segunda-feira, 23 de maio de 2011

O Deus das religiões conhecidas não pode existir(6/6)

Terminando a nossa saga sobre o Deus impossível das religiões, falemos de Alá, o Clemente, o Misericordioso, como se diz no início de cada Sura do Corão! Ora, quem é Alá?
Poderemos dizer que Alá é a palavra árabe para dizer “Deus”. E o primeiro preceito do Corão é que todo o Homem deve acreditar que “Só Alá é Deus e Maomé, o seu profeta”, isto é, só Maomé teve o direito, certamente por escolha de Alá – Alá que ignorou o Javé judaico e o Pai de J.C. – de ter recebido a mensagem vinda de Deus – neste caso por intermédio do arcanjo Gabriel – e o dever de a transmitir aos Homens, como imprescindível para a sua salvação eterna, obviamente no Paraíso de todas as delícias! Mas a prova mais evidente de que este Alá não é nem Clemente nem Misericordioso é o facto de, quer dentro da própria religião muçulmana, quer no confronto com as outras religiões, antigamente como actualmente, com os judeus e cristãos e suas civilizações, permitir ou apoiar divisões e querelas. Infelizmente, divisões e querelas de ódio e morte! Muitas mortes!
Dentro da religião, digladiam-se Sunitas e Xiitas, aqueles acreditando que Abu Bakr, discípulo de Maomé, é o verdadeiro continuador do profeta e sua revelação, estes, atribuindo tal prerrogativa ao califa Ali, genro de Maomé, por estar casado com Fátima, a filha do profeta. Só por isso, santo Alá!... (Claro que não se devem esquecer as tristes guerras e os permanentes conflitos entre católicos e protestantes, ao longo da História!...)
E se, às vezes, o Corão parece contemporizar com as outras religiões e aceitá-las, também apela à guerra santa, levando ao descalabro em que se encontram actualmente as relações dos povos muçulmanos, em geral, com os povos de civilizações judaico-cristãs. Não deixa de ser paradigmático, sejam quais forem as interpretações dadas, o versículo – um dos que Salman Reshdi chamou de satânicos – "Matai-os onde quer que os encontreis e expulsai-os de onde vos expulsaram, porque a perseguição é mais grave do que o homicídio. Não os combatais nas cercanias da Mesquita Sagrada, a menos que vos ataquem. Mas, se ali vos combaterem, matai-os. Tal será o castigo dos incrédulos." (Sura 2-191). E que dizer de uma religião que leva os seus crentes a imolarem-se por causas mais ou menos absurdas, todas sem excepção, desumanas? Sempre com efeitos destruidores de vidas inocentes?  Com os olhos postos num suposto Paraíso cheio de delícias, entre as quais, as sexuais, falando-se de dezenas de virgens à espera daquele que se imola pela "causa de Alá"?! Existindo Alá, não deveria vir pôr cobro a tal irracionalidade?!!!
Parecendo ser estes os motivos principais que movem os muçulmanos, até se esquecem os cinco pilares do Islão: acreditar e propagar que Alá é o único Deus e Maomé o seu profeta, orar cinco vezes ao dia, dar esmola, observar o ramadão, ir a Meca pelo menos uma vez na vida. (Aliás, diga-se sem medo, que são pilares interessantes, mas não totalmente abrangentes da realidade humana!)
Resta referir que o Islão, por muitas interpretações que se façam de suras polémicas a respeito, não igualiza homens e mulheres, sujeitando de maneira ignóbil estas àqueles (Veja-se, entre outras, a paradigmática sura IV, 38: "Os homens são superiores às mulheres pelas qualidades com que Alá os elevou acima delas e porque os homens gastam os seus bens a dotá-las. As mulheres virtuosas são obedientes e conservam cuidadosamente, durante a ausência de seus maridos, o que Deus lhes confiou. Deveis repreender as que dão sinais de desobediência; podeis pô-las em leitos à parte e bater-lhes; mas, desde que obedeçam, não procurareis mais motivos de querela. Alá é excelso e grande."), ficando, portanto, muito longe da fraternidade universal de Jesus Cristo, na qual há igualdade entre todos os seres humanos, na Terra e nos Céus.
Concluímos, pois, que Javé do AT e Alá do Corão serão semelhantes em advogar a violência até à morte e ao extermínio, sendo, portanto, deuses impossíveis. A crueldade e a desumanidade nunca poderiam caber dentro de um espírito divino! Mas, a cada um a sua escolha e o seu juízo!

3 comentários:

