segunda-feira, 7 de março de 2011

A Bíblia: livro sagrado ou simplesmente humano? (6)

Encerramos, hoje, esta nossa “discussão” genérica sobre a Bíblia! E, não tendo a Bíblia nada de divino, sendo apenas documento humano, devemos perguntar qual o seu interesse. A resposta não pode ser outra senão: enormíssimo! Ou não fora ela o produto de toda uma cultura de uma região onde nasceu a civilização humana, desde a escrita com os fenícios até às religiões, primeiro, politeístas (egípcia, caldaica, etc.) depois, monoteístas (judeus e cristãos, vindo os muçulmanos a aparecer apenas no séc. VII d.C.). Ou não seja ela, hoje, o livro mais traduzido do mundo, embora tudo leve a crer que não seja o mais lido, pelo menos com elevado espírito crítico...
Do AT, destacaríamos várias histórias encantadoras, como a de Ester, a de Judite, a de Tobias, a de Salomão, a de David e Golias; mas também maravilhosos salmos de louvor ou de agonia perante a dor e o sofrimento; e ainda, os quatro livros maravilhosos e cheios de ensinamentos existenciais que dão pelo nome de Eclesiastes, Eclesiástico, Job e Sabedoria; enfim, o maravilhoso Cântico dos Cânticos, um belíssimo poema de amor que, obviamente, nada tem de divino...
Os livros históricos e os proféticos não passam disso mesmo. E se os primeiros merecem, aqui e acolá, alguma credibilidade, os segundos são apenas estilos de escrita para propagarem acontecimentos ou já ocorridos ou facilmente previsíveis, dado o rumo político dos acontecimentos de então.
Do NT, são incontornáveis, nos evangelhos, a história da mulher adúltera: “quem não tiver pecado que atire a primeira pedra”, a história do bom samaritano, o encontro de Jesus com Madalena e o emocionante encontro de Jesus com a Samaritana, os ensinamentos do mesmo Jesus, promulgando urbi et orbi o amor ao próximo. Não referimos os seus supostos milagres, por serem puras invenções dos evangelistas para tornarem o seu Cristo credível como divino, desde o seu nascimento rodeado de mistérios, sendo o principal o ter nascido de uma virgem, ao modo dos deuses solares antigos, até à sua suposta ressurreição com todos aqueles episódios que conhecemos como pouco ou nada credíveis por escassos e contraditórios. No Apocalipse, cúmulo de imaginação fantasmagórica, e nos Actos dos Apóstolos onde a realidade, mais uma vez, Lucas, já o autor do evangelho do seu nome, mistura com a fantasia, nada há de notável. Notável, sim, é a epístola de Paulo aos Coríntios, sobre o amor (ICor.13): “Ainda que eu falasse todas as línguas, as dos Homens e as dos anjos, se não tivesse amor, seria como sino ruidoso ou como címbalo estridente! Ainda que...” Vale a pena ler e reler todos os versículos.
E assim, faremos uma leitura correcta da Bíblia, leitura que nos delicia com as belas narrativas atrás referidas e que valem a pena. Essas perdurarão pelos séculos. Tudo o resto é fogo-fátuo que, dentro de talvez nem um milénio, estará completamente no esquecimento, pois no esquecimento estarão as três religiões monoteístas que lhe dão alento e continuam a propagar, pelo mundo, a Bíblia como “O livro da Verdade, o livro de Verdades eternas reveladas por Deus”! Obviamente, uma total falsidade!

5 comentários:

  1. Olá amigo! Li as suas postagens sobre a bíblia da primeira a última e só agora vou deixar meu comentário. A Bíblia é um livro de grande sabedoria que narra histórias, mitos, ideologias, escritos por homens que foram os verdadeiros fundadores da religião e não Deus ou Jesus como a igreja nos costuma fazer acreditar. A bíblia foi escrita por homens reais e, diga-se de passagem, por conveniência aos acontecimentos da época, o que não é diferente de hoje, ideologias implantadas para atender interesses vigentes e não por inspiração divina, isso é incontestável. A Bíblia continua sendo instrumento alienador utilizado pelas “Empresas Eclesiais” que utilizam o discurso bíblico para levar o ser humano a submissão, a aceitar o seu “destino” através de uma obediência passiva, de forma incontestável, pois “tudo é predeterminado”, ou seja, a castração do seu livre pensar em benefício de uma “divindade”. Enfim, inúmeros são os questionamentos... Mas concluo com o pensamento de Rubem Alves do livro O Deus que Conheço:
    “ Amo a sombra de Deus. Mas ele mesmo nunca vi. Sou um ser humano limitado. Só sou capaz de amar as coisas que vejo, ouço, abraço. Beijo..”. p.91
    Bjusss.

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  2. Amigo francisco!
    Só para lhe desejar uma boa semana. Pois estou sempre lendo o que escreve e me revejo em seu pensamento e sabedoria. Concordo com o que diz.

    Um abraço e continue que eu vou lendo.

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  3. Olá, Zélia!
    A sua análise é perfeita. Haverá, claro, muito mais a dizer sobre assuntos específicos das religiões e seus livros ditos sagrados. Iremos abordando-os por aqui, com o intuito de elevar a racionalidade humana sobre tão prementes realidades que, quer queiramos quer não, ainda avassalam o mundo... Infelizmente, a maior parte, com fundamentalismos absolutamente irracionais!

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  4. Pois é Francisco a sua ideia é muito interessante, mas será que vai ser concretizada?
    Será que os jovens conseguiam avançar para a
    criação de um Partido Político? E obviamente
    que teria que ser muito diferente dos atuais.
    Veremos o que vai acontecer Sábado.
    Bj.
    Irene

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  5. Bom final de semana, beijokas com carinho.
    “O homem tem que acordar e analisar as mensagens que a Mãe Natureza nos passa, através das constantes catástrofes que assolam a Humanidade, pois nada é por acaso, tudo está regido pela Lei da Causa e Efeito”.

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