sábado, 2 de fevereiro de 2013

Quem me chamou Jesus Cristo? O Menino Jesus existiu? (14/?)



VI
Pelas terras do Sol nascente
    Contactando e convivendo com confucionistas, budistas e hinduístas, foi no budismo e nas suas belas histórias que mais me inspirei para caldear os ensinamentos relatados nos evangelhos, indo da teoria da iluminação à compaixão, ao amor ao próximo, à libertação das coisas terrenas que são a fonte de todo o sofrimento, não enveredando no entanto pelo caminho das reencarnações como forma de aperfeiçoamento e de atingir o nirvana ou a felicidade absoluta, preferindo recriar o meu Céu e o correspondente Inferno, o meu Pai que está nos Céus, a minha vida eterna. Foi portanto aos ensinamentos de Buda, séc. VI-V a.C., também inspirados nos sagrados livros dos Vedas, que fiquei a dever o essencial da mensagem evangélica: “Ama o teu próximo como a ti mesmo”; mas também o amor aos inimigos, elegendo a compaixão como lema do relacionamento humano, assim como o não querer aglomerar riquezas na Terra que facilmente se corrompem, preferindo acumulá-las no Céu onde permanecerão para sempre... Foi também no budismo e com os seus monges que aprendi a técnica da imposição das mãos, como tradicional método de transmitir a energia universal curativa que existe no ser vivo que é o Homem, explicando-se assim algumas curas que realizei, impondo as mãos, solicitando àquele ou àquela que ia ser curado ou curada que tivesse fé: fé na sua cura, obviamente: “Vai, a tua fé te salvou!”, mesmo que a atribuísse a uma força divina...
    Dos sagrados livros dos Vedas retirei o conceito da trindade divina, com Vixnu, Brama e Shiva, trindade que iria deixar envolta em mistério, nela fundamentando João a sua cristologia, fazendo-me dizer: “Quem me vê a mim vê o Pai” e “Enviar-vos-ei o Espírito”. É uma trindade óbvia, com um Pai, um Filho e um Espírito unindo-os, e que seria mais tarde imposta como dogma, com o imperador Constantino, em 325, três séculos passados sobre a minha morte, no concílio de Niceia.
    Na China, tive conhecimento dos ensinamentos de Confúcio, filósofo contemporâneo do indiano Buda, e dos princípios da sua escola com as ideias de altruísmo, sabedoria moral, integridade, justiça, rectidão e honradez, bem como das teorias do taoísmo que se mesclavam com as do budismo e as do hinduísmo. Mas se o “Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti” está subjacente à filosofia do budismo, do confucionismo, do bramanismo, a fraternidade e igualdade entre os Homens eram também apregoadas por filósofos gregos e romanos, defendendo Pitágoras (séc.VI a.C.) o perdoar aos inimigos, Platão (séc. V-IV a.C.), a tolerância, o humanismo e a virtude, Aristóteles (séc. IV a.C.), o amor e a justiça como base das sociedades, Séneca (séc. I), o domínio das paixões e dos prazeres mundanos, defendendo os escravos ao proclamar que todos os Homens eram iguais e que todos se deviam amar uns aos outros numa grande fraternidade universal.

4 comentários:

  1. Como biólogo e o fato de ter estudado teorias sobre a origem da vida, a evolução, big bang, aceita pela igreja católica, eu adorei o tema do seu blog. Um texto onde há diversas citações e com uma linguagem bem tranquila. Realmente existe se eu não me engano, a energia que nos permite entrar em contato com o ser semelhante é chamada de "SINERGIA". Acredito muito nisto. A questão de utilizar a mão, ensinos de buda, tem tudo a ver. Existe diversos segredos que o homem ainda não conhece, não evolui a tal passo. Se enxergarmos direito ou além do que estar a nossa frente, você pode ver algo a mais.
    Sempre gosto de temas assim, sou um cara de personalidade racional, mas que considero todas as partes do todo.
    Uma das coisas que me chama atenção, foi o ocorrido em Roma, quando crucificarão o "Jesus". O que deve ter acontecido na época? Algo de muito importante aconteceu. Essa é uma das coisas que mais me intrigam sabe! Romanos com seus deuses e com uma morte surgi o cristianismo que perdurará por séculos. E a sede do cristianismo é exatamente a ROMA. O que foi que os romanos viram, na data que antecede (A.C)?
    Com certeza um homem de nome JESUS andou na terra.