  1. Bom dia, Francisco! Ora cá está a tal página 6 de 6 que motivou assim como que a presença duma mosquinha na minha cabeça e que me fez vir aqui algumas vezes procurá-la ...
    Pois é, Francisco, li esta última página, novamente com muito interesse. Apesar de conhecer o que refere, senti uma revolta muito grande no meu estômago, muito pelas verdades nela referidas, mas muito mais por outras duas razões: por ser – direi com muita mágoa - imPOSSÍVEL acabar com o flagelo das lutas em defesa de fanatismos baseados em escritos duvidosos, mas tambem - E SOBRETUDO - porque a cultura das pessoas não será nunca tão abrangente que inclua o conhecimento profundo das verdades que refere neste magnífico texto. Isto porque não existe, nas escolas, uma alínea que as ponha em discussão, ajudando os jovens a "viver em verdade". Como poderá ler-se num texto que levei a concurso, eu defendo uma completa remodelação na educação e no ensino, bem alicerçada numa base bastante dilatada pois abrangeria a família. Sei que isso só resultaria se fossem tomadas medidas muito concretas, dificílimas de gerir, mas seria a única solução para chegarmos a atingir resultados benéficos a todos os níveis. Consciencializar não chega, remendar situações, muito menos. Estes são atos que só poderão surtir efeito se, paralelamente, forem alterados princípios de base, desde o nascimento de qualquer ser humano. Mas enfim, haveria muito que dizer e não será aqui, depois deste TEXTO DE VERDADE VERDADEIRA, que deverei abordar um tal tema.
    Ficando à espera de mais …, termino com uma frase minha onde tento explicar o motivo porque continuarei numa busca contínua de algo que ainda não percebi:
    "Viajando entre o desconhecido, o que lhe dizem ser verdade, a sua procura da verdade e uma realidade que pode não o ser, mais tarde ...., está o Homem, um ser que gostaria de sentir que veio ao Mundo por um motivo, quem sabe se sem ele, mas que o tornou condutor de uma série de fenómenos que eu, pessoalmente, gostaria de perceber."
    Contudo, acredito na verdade que deu corpo a este seu texto e na sua luta pela descoberta e divulgação de mais verdades.

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  2. Maria Letra,
    Certamente, o seu modelo de educação basear-se-ia no conhecer o mundo e no conhecer a Verdade física e metafísica, tanto quanto a Ciência alcança e o método científico exige; isto para além de ser uma educação para a fraternidade universal. Mas tal modelo dificilmente passará de um ideal, pois a natureza humana aponta para outros caminhos onde os objectivos nem sempre são claros: os interesses egoístas e outros sobrepõem-se às boas vontades e às boas ideias que vão surgindo...
    Enfim, resta-nos combater, pelos meios ao nosso alcance, para que os ideais se aproximem cada vez mais do que devia ser a realidade.
    Saudações!

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  3. O problema não está na crença da existência ou não de Deus, pois se existimos é porque algo nos criou. O problema está na natureza do criador. O Universo é infinito, portanto, nada pode criar o Infinito, uma vez que nada pode ser maior que ele. Então só nos resta uma alternativa: O próprio Universo é o criador. Mas como o Universo seria o próprio criador? Sabemos que tudo no Universo é regido por uma linguagem matemática. Hoje, os cientistas já sabem queo universo todo é permeado por uma energia. Eles a chamam de Energia Escura, porque não a vêem. Ora, uma Energia infinita e regida por uma linguagem matemática é uma Energia Inteligente. Logo, o próprio Universo é um campo infinito de energia inteligente, mas não Consciente, pois não faz sentido a existência de um ser que não conhece sua própria dimensão, já que é infinito (pelo menos, segundo Huberto Rohden esta forma de consciência que conhecemos). Esta teoria se encaixa na filosofia taoista que diz: Tao (o Universo Imanifesto, Deus) gera Ki (uma energia secundária já pertencente ao universo relativo), pois se divide em Yang e Yin e gera tudo que existe. É daí, talvez, que surgiu a frase “Deus criou o universo” traduzindo como Tao (o Universo Infinito) criou Ki (o universo relativo), somente assim ela faz sentido. E isso me leva ao conceito de que estamos dentro de um CHIP INFINITO, o Universo com todo seu mecanismo interno seria, portanto, um COMPUTADOR INFINITO, não manobrado por alguém de fora como no filme Matrix, mas manobrado por nós mesmos. Qualquer coisa que quisermos fazer podemos, desde que obedeçamos suas leis (manifestadas na matemática, física e química). Para quem quer se aprofundar neste assunto escrevi o livro O MITO DO DEUS PAI publicado pela EDITORA BIBLIOTECA 24X7 e que pode ser adquirido diretamente no SITE DA EDITORA ou na LIVRARIA CULTURA. Ele discute o Universo Inteligente, senhor de sua própria criação. Entretanto, este não é um livro materialista, pois mostra que somos quantidades ínfimas de energia gerada pela vibração da Inteligência Infinita até adquirimos consciência através das sucessivas reencarnações em corpos materiais até evoluirmos para Seres Superiores (Espíritos de Luz).
    Infelizmente, este é um assunto sobre o qual as pessoas se recusam a falar e até a pensar. Elas têm medo, horror mesmo do desconhecido e isso leva ao comodismo de aceitar as explicações burlescas dos religiosos inclusive de que quando se sofre é por que o deus pai gosta muito de nós e está nos pondo a prova para ver nossa o grau de nossa fé. Esta é a desculpa que os religiosos têm par justificar a miséria humana. Como psicanalista posso assegurar que esta é uma atitude de transferência dos nossos pais biológicos que nos protege quando criança para um pai mais poderoso que nos protegerá quando adultos. Recebi um E-mail que trazia uma lenda cherokee da iniciação de um jovem ao estado adulto. Nela ele ficava de olhos vendados a noite toda a mercê de toda sorte de perigos, mas ao acordar e tirar a venda dos olhos viu que seu pai estava ao lado dele o tempo todo. Comparava a mensagem a Deus nos protegendo. Respondi então: Se Deus está ao nosso lado, por que então ele não protege seus "filhos" como o pai do índio e evita tanta desgraça, tanto assassinato no meio do mundo. Pedro Cabral Cavalcanti – pcabralcavalcanti@gmail.com

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