quarta-feira, 21 de maio de 2014

Olhando as estrelas...


Olhando as estrelas…
 
 

 

Admirável!
De abrir a boca – neste caso, a mente – de espanto! Estou num
monte alentejano, numa suave noite de Primavera, mas sem lua
que ofusque o brilho, a beleza, a mensagem que as estrelas – aos
milhões! – nos enviam lá do céu, um céu ali tão perto, quase ao
alcance do estender da mão, mas, na realidade, tão longe, tão longe,
tão longe…
 
 
                             
 
 

O convite dos presentes é o da meditação em deslumbramento. E as
perguntas soam no silêncio, silêncio que se deslumbra na contemplação de 
tanta beleza: “A quantas dezenas ou centenas de anos-luz estarão aquelas
estrelas? Ou a quantos milhares ou milhões estarão as outras que se nos
apresentam com luz mais difusa? Quem poderá imaginar sequer o que
essas distâncias representam? Quem sabe se muitas das estrelas que
vemos agora, tendo a sua luz levado milhares de milhões de anos-luz a
chegar até nós, não se apagaram já, tendo já espalhado as suas “cinzas”
pelo Universo, integrando-se em novas estrelas que, assim, nunca
acabarão o ciclo de nascimento-vida-morte, para ressuscitar, não com a
mesma individualidade, essa para sempre perdida, mas em outra qualquer
forma tão ou ainda mais bela que a anterior? Não será esta a verdadeira
ressurreição a que também nós estaremos alegremente “condenados”?
Afinal, o Universo tem limites ou é infinito? Se tem limites, que há para
além desses limites? Se é infinito, não se confundirá com o próprio Deus,
definido como Ser eterno e infinito? É que se só pode haver um infinito que
tudo contém… E se é infinito não é forçosamente eterno, pois contendo
todo o espaço, contém todo o Tempo, tempo que só existe para todo o ser
que um dia começa e em outro se acaba? Tal como nós, tal como as estrelas?
Não será este o único Deus verdadeiro, nada tendo a ver com os deuses
– todos os deuses! – inventados pelos mentores religiosos, ao longo dos
tempos, desde os politeísmos aos monoteísmos? Tudo o existente fazendo
parte dele, como partículas de um todo – o TODO-PODEROSO?”

 
                      
            
Extrapolando, outras perguntas se perfilam nas nossas mentes, mentes
tão grandes que são capazes de pensar tudo isto, mas tão pequenas que
nem sequer conseguem descortinar o que seja um ano-luz em distância
no Espaço sideral…: “Se quiséssemos chegar a alguma dessas estrelas,
 alguma vez o conseguiríamos? Mesmo viajando à velocidade da luz, ou
seja, 300.000Km/s, fenómeno totalmente impossível devido à nossa
qualidade de seres compostos de materiais pesados? Então, que futuro,
o da humanidade, mesmo com a Ciência em contínuo progresso de
descoberta? Terá alguma possibilidade de sobrevivência, para além
dos limites que o Universo impôs à Terra, dependente do Sol e o
respectivo sistema onde ela se integra, desagregando-se, por isso – dados
da Ciência astronómica – dentro de cerca de 5 mil milhões de anos?”
 
 
 



Todas estas perguntas ficam sem resposta. A resposta perde-se no
mistério que talvez nunca a Ciência será capaz de descobrir. Mas são
questões que deveriam levar todas as pessoas a pensar e a ver a vida
com outros olhos que não os habituais.

Ah, se todas as pessoas, em vez de olharem para o chão que pisam ou
para o umbigo que alimentam, tantas vezes sofregamente…, olhassem
para o céu das estrelas, “ouvindo” a sua mensagem de beleza e de glória
“eternas”, como seriam mais felizes, como se sentiriam felizes ajudando
os seus semelhantes e não pensando apenas no seu umbigo! E como,
assim, teríamos um mundo, uma humanidade bem diferentes do mundo e
da humanidade que temos aqui e agora!

É: no céu está a resposta para os problemas que afligem o Homem.
Problemas, obviamente, criados pelo mesmo Homem que não sabe olhar
o Céu…

5 comentários:

  1. Para quem gostar de falar ou ouvir falar de estrelas, do cosmos, do Universo, seja qual for o seu grau de cultura, pois é acessível a todos, sugere-se o programa "Cosmos", que passa no canal "National Geographic", segundas-feiras, às 23H00. Na minha box Zon, é o canal 105.

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  2. Para quem gostar de filosofia existencial, o Homem vendo-se a si e à Terra, a partir do espaço sideral, tendo, portanto, uma visão totalmente liberta das peias mesquinhas que absorvem o quotidiano das pessoas, sugere-se a leitura do livro "O Eu Cósmico", Europa-América, de Francisco Domingues. Da leitura, fica-se com uma agradável sensação de liberdade, de uma total libertação...

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  3. Ahhh visualizei tudo isto que nos fala, caro amigo! Deve ser muito belo este lugar do Alentejo à noite.
    Lembrei-me do nosso grande poeta e esta poesia que vos deixo para completar este belo post:

    Ora ( direis ) ouvir estrelas!
    Certo, perdeste o senso!
    E eu vos direi, no entanto
    Que, para ouví-las,
    muitas vezes desperto
    E abro as janelas, pálido de espanto

    E conversamos toda a noite,
    enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto,
    Cintila.
    E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
    Inda as procuro pelo céu deserto.

    Direis agora: "Tresloucado amigo!
    Que conversas com elas?
    Que sentido tem o que dizem,
    quando estão contigo? "

    E eu vos direi:
    "Amai para entendê-las!
    Pois só quem ama pode ter ouvido
    Capaz de ouvir e e de entender estrelas
    Olavo Bilac

    um abraço carioca


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    Respostas
    1. Caríssima Beth/Lilás,
      Bonito o poema de Olavo! Em sintonia com o sentimento que eu quis transmitir com este texto.
      Obrigado pelo seu contributo. Gostarei de a ver por cá muitas mais vezes, com ou sem poema, simplesmente dizendo "presente"!
      Saudações cordiais!

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  4. Nota:
    Tal como solicitado, este comentário foi-me enviado para o meu email (fr.dom@netcabo.pt). E, tal como prometido, aqui se publica na íntegra:

    Caro Francisco!
    Oh! que bonita a tua descrição das estrelas vistas à noite no monte alentejano! Reportou-me imediatamente aos tempos da nossa meninice, lá na Serra, quando, nas noites de Primavera ou Verão, observávamos do balcão da casa onde nascemos, as estrelas, isoladas, ou formando as constelações do Hemisfério Norte que nós, apesar de pequenos, já identificávamos muito bem: a Ursa Maior, a Ursa Menor, a Cassiopeia e a Orion; e ainda a Estrada de S.Tiago.
    E depois, as tuas meditações sobre a imensidão do Universo e a nossa pequenez que, por sermos limitados, não podemos compreender. Mas é assim: Tudo ao nosso redor é mistério. A nossa vida, a vida de todo o Universo e nós próprios. Mas a harmonia, o equilíbrio e a beleza da Natureza de que tu mesmo falas e que o homem mau e ganancioso teima em destruir são bem a prova de que o autor de tal obra tem que ser maravilhoso, bondoso, misericordioso, amoroso.
    Precisamos muito de olhar o Céu muitas vezes para nos encantarmos e o descobrirmos através da Sua Obra e do Seu Amor para connosco. Tal como tu dizes e eu confirmo: se soubéssemos olhar o Céu, o mundo seria muito melhor e a Paz reinaria no seio da Humanidade.
    Um forte Abraço da tua mana que te admira.
    Manuela

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