segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A Bíblia, livro sagrado ou simplesmente humano? (2)

Retomemos o assunto, citando novamente:

«(...) sobre o “Livro dos livros”, a Bíblia, importa dizer que a sua leitura oferece ao leitor, seja ele crente ou não, três ordens de perplexidade: primeiro, nunca saberá quando pode interpretar os textos em sentido literal como história ou histórias ou deverá lê-los metaforicamente como mito ou mitos; segundo, nunca saberá quais os livros realmente inspirados e quais o não são, pois uns são poesia, salmos, cânticos, outros puros relatos do que os judeus fizeram como povo que quis ocupar uma terra que não lhe pertencia; terceiro, nunca saberá qual a interpretação real a dar aos textos já que os apologéticos lhe dizem que a Bíblia poderá ter mil e uma interpretações... Com tanta perplexidade instalada, o leitor bíblico interroga-se sobre as “capacidades” e veracidade do Deus que dizem ter inspirado tal texto, pois não revelou sabedoria suficiente para o tornar claro e compreensível aos olhos de todos os Homens para quem, obviamente, foi escrito!»
(Do livro “Um Mundo Liderado por Mulheres”)
Estes três importantíssimos e incontestáveis handicaps terão forçosamente de condicionar e de descredibilizar tudo o que as religiões cristãs construíram baseado na Bíblia. A começar pelo seu Cristo...
E lê-se na Introdução à 3ª edição da Bíblia, da Ed. Paulus:
«Este é um livro de verdades absolutas, de verdades para todas as gerações. É o livro da VERDADE! (…) de certezas eternas, garantidas por Deus.»
Tal afirmação, além de ser de uma completa gratuitidade, aumenta a nossa anterior perplexidade: se é “livro da VERDADE”, porque necessita de tanta exegese, tanta análise, tanta interpretação, tanto simbolismo? Não deveria ser a VERDADE clara e simples para que fosse “alimento” de todo o ser humano? Dos intelectuais mas também dos néscios? Dos cultos pelos livros mas também dos que apenas - apenas? - têm a escola da vida? Estas as perguntas-base, as perguntas-chave a que nenhum exegeta dá resposta.
Afinal, nós conhecemos apenas uma verdade absoluta: num dado momento do tempo, nascemos e logo noutro morremos. O resto é outra VERDADE que até parece necessária para dar sentido a esta curtíssima vida: o prolongar-se para além do tempo. Mas como se prolonga? Apenas na matéria… eterna? E que eternidade? Uma eternidade indiferenciada ou uma eternidade em que cada indivíduo continua mantendo a sua própria individualidade? E com que espírito? Ou com que corpo? E onde? Num céu, no tal Reino dos Céus de tanto agrado de Jesus Cristo, ou num inferno, também não poucas vezes referido pelo mesmo Jesus Cristo? Enfim, como se alcança?
É desta (IN)VERDADE que todo o crente anda à procura, perdendo-se, no entanto, pelos confusos meandros da Bíblia...
(Da alma e da imortalidade, da eternidade ou do para-além do tempo, falaremos em próximas abordagens.)

8 comentários:

  1. Francisco,
    Boa noite!!!
    Vim retribuir a visita e conhecer o seu cantinho.
    Posso dar minha opinão sobre o seu poste???
    Bem pra mim a Bíblia é um livro Sagrado escrito por mãos humanas.
    Tem certas passagens como a de Paulo de Tarso que me encanta, qdo li o "Paulo e Estêvão" Chico Xavier percebi a intensidade de cada versículo biblico, é preciso ler a Biblía com os olhos da alma p/ poder entender o que cada palavra siginfica.
    Um filme tb muito interessante "Conquista de Reis" que conta a história de Ester.
    Muitos estudiosos e até mesmo vários filmes e livros contam que muitas das escrituras foram retiradas da Biblia por contêr, trechos que poderiam "manchar a Igreja Católica", não sei até onde é verdade pq nunca estudei o assunto, mas sim penso muito sobre isso, infelizmente vivemos em mundo de aparências e na antiguidade não era diferente.
    Desculpa meu comentário, mas tenho uma Fé que não é cega.
    Obrigada por me encontrar gosto de diálogos assim, onde nos faz refletir e pensar sobre as coisas que nos cercam.
    Abraços fraternos (*_*) Juliana

