segunda-feira, 14 de março de 2011

“Está tudo nas mãos de Deus!”

Esta uma afirmação que ouvi a um crente muçulmano. E acrescentava: “Quando rezo e medito, na mesquita, sinto uma grande paz interior, um relax que me dá vida, me alimenta corpo e alma e me regenera. Por isso, nunca deixo de ir rezar.”
Dão que pensar estas afirmações. Depois, de termos provado à saciedade que a Bíblia não é divina coisa nenhuma – obviamente, o Corão também não, nem qualquer outro livro dito sagrado! – importa reflectir sobre o poder da religião ou da crença na vida das pessoas. Poder benéfico ou maléfico?
Diríamos que terá contornos ambíguos e ambivalentes. Seria bom que apenas prevalecessem os bons sem estarem ligados aos maus, mas...
A religião serve de catarse, de apaziguamento, de ajuda e autocontrole, sobretudo em momentos de desespero ou de aflição ou de frustração, momentos que fragilizam a pessoa humana. E quem tem fé agarra-se a estas “muletas”, sejam santos ou anjos ou a Virgem ou directamente Deus, para melhor superarem tais adversidades. No corpo ou na alma. E normalmente são as da alma as mais difíceis de “surmonter”. É que afectam de tal modo o todo que cada um de nós é que se vai o apetite, se vai a vontade de viver, nem o nascer da manhã nos trazendo ânimo, e cada pôr-do-Sol aprofundando a nostalgia e o desespero, acenando-nos com o desejo-medo da morte! No entanto, o problema das religiões são os malefícios. Não importam crenças em ressurreição, em paraísos, em anjos e Deus no meio deles, em eternidades fantasiadas... Isso até é bonito! Horrível e desumano são os traumas de pecados, de encarnações em seres horripilantes, de penitências a que o crente se sente coagido por ideias falsas de infernos e demónios inexistentes, mas que é preciso afugentar ou esconjurar, da ira de Deus que é necessário apaziguar... E lá vêm promessas, e lá vêm confissões e lá vêm medos, muitas vezes manifestados em “possessões do demónio” pela fragilidade em que as almas se encontram. E, por promessas de jejuns e abstinências, vemos crentes a rastejar até ao sangue, a chicotear-se até ao sufoco, em igrejas e santuários – veja-se Fátima em Portugal – estes parecendo ter sido criados para tal fim, pois são promessas acompanhadas de fartas oferendas que irão alimentar os actuais levitas que parasitam à volta do “Templo”! Tal como relata a Bíblia, de há dois ou três mil anos atrás!...
Não há dúvida: só uma Nova Religião baseada na Ciência e no Conhecimento, com o Deus da Harmonia Universal onde tudo se integra e que tudo integra – Espaço e Tempo – satisfará totalmente o Homem sem o alienar e o estupidificar, não o levando a acreditar em fantasias atentatórias da sua dignidade como ser humano, dotado de uma Razão que lhe foi outorgada para pensar e não para ser alienada! (Já apresentada no meu livro "Um Mundo Liderado por Mulheres", dela falaremos mais à frente). Entretanto, salve-se o algum bem que, apesar de tudo, estas “nossas” religiões oferecem aos crentes. Transpor tudo para "as mãos de Deus" não deixa de libertar a pessoa das muitas pressões a que dia-a-dia está sujeita...

6 comentários:

  1. Olá Francisco,
    Boa noite. Vim conhecer teu blog e estou aqui há um tempão. Já andei passeando, li vários posts. Muito bom seus textos.

    Nossa, esse assunto que envolve fé e ciência é megapolêmico! Para mim, todo e qualquer argumento científico que se contraponha à fé, sempre dará lugar a uma discussão bizantina. Os séculos e milênios não serão suficientes para avançar a discussão e concluir alguma coisa, pois a resposta científica pode muito bem estar na fé, que é um sentimento que não pode ser discutido racionalmente. As dúvidas e certezas da ciência, é óbvio, sempre existirão, afinal somos seres pensantes, estudamos, raciocinamos. Mas que fazer quando a ciência não consegue explicar os fenômenos que sempre foram remetidos a Deus como certeza absoluta? Mas, ad argumentandum, se, por outro lado, os cientistas concordarem com a idéia do divino, não estarão dando a mão à palmatória e abandonando teorias que resultaram de anos e anos de pesquisas? E o tempo e o dinheiro que foram investidos nisso tudo, como fica? É meu amigo, o caso é sério. Até porque, a fé ostenta uma verdade absolutamente irrespondível. Quando damos de cara com a fé, ou se acredita ou não; ou se tem fé ou não, e ponto final. Fé é uma confiança cega. A ciência, por outro lado, tem os olhos bem abertos e admite inúmeros senões, milhões de argumentos, conhecimentos, comprovações. Não obstante, arrisco-me a dizer que fé e ciência são forças que, num certo sentido, se equivalem. Têm vida própria e eterna! Rsrs. Em que pesem os estudos da ciência, parece-me que ainda não saímos do lugar, ou seja, estamos no início, na fase especulatória. Creio que esse, é um mistério fadado a ser mistério para todo o sempre, amém, rsrs! Mas, quem sou eu pra dizer alguma coisa? Caracas, cala-te boca! Só posso dizer que comecei agora a torcer pela religião que você propõe. Uma "...Nova Religião baseada na Ciência e no Conhecimento, com o Deus da Harmonia Universal onde tudo se integra e que tudo integra – Espaço e Tempo –...". E acrescento: Mas sei que, por enquanto, é apenas um ideal.

