domingo, 20 de fevereiro de 2011

A Bíblia, livro sagrado ou simplesmente humano? (4)

Do que dissemos anteriormente, facilmente podemos concluir que de divino nada tem a História de um povo que ataca e se defende, que luta para conquistar o seu lugar na Terra, sempre evocando Javé em caso de aflição e logo adorando ídolos quando o perigo passara, voltando às fomes, guerras e exílios, castigos atribuídos ao mesmo Javé, um Deus ciumento e vingativo! Absolutamente nada! Ninguém de boa fé, ou de fé esclarecida, pode acreditar assim num Deus que inspirou homens que, durante cerca de um milénio, escreveram, compilando, em diversos livros, elementos da cultura da época, já do próprio povo de Israel, já das civilizações vizinhas, como a egípcia e a mesopotâmica! Ninguém de boa fé pode acreditar num povo que se diz eleito de Javé, que de nómada passa a sedentário, “roubando” a outros a “Terra Prometida” pelo mesmo Javé – bonita expressão, mas certamente inventada, para terem o beneplácito do seu Deus e o perdão dos Homens vindouros! Ninguém!...
Mas basta de afirmações quase retóricas. É tempo de descermos até ao coração da Bíblia e aos comentários dos seus divulgadores ou dos que dela se apropriaram. Aí, ficamos sorrindo do desplante de afirmações sem qualquer suporte racional, factual ou histórico, como as do comentador eclesiástico, na versão já citada: «O importante é que o AT é a história desse povo em aliança com Deus. Nada do que se conta a respeito de Israel está desligado do seu relacionamento com Javé, o nome com que Deus se revelou.» É que é fácil concluirmos que isso não é importante coisa nenhuma, já que tal aliança com o Deus deles nada tem de original, limitando-se a imitar os costumes da época entre súbditos e soberanos, tendo o estratega Moisés tido a brilhante ideia – uma espécie de Einstein da política daquele tempo! – de tudo reportar a Javé que supostamente se lhe revelou e do qual “recebeu” as Tábuas da Lei, revelação obviamente inexistente e leis copiadas do código elaborado pelo rei mesopotâmico Hamurabi, por volta de 1700 a.C; assim, fazendo depender de Deus todas as leis, embora emanadas dos Homens, sabia que teria sempre o povo nas mãos! Ele e os seus descendentes. Grande homem, esse Moisés! Grande inspiração! Mas não divina, claro!...

2 comentários:

  1. Querido amigo Francisco, eu acrescentaria que, o fanatismo, a "ignorância" e a soberba do passado, tomou conta das mentes de alguns, e por isso mesmo a humanidade e o planeta "paga" o dízimo da ignorância futura.
    beijos
    Mara Bombo

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  2. Olá, Mara!
    Muito gosto em vê-la por aqui, dialogando!
    Nesta história das religiões, e não querendo ser fundamentalista mas realista, temos de concordar que muitos crentes se sentem confortáveis nas suas crenças e delas fazem vida, encarando a meditaçao e reza como momentos privilegiados de relax, de conquista ou reconquista da paz interior, de retemperar energias psíquicas que se vão perdendo na labuta do dia-a-dia. Os muçulmanos têm tais momentos cinco vezes por dia. E aproveitam-nos nesta perspectiva. Boa, não é?
    Falarei neste aspecto num próximo texto.
    Até lá!
    Francisco

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