segunda-feira, 21 de março de 2011

O Deus das religiões conhecidas não pode existir(1/6)

Não pretendendo alongar-nos, vamos iniciar, hoje, uma análise de credibilidade ao Deus que nos é proposto pelas religiões monoteístas, esquecidos que foram os politeísmos das antigas civilizações como a egípcia, a suméria, a mesopotâmica, a caldaica, culminando na panóplia dos numerosos deuses gregos e, mais tarde, nas não menos numerosas divindades romanas.
Sem nos embrenharmos, pois, pelos antigos politeísmos, referindo-nos apenas ao Deus dos três monoteísmos actuais, proporíamos, em síntese, cinco tipos de razões para afirmar que “O Deus das religiões conhecidas não pode existir!”: históricas (1), ontológicas (2), racionais (3), existenciais (4) e psicológicas (5).
1 – Históricas:
    O Homem (ou hominídeo cuja consciência de si mesmo desconhecemos completamente) existe há cerca de 7 milhões de anos e o homo sapiens sapiens (de que o Homem actual é o descendente directo) há cerca de 40 mil; as religiões monoteístas existem apenas há cerca de 4 mil anos, (c. 3 mil para os judeus, c. 2 mil para os cristãos, c. 1380 para os muçulmanos) portanto, sem qualquer relevância, importância ou impacto – o mesmo é dizer veracidade! – no tempo. Então, ironicamente, poder-se-ia perguntar: “Acaso andou Deus distraído, esquecendo-se dos Homens que nasceram, viveram, morreram e se condenaram durante 6,993 milhões de anos, ou, digamos para o sapiens sapiens, 36 a 38 mil anos, para só agora vir salvá-los, oferecendo-lhes o Paraíso, se cumprissem os seus mandamentos?” Seria de uma injustiça abissal e, claro, impróprio de um Deus cujos atributos de perfeito, eterno, infinito, omnisciente, todo-poderoso não o permitiriam. Então a conclusão é óbvia: nada do que as religiões nos disseram ou nos dizem acerca do seu Deus é verdadeiro.
2 – Ontológicas:
    O ser Deus é simultaneamente de grande e obscura complexidade ou de clara simplicidade. Ou existe como ser independente da matéria, fora do criado e do possível, fora do existente, i. é., fora do Universo visível e invisível – o que se torna incompreensível dada a sua própria natureza de infinito e eterno – ou é Ele próprio – muito mais lógico – todo o existente, todo o possível, toda a realidade em que nos inserimos, embora como seres ontologicamente diferenciados, mas todos fazendo parte dessa mesma realidade. Assim, nós seremos partículas do Deus sempre vivente, infinito e eterno porque se é infinito contém tudo e, se é eterno, nunca poderá deixar de ser e de conter tudo em qualquer momento do tempo. Conclui-se, deste modo, que o Deus das religiões é, ontologicamente, de existência impossível. Conclui-se também que Deus, a existir, será forçosamente um Deus no mais puro conceito de um panteísmo universal: tudo é Deus!
Das razões racionais, existenciais e psicológicas, falaremos no próximo texto. Até lá!

7 comentários:

  1. Ótimo texto amigo. Bom dia, que seu final de semana seja ótimo em companhia dos que lhe são caros. “A Paz Universal não é uma utopia, é formada de pequenas sementes, ao homem cabe arar e adubar a terra infértil para semeá-la”. Abraços

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  2. Olá, Vera!
    Só é pena que os homens do poder pensem mais em fazer a guerra, por interesses económicos, claro, do que em semear as sementes da paz! Como parece que o tempo dessa sementeira nunca mais chegará com os modelos sócio-económicos que oprimem os Homens, para que a utopia não se prolongue ad eternum, há que lutar pela mudança de tais modelos. O Homem ganancioso e egoísta jamais mudará. Só obrigado e sob fortes leis a que não possa escapar. Veja meu blog "Ideias-Novas".
    Saudações!