    Bom inicio de ano 2013 pra você Francisco, que o universo cincuscrite a seu redor. um ótimo texto a ser lido.

    att.




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  2. Caríssimo Antônio,
    Muito gosto em vê-lo por aqui, expressando a sua opinião. O seu texto levar-me-ia a repetir muitas das coisas que já aqui foram escritas sobre as origens do cristianismo. Por isso, se tiver tempo, dê uma mirada aos textos anteriores: nunca são longos e são de fácil leitura.
    Mas, apenas redigo que o Jesus-homem quase de certeza que existiu (embora haja quem diga, argumentando, que também ele foi invenção!)e que foi morto pelos seus irmãos judeus - classe política e sacerdotal! - por não contemporizar com eles em toda a exloração que impunham ao povo. Agora, três verdades incontestáveis: 1 - Não fez qualquer milagre com origem em poderes divinos: apenas algumas curas fáceis ou do foro psicológico 2 - Sua mãe não foi virgem e ele não nasceu do Espírito Santo mas de um homem, provavelmente José, nem aqueles fenómenos que rodeiam o seu nascimento, segundo Lucas, tiveram lugar 3 - Não ressuscitou: isso foi a melhor invenção dos seus seguidores, sobretudo Paulo - o verdadeiro fundado do cristianismo - para o mitificarem ao modo dos deuses solares antigos que renasciam em cada Primavera. Note: se tivesse havido milagres como os evangelhos narram, isso teria sido notícia por todo o Império Romano! Se Ele tivesse ressusciado, teria aparecido a todos os que o condenaram para provar o seu suposto poder sobre a morte e não apenas a meia dúzia de discíplos ou conhecidos. Tudo isto teria sido relatado pelos historiadores da época, sobretudo Flávio Josefo, Fílon de Alexandria e Suetónio. Mas estes nada dizem sobre Jesus... E, por hoje, basta. Ao seu dispor para qualquer dúvida.
    Cordiais saudações!

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  3. O sr ficciona e não tem fundamentação nenhuma para afirmar o que afirma. Pode continuar a ficcionar, tenho-o lido, mas é só isso, ficção.
    Bons romances!

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  4. Caríssimo Cisfranco,
    Não é só ficção, apesar de não haver documento algum, real ou forjado (como forjados foram os evangelhos que, embora a Igreja diga o contrário, todos os exegetas sabem que não pretenderam fazer história mas firmar na Fé os primeiros cristãos, que já "possuiam" um Jesus mitificado em Cristo, inicialmente, mais por força de Paulo do que dos próprios discípulos) que relate a vida de Jesus dos 12 aos 30 anos. Nem os dois grandes historiadores da época - Flávio Josefo e Fílon de Alexandria - lhe fazem qualquer referência, sendo este facto uma prova irrefutável de que o "alarido" que os evangelhos fazem à volta dos supostos milagres de Jesus, incluindo a sua ressurreição, etc., etc., foi tudo inventado para firmar aquela mitificação. Porque não é pura ficção ou tudo ficção? - Baseio-me na História do tempo e dos costumes dos ricos comerciantes judaicos, cujas fronteiras de comércio se estendiam até à Índia e Tibete. Aliás, os ensinamentos de Jesus sobre o amor ao próximo e a fraternidade universal têm muita influência do budismo. Em próximo texto, referir-me-ei tb à sua visita à comunidade dos essénios. Foi no Oriente e com os essénios que aprendeu as "artes de curar", artes que teria evidenciado na sua vida pública, obviamente não com a espectacularidade nem com a panóplia de que falam os evangelhos: "os coxos andam, os cegos vêem, os mortos ressuscitam..." Não conheço documento algum que inclua Jesus naquelas paragens; são, obviamente suposições, mas deduzidas à posteriori da actuação de um Jesus que, tirando a sua divinização/mitificação, se aceita como bastante real a descrita pelos evangelhos.

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