sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Onde a Verdade da Bíblia - Análise crítica - Antigo Testamento (AT) (2/?)

INTRODUÇÃO II
 
Um reencontro
 
Para quebrar a possível aridez do tema, demos-lhe um toque romanesco, fazendo-o um quase romance, com um reencontro entre duas personagens já conhecidas mas que há muito não se encontravam. Uma delas, a Sabedoria; a outra, qualquer um de nós. Você, leitor, obviamente:
- Olá, Sabedoria! Já te conheço doutros lugares. Continuo procurando… E tu?
- Quem não continuará? Acaso, já a encontraste, já alguém a encontrou, a Verdade?
- É! Temos tentado, tens tentado perscrutar para além do que aqui vês, ali, acolá, em qualquer lugar, perguntando a todas as coisas, a toda a gente: “O que faço eu aqui? Afinal, donde venho e para onde vou?” E nenhuma resposta te convenceu, nos convenceu, nenhuma sossegou o nosso espírito sequioso de verdade…
- … a VERDADE!… que parece existir em tudo e em todos e… em nada ou ninguém…
- Até que … eis que me disseram: “Este é o livro de verdades absolutas… este é o livro da VERDADE!” Então, fomos à descoberta. Será o desencanto total até ao desespero de nada ser verdade, de não haver nenhuma VERDADE… ou o sossego da alma que enfim A encontrou?
- Vamos ver! Os dois… como antigamente. “Que VERDADE? - perguntarão alguns mais distraídos. Simples: O que realmente nos acontecerá depois da morte, já que parece nada haver de certo, nem dito, nem escrito, nem revelado, nem anunciado, em nenhum tempo, em nenhum lugar, em… nenhuma religião. É o realismo total, sem qualquer hipótese de romantizar, idealizar, imaginar, sonhar seja que outra realidade for, pois outra não há com mais certeza do que esta que atinge inexoravelmente todo o vivente: morre porque um dia começou a odisseia curta ou longa da vida! Morre! E nós - parece que únicos seres pensantes, pelo menos na Terra, pois que no Universo, o desconhecido é total! - nós aqui estamos sem saber o fundamental das nossas vidas: o ALÉM do tempo que é a misteriosa eternidade! Será que vamos encontrar a resposta - a VERDADE - na Bíblia?
- Porque não?
- Então, vamos, que o tempo não descansa, a esperança é muita, a ansiedade enorme… A Bíblia é um livro aberto… e o Antigo Testamento o seu princípio! Vamos… à procura da Vida Eterna!
 
Ainda fora do texto…
 
    A Bíblia nasce da poeira levantada pelos pés dos que caminham no deserto. Durante dezenas, centenas de anos, homens e animais viveram, primeiro, no cativeiro do Egipto, depois no deserto, longamente, até chegarem à “Terra Prometida” - Terra que tiveram de conquistar aos de Canaã, para ali se instalarem e proliferarem. “Ai da mulher estéril! Era anátema de Javé!” - depois, novamente em cativeiro na Babilónia…
    Neste contexto, que povo não tenta encontrar um libertador? Quem suporta a escravidão durante toda uma vida, durante várias gerações, sem se revoltar? Tal há 3 000 anos, tal hoje com os povos que se libertam do jugo colonizador, com menor ou maior derramamento de sangue, mas com os seus heróis, os seus pais da revolução. E aí vem Moisés - o Libertador “enviado por Javé” que os conduz do Egipto para a Terra Prometida!
    O deserto é propício a alucinações, à meditação, à contemplação! E tantas privações de água e de alimentos suportadas por homens e animais, não fariam pensar, mesmo que em sonhos, num paraíso onde corresse o leite e o mel? E não precisavam eles de um rei para organizar um exército e os levar à conquista da tal Terra Prometida?
    E onde encontrar justificação para tamanhos castigos, tamanhas privações, tamanha aridez de deserto a que aquele povo nómada e errante tinha sido sujeito? - A autores “inspirados”, detidos no cativeiro da Babilónia, conhecedores da História contada de pais para filhos, ter-lhes-ia sido fácil “inventar” um pecado original, um paraíso perdido, uma mulher a tentar o homem, na “boa” tradição egípcia e… judaico-cristã!!!
    Aliás, não é daí que nascem todas as religiões? Não é por estarmos subjugados ao inevitável sofrimento, à inevitável morte? Não é da inexplicabilidade de o Homem ter em si os dois princípios - o do Bem e o do Mal - o que é bem evidente no dia-a-dia e ao longo da História? Fácil! Fácil “inventar” um Deus - princípio do Bem - e um diabo - princípio do Mal. Fácil “inventar” um pecado contra Deus, para justificar o sofrimento e a morte como castigo por tal pecado! Mas… como tudo vem de um Deus-Criador, teria que haver um livre arbítrio para mandar para o inferno o Lúcifer que “quis” ser igual a Deus e os seus anjos seguidores e expulsar Adão e Eva e, com eles, toda a humanidade, do Paraíso terreal, comendo o pão com o suor do seu rosto e gerando na dor e nas lágrimas!…
    A Bíblia! Não terá nascido realmente da poeira dos que caminharam no deserto?!
 
(NOTA: aqui, continuaremos a escrever, ignorando, em protesto, o dito Acordo Ortográfico!)

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