domingo, 15 de setembro de 2013

Quem me chamou Jesus Cristo? O Menino Jesus existiu?(43/?)

XI
A outra verdade de mim: Eu, Filho de Deus?!
    Muitas são as referências, nos evangelhos, acerca da minha divindade e ao suposto facto de eu ser “Filho de Deus”. Não filho como qualquer criatura o é, seja animal, planta ou pedra, sendo Deus o Tudo onde tudo se integra, mas Filho real, e... Filho Único ou Unigénito, concepção expressa, mais tarde, no inacreditável Credo católico: “Filho unigénito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos”.
    Será importante, para finalmente dar a conhecer a “minha Verdade” ao mundo, apresentar algumas dessas referências e debruçar-nos um pouco sobre a sua inveracidade ou total falta de credibilidade.
    Após, o meu baptismo, por João, diz Mateus (Mt 3,17): “Então, o Céu abriu-se e Jesus viu o Espírito de Deus descer como pomba e poisar sobre ele. E do Céu, veio uma voz que dizia: «Este é o meu Filho amado que muito me agrada.»” É aqui que Mateus, na sua fértil imaginação, começa realmente a tentativa de me divinizar e de me ligar ao Céu. O Espírito vir como uma pomba até é imagem compreensível: já que, se é Espírito, é invisível, e torná-lo visível como pomba foi uma boa e, até certo ponto, louvável invenção. Mas qualquer escritor que fosse incumbido da missão de divinizar um ser vivo, fosse ele homem ou animal, teria facilmente dado largas à sua imaginação para criar cenários de beleza e simplicidade que lembrassem o Céu e, ao mesmo tempo, fossem de alguma credibilidade...
    Também Lucas (Lc 9,35), copiando Mateus, mas mais sóbrio nas palavras, refere o suposto facto: “Mas da nuvem saiu uma voz que dizia: «Este é o meu Filho escolhido. Escutai o que ele diz.»” A nuvem de Lucas ou o Céu de Mateus têm exactamente o mesmo objectivo: divinizarem-me. Mas não passam de fantasias de espaços e vozes... Na verdade, nada de Céu ali aconteceu!
    Novamente Mateus (Mt 4,3): “Então, o tentador aproximou-se e disse a Jesus: «Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães!»” Tinha razão o Diabo (se existisse, claro!!!) para suspeitar da minha falsa divindade. Seguindo a leitura de Mateus – e acreditando na sua versão! – nem eu próprio soube o que dizer a tal invectiva diabólica... Eu, Filho de Deus?!
    E sempre Mateus (Mt 16,15-17): “«E vós, quem dizeis que eu sou?» Simão Pedro respondeu: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo.» Jesus disse: «És feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no Céu. Lucas (Lc 9,20) diz o mesmo, mas continua bem mais sóbrio nas palavras e nos factos inventados: “«E vós, quem dizeis que eu sou?» Pedro respondeu: «O Messias de Deus.»”; e mais não diz. (Mateus continua com deduções a partir de tal inflamada declaração, dizendo ser Pedro a pedra de uma suposta Igreja que eu queria construir...). Terminam ambos com uma estranha afirmação: que eu proibi os apóstolos de revelarem a quem quer que fosse tal “Verdade”. Ora, porque proibiria eu a proclamação aos quatro ventos dessa “Verdade”, se era para isso que tinha “descido dos Céus”?! Depois, uma igreja que eu queria construir, assente sobre Pedro... Mateus limitou-se a pôr na minha boca a vontade dos que me quiseram divinizar, iniciando a construção de toda uma religião que precisava dessa instituição para se organizar, implementar e sobreviver. O que veio realmente a acontecer. E este, sim, é um facto interessante da História: como de uma invenção, se constrói o “império” religioso que são hoje as religiões cristãs, nomeadamente a católica, a que se arroga de única e verdadeira, acusando a protestante e a ortodoxa de dissenções...

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