fausto de Salomão (1Rs 10) é, no mínimo, 
chocante. Nada de ajudar os pobres da sua Terra - que os haveria 
certamente! - nem de Terras vizinhas como conviria a um rei 
abençoado por Javé. Tudo gastava no Templo, no palácio e no 
aparato militar. De outro modo, como poderia obrigar tantos povos 
a contribuírem para a sua imensa riqueza?
- “Além da filha do Faraó, o rei Salomão amou muitas mulheres 
estrangeiras: moabitas, amonitas, edomitas, sidónias e heteias (…). 
Enamorou-se perdidamente por elas. (…) Teve setecentas esposas e 
trezentas concubinas.” (1Rs 11,1-3)
- Mil, no total! Não fazia por menos: “miúda” que se lhe cruzasse 
no caminho, ou esposa ou concubina! Só não se referem as 
dezenas - ou centenas? - de filhos que tão apaixonados amores e 
tão diversos e… tão numerosos, deram ao mundo…
- Mas não foi por estes devaneios sexuais, a que só um rei poderia 
ter acesso, que Javé vai castigar Salomão. A história é outra: 
“Quando ficou velho, as mulheres desviaram-lhe o coração para os 
deuses estrangeiros. (…) Fez o que Javé reprova (…) para agradar 
às suas mulheres estrangeiras (…) Javé irritou-se contra Salomão (…)” 
(1Rs 11,4-9)
- Mulheres estrangeiras poderia ter as que quisesse. Agora, os deuses 
delas… nem pensar! Era evidentemente um atentado ao santo Javé!
- Castigo? – Revoltas dentro do próprio povo, na guerra da sucessão - 
pois quem não quereria herdar tal riqueza?… Enfim, Salomão morre e 
fica a confusão: na política e… na fé!
- Quando não é Javé que aparece para ordenar os acontecimentos, 
delega-se em profetas: “(…) Aías (…) profetizou-me que eu seria rei 
deste povo.” (1Rs 14,2) - diz Jerobão. Mas, o que aconteceu foi 
o pior! Morreu Jerobão e sucedeu-lhe Roboão, na mesma linha de 
pecado! Então… - castigo! - “O rei do Egipto atacou Jerusalém. 
Tomou posse dos tesouros do Templo e do palácio real. (…) E houve 
até prostituição sagrada!”(1Rs 14,24-25)
- A “prostituição sagrada” mereceria um longo comentário, mas 
deixamo-lo à fantasia dos leitores e cointérpretes destes “sagrados”
 textos…
- Outros reinados se sucedem, no meio de mortes, guerras, atentados… 
Tudo, porque faziam “o que Javé reprova.” (1Rs 16,30)
- Com o profeta Elias, a quem Javé fala, voltam os milagres 
espectaculares (1Rs 17), pois só com milagres - espectaculares! - é 
que o povo acreditava - ou continuava a acreditar! - que Javé era o 
Deus de Israel! “Javé mandou um raio que consumiu a vítima, a lenha, 
as pedras e as cinzas e secou a água que estava no rego. O 
povo viu tudo isso e prostrou-se no chão exclamando: Javé é o Deus 
verdadeiro! Javé é o Deus verdadeiro!” (1Rs 18,38-39).
- Mas também Elias manda matar os profetas que não eram da sua 
“cor”! “Elias fez descer os profetas de Baal até ao riacho Quison e 
ali os degolou.” (1Rs 18,40)
- Claro que Javé aprovou tal mortandade e salvou Elias da morte 
com que o rei o ameaçou!...
- Conclusão sem novidade: este é mais um livro sobre a história de 
um povo que nela introduziu Javé a quem atribui vitórias e derrotas: 
aquelas, como recompensa, estas, como castigo! (1Rs 20; 21 e 22) 
Sempre que o rei ganhava a batalha era Javé que entregava nas suas 
mãos tal ou tal inimigo. (1Rs 22)
- O 2º Livro dos Reis inicia-se com mais milagres espectaculares 
de Elias, sendo este arrebatado e levado ao céu por Javé, também em 
aparatoso milagre das águas do Jordão que se separam, um carro de 
fogo que aparece, um redemoinho que o leva ao céu…(2Rs 1 e 2)



                                           Um carro de fogo transporta Elias até ao Céu!

- E o seu sucessor Eliseu, em milagres, vai quase rivalizar com 
Jesus Cristo! O primeiro é o milagre da purificação das águas que 
faziam abortar as mulheres. Mas, imitando Eliseu que eliminou os 
profetas seus adversários, logo ali, mata quarenta e dois garotos. 
Razões?  - Estavam-no molestando, ao chamarem-lhe careca! 
Claro: em nome de Javé! (2Rs 2,19-24) E, já que falamos de 
garotos, uma pergunta marota: “Como conseguiu ele atrair 
para a morte todos aqueles garotos?” É de desconfiar, não é? Mas, 
acaso não era preciso ter respeito para com o homem que falava 
com Javé? Então, o grande Eliseu decidiu-se por uma “educação” 
radical: matarem-se os miúdos e pronto: não haveria mais faltas de 
respeito! Assim é que é ensinar, não é, caro Eliseu!
- Segue-se mais uma vitória - vergonhosa! - pois a intervenção 
milagrosa de Javé, através do milagre do aparecimento de água, 
protagonizado por Eliseu, ludibriando os olhos dos inimigos a 
verem sangue em vez de água… desfez o equilíbrio das forças, em 
favor, claro, de Israel. (2Rs 3)
- E… mais milagres! Multiplica o azeite de uma mulher para pagar 
as dívidas do marido… Profetiza a concepção do filho numa rica 
sunamita que o havia acolhido em casa, mas que era estéril e o marido 
de idade avançada… Ressuscita esse mesmo filho que entretanto 
morrera… Faz com que o veneno das ervas deixe de o ser, juntando 
farinha na sopa… Multiplica os pães… Cura um leproso… Enche de 
lepra um dos seus servos, porque caíra no pecado da cobiça… 
Recupera o machado do rio… Adivinha o lugar onde se encontram 
os inimigos de Israel… Salva Israel da fome… Adivinha sete anos de 
fome para aquela região (2Rs 4-8)…


                                                 Eliseu ressuscita  o filho da sunamita

- Milagres! Tantos milagres! Que credibilidade nos merecem? – 
Obviamente, nenhuma. Estes, como todos os outros que nos são 
narrados abundantemente na Bíblia, AT e NT, e dos quais 
voltaremos a falar, aquando da análise crítica dos evangelhos.

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