segunda-feira, 28 de março de 2011

O Deus das religiões conhecidas não pode existir (2/6)

Depois de razões históricas (1) e ontológicas (2), debrucemo-nos sobre razões racionais (3), existenciais (4) e psicológicas (5)
3 – Racionais:
    Deduzem-se das duas anteriores: se, racionalmente falando, pela sua própria definição de infinito e eterno, não pode haver um Deus independente do tempo e do espaço, nem de tudo o que pertence ao tempo ou existe no espaço, também não pode esse Deus, a um dado momento de tempo – há apenas 2 a 4 mil anos! – ter-se “lembrado” que havia um ser inteligente a quem chamamos Homem e que “precisava” que Ele interviesse na sua História para o salvar e redimir dos seus desmandos e pecados ou dar-lhe as suas divinas leis. Isto é não só um absurdo, mas um verdadeiro atentado à inteligência de qualquer ser humano! Não podemos, pois, aceitar nenhuma das teorias dos mentores religiosos, quer dos seus fundadores, quer dos seus propagadores, logo, aceitar como válida ou credível qualquer religião existente.
4 – Existenciais:
    Consciente ou inconscientemente, todo o Homem anda à procura da Verdade. Todo o Homem gostaria de saber o que, para além de ter tido o privilégio da Vida – privilégio negado aos incontáveis que ficaram, ficam e ficarão para sempre na hipótese de ser! – o que faz aqui, donde realmente vem e para onde realmente vai: se se perde no Nada e regressa ao Nada de onde veio, se há vida que lhe seja possível para além da morte. Esta é uma procura que lhe dá direito a tudo questionar já que não há nenhuma religião ou filosofia que satisfaça a sua sede de compreensão da Realidade que faz parte da sua própria natureza de ser racional e inteligente. Mitos ou fantasias em que se baseiam todas as religiões, para quê e a quem servirão? Ao Homem não é, de certeza! E, obviamente, não lhe dão resposta credível às suas angústias existenciais.
5 – Psicológicas (the last but not the least!):
    Há duas verdades que explicam as valências do paranormal e do sobrenatural que inundaram as civilizações antigas e pontificam nas actuais. Primeira: o Homem não aceita de boa mente ser ser racional e acabar-se com a morte como qualquer ser vivo à face da Terra; daí o seu desejo de vida eterna a colmatar do modo menos irracional possível, não tendo tido até agora outra alternativa a não ser a da fé. Segunda: o Homem desconhecia e, apesar da avassaladora evolução da Ciência, ainda desconhece uma infinidade de coisas acerca de si próprio, mas, sobretudo, da realidade que o rodeia, desde o átomo à composição e limites do Universo, não sabendo se este é infinito e eterno, passando por todas as forças vivas da Natureza onde se insere, olhando o firmamento belo, sim, mas cheio de mistérios. Então, para explicar as dúvidas que sempre o atormentaram e continuam a atormentar, resolveu-se pela existência de, primeiro, deuses e, depois, mais recentemente, de um deus único pela impossibilidade ontológica da existência daqueles. Invenções ou efabulações, obviamente! E, obviamente, sem qualquer credibilidade!

2 comentários:

  1. Caro Francisco,

    Razões ...

    1) Históricas: talvez não tenha sido Deus que estivesse distraído ... mas o ser humano;

    2) Ontológicas: se todo o existente fosse o que existe materialmente ... mas será preciso justificar esta "crença" para que o argumento faça sentido.

    3) Racionais: qual a relação entre a definição de infinito e eterno, e tempo e espaço? Se Deus transcende o mundo está para além do tempo e do espaço, de tal modo que o tempo na eternidade não é feito de momentos, ou o lugar para além do espaço não é mapeável. Porém, a teologia Cristã afirma que Deus é também imanente, estando mais próximo de nós, de que nós relativamente a nós próprios. Assim, não vejo como sustentar racionalmente estas razões e generalizar para a negação de Deus.

    4) Existenciais: afirma que todos procuramos a Verdade. Concordo, uns chamam-lhe "resposta credível às angústias existenciais", outras chamam "Amor", como dom-de-si-mesmo, pois Deus é Amor. Por vezes essa resposta está à nossa frente, mas sem os óculos da fé, nada nos garante que não estejamos a sofrer de miopia existencial. O mesmo poderia ser dito no sentido inverso e o miope ser o crente. Assim, a via segura é a de fazer a experiência, compreendê-la inteligentemente, antes de ajuizar sobre o se compreende da experiência que se faz. Assim, existencialmente, como fez a experiência da inexistência de Deus?

    5) Psicológicas: penso que passa da experiência para o juízo, sem passar pelo passo da compreensão. Quando eu era mais jovem ainda pensava que "Deus poderia ser uma explicação inventada pelos homens para explicar o que não conheciam", rementendo a Sua existência para um factor de subjectividade psíquica. Hoje, isso não faz qualquer sentido perante a experiência que se pode fazer de Deus, no mais simples gesto de amor ao próximo.

    Caro Francisco, nem tudo é assim tão óbvio ...

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  2. Não tenho qualquer comentário a fazer dado que, tal como referi na página anterior, "o meu Deus" é a Natureza. Portanto, o que defende aqui, dá força à minha convicção de que o Deus que venera um grande número de pessoas, não existe.
    Passo à página seguinte, continuando a minha procura, também nestes seus textos, dum Deus que ultrapasse "o meu".

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