segunda-feira, 1 de abril de 2013

Quem me chamou Jesus Cristo? O Menino Jesus existiu? (21/?)


   
João, o Baptista, tinha um enorme prestígio. Para uns era um novo profeta, para outros, a encarnação de Elias, para outros, ainda mais um Messias dos muitos que iam aparecendo naqueles tempos de crise política e social. Ainda para outros, simplesmente um agitador de massas que, com não pouco sucesso, as atraía para a sua causa. As suas palavras eram fortes e convincentes e, tal como as multidões acreditavam nele, também eu acreditei em tudo o que me disse, deliciando-me nos pensamentos de ser eu o Enviado, o Esperado por todo o povo de Israel, ser eu o Messias prometido das Escrituras! Em mim se realizaria tudo o que os profetas anunciaram, em mim, o filho amado de Deus... Era muito! Muito mais do que eu previra à partida! Mas como poderia fugir ao meu destino? Como poderia fugir ao tremendo poder e à soberana vontade de Javé-Deus? Só tinha uma alternativa: deixar-me levar! O Espírito de Deus falaria por mim, actuaria por mim, viveria em mim de tal modo que já não seria eu, mas Deus que actuaria em mim e por mim. Foi assim que mais tarde, já convencido de que era realmente um dilecto Filho de Deus, não sabendo ao certo o que isso significava, diria uma e muitas vezes, por estas ou por palavras semelhantes, segundo o evangelho de João: “Quem me vê a mim, vê o Pai e quem me escuta escuta o Pai que me enviou.”
    Despedindo-se, desejando-me João a melhor sorte do mundo para o cumprimento da missão que o Sempiterno me confiara, parti..., agora mais decidido que nunca a encarnar o papel do verdadeiro Messias. Como? O Espírito mo revelaria ou mo iria revelando e inspirando.
    No entanto, como atrás se referiu, João Baptista foi preso e assassinado, já por não agradar ao poder instituído, já por ter denunciado a situação conúbia de Herodes Antipas com a sua cunhada, embora se tenha argumentado, para fundamentar a condenação, que era um agitador, um perigo para a pax publica imposta pelo ocupante romano. Eu, que reforçara com ele a ideia do fim próximo dos tempos, quando soube da sua morte, senti-me de algum modo continuador das suas ideias, ideias coincidentes com as de muitos judeus convencidos de que algo de muito estranho estaria para acontecer: movimentos cósmicos e planetários, terramotos e queda de estrelas, o Sol girando mais depressa deixando a Terra envolta em trevas, até que, por fim, o Filho do Homem apareceria sobre as nuvens, num céu resplandecente, cheio de glória e majestade, vindo para julgar os vivos e os mortos, num tremendo Juízo Final!


Sem comentários:

Enviar um comentário