quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Interregno, mais um!

Ausente. Cheguei. Do fim do mundo: a Patagónia Austral. Um mar de belezas naturais com neves eternas, glaciares tremendamente belos, mas recuando dos vales para as montanhas devido ao aquecimento global. A Natureza num dos seus mais belos esplendores.
Pela tarde, na FNAC do Colombo, mais uma apresentação do livro de Anselmo Borges “Quem foi, quem é Jesus Cristo”, assessorado por Maria de Belém (que pouco de interessante disse) e a sumidade em estudos bíblicos, Carreira das Neves (que falou biblisticamente, sem nada acrescentar de concreto ao que não se sabe sobre quem foi Jesus Cristo).
Conclusão: nem A. Borges nem Carreira das Neves ultrapassaram o impasse essencial em que vegeta o cristianismo: as suas obscuras, confusas, nebulosas origens, sabendo eles, melhor que ninguém, que os evangelhos não são documentos históricos, logo pouco contando para se saber quem foi JC, nada de verdade havendo nos inúmeros milagres ali proclamados atribuindo-se a sua autoria ao mesmo JC, a acabar na sua suposta ressurreição - base de todo o cristianismo nas palavras de Paulo, o seu grande fundador - mas nitidamente não o querendo admitir, pois continuam no erro crasso da Igreja que é: fazer exegese, análise, interpretações da Bíblia, neste caso do NT, sem pôr em causa a própria Bíblia como história de factos que mereçam alguma credibilidade onde assentar a fé dos crentes. Sobretudo no essencial: Jesus Filho de Deus, nascido de uma Virgem por obra e graça do Espírito Santo, num povo problemático – o povo judeu – (aliás, poderia ser outro?!!!), numa época problemática política, social e religiosamente para o mesmo povo. É o eterno argumento incontornável do Tempo, ou da oportunidade no Tempo, a que Carreira das Neves mais uma vez não soube responder, como AB se esquiva, sempre que com ele é confrontado, a fazê-lo: porque enviou Deus o seu Filho há dois mil anos e não hoje com todas as novas tecnologias da informação? porque naquele povo e não em outro mais pacífico? porque só há dois mil anos quando o Homem existe há vários milhões? porque ressuscitou sendo apenas visto por meia dúzia de amigos e não todo o mundo conhecido de então se Ele vinha para redimir todo o mundo e salvar todos os Homens, levando-os para o Reino de Deus, Reino que não se sabe bem o que é? porque para redimir o Homem de um pecado original inexistente (só vem na Bíblia que não é livro histórico, mas de crenças religiosas fantasiadas pelos seus escritores/autores/inventores)?
Enfim, mais uma vez, se fugiu à Verdade ou não se quis encarar a Verdade: o cristianismo tem bases de barro e contra isso não há exegese ou interpretação da Bíblia que valha à Igreja ou a qualquer dos seus representantes. No entanto, vão vendendo livros, falando de um Jesus que apenas foi um judeu de ideias revolucionárias para o seu tempo, pagando com a vida a defesa de tais ideias..., mas tornado em mito - o Cristo, o Ungido, o Messias, o Filho de Deus - pelos seus seguidores, sobretudo Paulo, livros alguns até bem escritos, mas que nada dizem que interesse à problemática do Homem: ser um Ser do Tempo e querer prolongar-se pela eternidade!... Que ingenuidade ou fatuosidade a "deste" Homem, Santo Deus!

4 comentários:

  1. ..."mais uma apresentação do livro de Anselmo Borges “Quem foi, quem é Jesus Cristo”, assessorado por Maria de Belém (que pouco de interessante disse) e a sumidade em estudos bíblicos, Carreira das Neves (que falou biblisticamente, sem nada acrescentar de concreto ao que não se sabe sobre quem foi Jesus Cristo). "

    Mas o mundo espera que com as suas investigações todas as dúvidas desapareçam...

    Desejo-lhe boas festas e continue a escrever que ao menos tem mais hipóteses de não vir a ter Alzaihmer.

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    1. Caro "mordaz" amigo Cisfranco!
      Primeiro, muito obrigado e retribuo Boas-Festas natalícias (embora, como mesmo Carreira das Neves admite, o Natal nunca tenha existido, pelo menos como o "pintam"). E garanto-lhe que, se continuar a ler-me, nunca a "Srª" Alzaihmer lhe baterá à porta!...
      Depois, tendo já lido o livro de ABorges, tendo tb estado presente no colóquio que lhe deu origem, reafirmo que, afinal, os teólogos nada sabem de claro acerca do assunto JC. Tudo teorias mais ou menos arquitectadas, fazendo exegese sobre textos (Evangelhos, Paulo, etc.) que ora lhes merecem total confiança, ora são colocados em causa, pelas contradições que encerram em pontos fundamentais, como o é a ressurreição de Cristo. Mas, como sabe, isto dava uma interminável conversa... sem Fé! (Ou com a Fé de cada um.) Renovo-le votos de Boas-Festas. E até sempre, enquanto andarmos por aqui...

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  2. Que bom que tenha realizado essa viagem.
    Cumprimentos
    Irene Alves

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    1. Caríssima amiga Irene!
      Há quanto tempo não a via por aqui! Realmente foi a "viagem da minha vida!". Aquilo é uma beleza absolutamente inaudita: glaciares cuja frente tem dezenas de metros (até 70!) de altura e cujas torres se vão aqui e acolá desmoronando com enorme estrondo. Uma maravilha única!
      Tenho ido ao seu blog de vez em quando. Muitos parabéns pelo número, cada vez maior, de "fans". Aliás, bem o merece pela beleza dos doc.s que apresenta. Hoje voltarei lá deixar uma msg.
      Boas-Festas natalícais, acredite ou não no Natal, pois, queiramos ou nao, é uma ralidade incontornável.

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