    Gostei muito de estar aqui e voltarei mais vezes, com certeza.

    Ah, quem sabe a gente coloca esse assunto científico "nas mãos de Deus", que achas? Rsrs
    Bjssssssss

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  2. Caríssima Marli!
    Precioso este seu comentário! Abrangente e descomprometido, pois aberto igualmente à razão e à fé! Realmente, parece certo que quem não tem uma religião tem uma vida mais pobre de valores, mais pobre de suportes para aguentar as agruras da vida. Mas eu luto contra estas religiões porque vejo nelas falsidade, arrogância, valoração e exploração da ignorância, e sobretudo, desumanização, ao aviltarem o Homem na sua parte mais nobre, a razão, não permitindo questionar, interrogar. É a fé!... Ora, a fé tem sido imposta ao Homem pelas religiões: fé em Deus, seja ele Javé, Alá, ou o Pai de J.C., fé na Virgem, fé nos santos, fé em Maomé. Mas é uma fé baseada em pressupostos nada credíveis embora apresentados como Verdades reveladas por Deus, exactamente para se tornarem credíveis. E fé só é ou seria válida se fosse baseada em pressupostos racionalmente aceitáveis. O que se atribui a Deus - alguns supostos milagres, por exemplo - é devido ao nosso desconhecimento ainda do mundo e das energias que nos movem, aliás, como os múltiplos deuses criados pelos antigos. A Religião que eu proponho tem a vantagem de satisfazer ao mesmo tempo a racionalidade e a espiritualidade humanas, nessa necessidade de o Homem ter um referente divino ou transcendente. Serei mais explícito quando este assunto for aqui debatido.
    Saudações cordiais!

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  3. Olá Francisco, vim agradecer tua visita e comentário no meu blog. Obrigada, valeu.

    É Francisco, essa é mesmo uma discussão bizantina. Ela se auto-alimenta e se eterniza no universo dos pensamentos e no calor dos debates. Quer saber? O raciocínio e a coerência continuam a pautar minhas ações, mas há muito abandonei a apologética em relação à fé, que no meu pensar, tem outras demandas.
    Bjsssssss

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  4. Caro amigo Francisco!
    É mais que evidente que; se não ouvesse religiões, não haveria tanto ódio e matança. As religiões, coisa inventada pelos pagãos, fanatizam e fazem com que o homem de cerbro mais fácil de ser lavado cai! E aí ficam discutindo coisas que não tem fundamento, mas para muitos até se tornam fundamentalistas. Não comprendo como é que em pleno século XXI o homem ainda acredita nestas coisas que para mim são moléstias.

    Um abraço e continue que eu o acompanho.

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  5. Não sabia que os europeus ocidentais ainda discutem a autenticidade da bíblia. Para mim a razão, desde Galileu Galilei, deveria estar norteando o pensamento e as ações do homem ocidental. De outra forma, foi em vão o sacrifício daqueles que foram queimados pela "Santa Inquisição". Aqui no Brasil, um amigo índio sempre me pergunta porque o homem branco é tão incoerente entre o falar e o fazer. Diz ele que o nosso Deus é incompetente - fez o branco cheio de defeitos.

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  6. Caríssimo Rodolfo,
    Que a razão deveria nortear toda a gente, ninguém duvida. Brancos ou de qualquer outra raça ou cor! Mas o que é que constatamos? - Que as "emoções", os fundamentalismos, os vícios, em suma, o "diabo" é que comanda o mundo. O seu amigo tem razão mas os animalismos que os índios seguem ou os feitiços a que recorrem quando em apuros, etc., certamente não serão de louvar... Por outro lado, veja a força e o aparato que continuam a ter o papa da Igreja Católica, os bispos anglicanos, os das igrejas ortodoxas, os do Reino universal, etc., etc., não esquecendo os do judaísmo, os dos muçulmanos, os dos hindus, todas as religiões à face da Terra! Todos, explorando o povo inculto!
    Só quando a luz da Ciência e do Conhecimento chegar a todas as gentes é que esta exploração das emoções do Homem poderão acabar e o primado da razão impor-se como norma à humanidade. Que, então, o mundo será mais equilibrado, não tenho dúvidas!
    E teremos um deus da Verdade, o Deus da Harmonia Universal que dia-a-dia nos vai sendo revelado pela Ciência e pelo Conhecimento da Vida e do Universo,Deus a quem bendiremos a cada manhã que se levanta, por mais um dia de vida que nos é dado viver!...

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