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  3. Boa Noite meu amigo Francisco. Agradeço teu comentário e responderei ao teu questionamento através de minha visão pessoal. Nosso Universo é composto de Matéria e de Energia, estudados por grandes Mestres das Ciências Exatas para produzir o que denominados de “conhecimento”.
    Existem outros Mestres que fazem parte da ciência natural, não reconhecida cientificamente e se dedicam ao estudo da Hierarquia Cósmica, composta por quatro elementos bases, Fogo/Ar/Água//Terra (matéria sutil), bem como, a Energia Espiritual que permeia o Universo e tudo que dele faz parte. Neste estudo, o homem substitui os cálculos lógicos pela observação, através de sua inteligência mental e do despertar de sua consciência interior.
    Especificamente, com relação ao assunto da meditação em cristais, “mistérios de natureza superior”, se referem ao Ocultismo, definido como a “ciência que trata de coisas que transcendem a percepção sensorial e são geralmente pouco conhecidas", possibilitando uma pessoa em estado meditativo captar respostas, pois o que é oculto para uma pessoa pode ser perfeitamente, compreensível à outra.
    Completei no final de 2010, meus quarenta anos de trabalho dentro das Ciências Esotéricas, o que me traz uma grande realização pessoal.
    Um carinhoso abraço.

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  4. Ola Francisco
    Agradeço a visita. Este texto está muito bem escrito, gostei de o ler. Concordo que tudo é Deus, pois considero que Ele está presente em nós.
    Um beijo amigo e um bom domingo.
    Maysha

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  5. Olá, Vera!
    Foi um prazer ler o seu comentário. 40 anos dedicados ao exoterismo são uma vida, caramba! Ainda bem que lhe deu prazer espiritual e paz interior. Aliás, esse prazer e essa paz são a única coisa boa que é oferecida ao Homem pelo exoterismo, o ocultidsmo, o espiritismo, as filosofias existenciais, as religiões. O que não é pouco, diga-se em abono da Verdade! Mas 40 anos certamente levaram-na a distinguir entre Ciência, baseada na experimentação e observação, e o resto baseado na fantasia, não podendo, portanto, chamar-se de Ciências exotéricas. É um abuso e uma apropriação indevida. É como dizer que a Astrologia, por muito de interessante que tenha, é uma Ciência. Este é outro abuso que dá muito dinheiro a ganhar a muito astrólogo que se diverte a enganar o próximo com adivinhações astrais, oferecendo remédio para tudo...
    Saudações! Gostarei de aprender mais consigo, embora sendo crítico de ideias que não me parecem correctas.

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  6. Muito obrigado pela partilha. Cada vez mais se vai falando abertamente destes temas em Portugal, e ainda bem. Sinal de que está a acontecer um mudança social. Estará a democracia a evoluir rumo à pluralidade?

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  7. Bom dia, Francisco!
    Normalmente, se um texto vem com o número de páginas nele referido, eu espero pelo último porque gosto de ter uma ideia global do que o autor nele defende. Dado que não vejo a pág. 6/6, eu vou comentar uma por uma pois disponho de tempo para o fazer.
    Ora foi aqui, no que transcrevo, que fiquei presa:
    ... "Assim, nós seremos partículas do Deus sempre vivente, infinito e eterno porque se é infinito contém tudo e, se é eterno, nunca poderá deixar de ser e de conter tudo em qualquer momento do tempo. Conclui-se, deste modo, que o Deus das religiões é, ontologicamente, de existência impossível. Conclui-se também que Deus, a existir, será forçosamente um Deus no mais puro conceito de um panteísmo universal: tudo é Deus!"
    Dado que o meu "Deus" é a Natureza - vivente, infinita e eterna - eu compreendo seja uma das suas partículas, que quando velha, desaparecerá "com uma grande pinta"... e que a Natureza, na sua omnipotência, substituir-me-á por outra(s) que irá(ão) nascendo. Até aqui, estarei errada, Francisco?
    Mesmo quando aceito ela seja eterna, eu estou a acreditar que, mesmo que o sapiens sapiens destrua "este" planeta, ela se encarregará de recriar vida, mesmo que noutras formas ...
    Estou a gostar. Vou passar pág. 2.

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