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  2. Olá, Juliana!
    Obrigado por ter participado. A Bíblia tem histórias muito bonitas. Ainda um dia escreverei sobre isso. Aliás, sendo a Bíblia uma recolha de muito da cultura existente naquela parte do Globo onde nasceu a civilização, desde a escrita às religiões, o Médio Oriente, não poderia deixar de comportar histórias de tal jeito e beleza. E não só histórias, mas também hinos de louvor, poemas de amor, conselhos de filosofia existencial. Aguarde, que eu escreverei. A sua Fé não é cega e isso é muito bom. Mas, para um ser humano é muito difícil conjugar a Fé com a razão. Haverá algum possível entendimento em que ambas as realidades não se agridam, pelo contrário, se complementem? - Fica a interrogação.
    Cordiais saudações. Até sempre!
    Francisco

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  3. Oieee...vou ficar aguardando o livro e não esqueça de enviar um exemplar p/ mim, adoro ler.
    Sobre sua interrogação "Haverá algum possível entendimento em que ambas as realidades não se agridam, pelo contrário, se complementem?"
    Talvez um dia qdo a humanidade for mais evoluida, poderemos discutir sobre assuntos onde não haverá discordia entre razão e emoção, aí será como vc falou as duas irão se complementar.
    é sempre um prazer conversar com vc.

    Até...*__*
    Juliana

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  4. Bom dia Francisco, em cada visita um aprendizado e em cada aprendizado novos questionamentos, pois o homem busca de forma contínua em sua existência, o "saber".Um bom final de semana, abraços.

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  5. estudei em colégio de freiras e de tanto estudar a biblia e suas contradições, acabei por me tornar descrente até de Deus. Fui me reencontrar na doutrina espirita que nos conduz à fé através da fé raciocionada. A doutrina espirita sempre esteve ao lado da ciência, por isto sobrevive, não impõe dogmas.
    Gostei do teu blog, acho interessante questionar a vida, mas se o Cristo existiu ou não, pouco me importa. Os ensinamentos que Ele deixou são valiosos e procuro segui-los, embora reconheça que um descrente de sua existência possa ser mais humano e generoso do que os que creem, tudo depende da bondade e da vontade de fazer o bem.
    Abraços.

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  6. Olá, Vera, olá, Jeanne!
    A Vera agradeço sua presença e sua empatia comigo: procuramos o saber e não embarcar em ideias feitas ou que nos dizem inquestionáveis. Aliás, não questionar é anti-humano: a nossa razão leva-nos ao questionamento de tudo e é questionando que a Ciência e o Conhecimento avançam. As religiões não podem ser excepção!
    Então, Jeanne, colégio de freiras! Colégios religiosos e afins têm duas vertentes: normalmente, têm bons profissionais do saber mas alienam os espíritos jovens com as tais ideias indiscutíveis, as verdades reveladas por Deus! Há que aproveitar as primeiras e discutir as segundas. Quanto ao espiritismo, falaremos mais tarde!
    Francisco

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  7. Olá Amigo: Não Quero entrar em polemicas, a Ciência pode avançar e avança no caso da saúde e investigação, mas só consegue estudar o que vê até ao horizonte a Partir dai nada de nada consegue investigar, se estudou teologia sabe algumas coisas, mas admira-me escrever que não sabe se houve menino Jesus? Pois como está escrito o Anjo Gabriel apareceu a Maria a 26 de março contando nove meses dá precisamente o Natal, mas como disse não quero entrar em polemicas.
    Um Abraço
    Santa Cruz

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  8. Caríssimo Santa Cruz!
    Obrigado por ter participado. Eu, aqui, não pretendo polémicas, procuro a Verdade. Quanto ao Menino Jesus ter sido anunciado pelo Anjo Gabriel a Maria - Virgem que conceberia pelo Espírito Santo - como está escrito, apenas lhe ponho uma questão: "Qual a credibilidade de quem tal escreveu para que possa ser acreditado?"
    Se quiser que eu lhe responda, diga-me.
    Quanto ao campo que a Ciência abrange, obviamente que ela só se debruça sobre o que é mensurável, mesmo que não se veja, como a luz ou os sentimentos e as emoções. O que é certo é que não deve ser pelo facto de a Ciência ainda não explicar algo ou porque algo parece inexplicável que vamos atribuí-lo a forças divinas ou espirituais, forças que estão fora da matéria e da energia quantificáveis. Temos de ser prudentes, pacientes e aguardar. Esta será a atitude mais sensata. Mas cada um é livre de acreditar em quem quiser e como quiser! Podem-nos acorrentar o corpo, mas a alma, não!... Cordiais saudações.
    Francisco

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