terça-feira, 4 de agosto de 2020

"Divertimento" intelectual para férias


Tema: “O Homem e Deus, numa perspectiva ontológica”

 

Pela história das religiões, sabemos que o Homem – desde que temos História – sempre reverenciou seres superiores, transcendentes ou não, para colmatar as suas inúmeras fragilidades e ignorâncias. E, assim, passou dos politeísmos – tantos deuses, santo Deus! – aos monoteísmos, continuando, mesmo aqui, com toda a espécie de crendices, de superstições, de feitiços, de medos do chamado DIVINO, estádio em que a humanidade actualmente se encontra. As manifestações desta crença no Divino estão patentes por toda a parte, em todos os povos e culturas. Do Ocidente ao Oriente, de Norte a Sul do Planeta. Em práticas religiosas, em obras de todo o tipo de arte, em costumes, festas, tradições e… superstições.

 Mas não é esta História que nos interessa. O tema de reflexão é definir bem – i.é., o melhor possível – o que é ser Homem e o que é ser Deus. E se o Homem é fácil defini-lo, quer física quer psicologicamente, Deus já se apresenta de uma complexidade enorme, um desafio à nossa capacidade intelectual de pesquisa conceptual.

Então, talvez pudéssemos deixar o Homem “em paz”, com as suas capacidades limitadas para se entender a si e à realidade que o rodeia, desde os átomos de que é feito até ao Universo onde se insere como ínfima partícula de matéria energizada e pensadora, habitando um minúsculo ponto azul perdido no imensíssimo espaço sideral…, para nos debruçarmos sobre a realidade-Deus.

Ora, quando se diz “Deus”, logo nos vem à mente a ideia de um Ser superior, transcendente, divino, celestial, fora da Terra e do Universo, o Criador de tudo o existente, uma Mente suprema, Inteligência das inteligências, Infinito e Eterno, Puro espírito…

A toda esta panóplia de conceitos, tentaram as religiões dar “arranjos” mais ou menos engenhosos conforme os seus autores/inventores/criadores, com a recorrente ideia de humanizar Deus, fazendo d'Ele, diríamos, um hominídeo superior...

Só para referir os monoteístas, Javé era/é para os judeus o seu Deus exclusivo, auto-intitulando-se “povo eleito”; para os cristãos, o Deus-Pai de Jesus Cristo era/é o Deus do amor e da compaixão pelos Homens; para os muçulmanos, Alá era/é o Deus clemente e misericordioso. Mas todos sabemos que estes deuses têm as suas enormes falhas, segundo os seus inventores: Javé é ciumento e vingativo; Deus-Pai é amor mas inspirou umas Escrituras, segundo as quais, o seu muito amado Filho viria à Terra salvar/redimir o Homem dos seus pecados, morrendo numa cruz, condenando ao Inferno os que não se convertessem ou acreditassem n’Ele; Alá faz pior: manda matar, logo na Terra, todos os que não acreditarem n’Ele nem acreditarem que Maomé é o seu profeta… Uma tristeza de deuses que, desde a sua invenção/criação, só têm provocado desgraças aos Homens! Salvo raras e honrosas excepções, não devidas a eles, deuses, nem aos que vivem à sua sombra, pregando falsidades: clérigos, imans, rabinos, papas…, mas à bondade existente em muitos corações humanos…

(Estes são deuses inventados/criados ali no Médio Oriente. Os deuses/feitiços de outras culturas e povos e latitudes, do hinduísmo ao budismo – que é mais uma filosofia que uma religião –  ao taoismo, etc. não fizeram/fazem melhor…)

 Chegamos, pois, à conclusão de que Deus não pode estar hipotecado às invenções de alguns homens. Deus não pode ser um SER concebido ao modo humano, seja espiritual ou não, não passando de um humanóide superior, omnipotente, mas mesquinho, apoucado com emoções e caprichos, preocupando-se com os Homens que o inventaram, sendo o Homem apenas um minúsculo ser num minúsculo ponto do imensíssimo espaço sideral. Que estultícia, santo Deus!

Deus tem de ser concebido como fora e dentro do sistema, fora e dentro da realidade percepcionada e não percepcionada, sendo Ele próprio essa realidade.Assim, poderíamos defini-Lo como:

 O TODO ONDE TUDO SE INTEGRA, MATÉRIA E ENERGIA, ESPAÇO E TEMPO, sendo, por isso, INFINITO E ETERNO.

 Uma tal definição exclui toda a humanização que se possa fazer d’Ele, por simpática e empática que seja. E exclui toda a falsidade que as religiões nos querem vender como a VERDADE. Exclui ainda os falsos ateísmos, pois os ditos ateus são apenas não crentes nos deuses inventados pelas religiões.

Esta concepção de Deus é facilmente aceite por todos os seres inteligentes que reconhecem desconhecer quase tudo o que os rodeia, apesar dos avanços em conhecimento que a Ciência tem proporcionado aos Homens. Leva também a mente humana a sair de si e do imediato – tempo/espaço – para se “perder” no infinito, no desconhecido, aceitando a sua finitude como própria de alguém que pertence ao Tempo, tendo um início que a leva forçosamente a ter um fim, de modo algum podendo ser como uma semi-recta que começa num ponto e se prolonga pelo infinito. .

 Para gáudio dos sentidos, propõe-se uma viagem pelo espaço sideral. Deixar-se levar nas asas do pensamento, em leveza extrema, até um ponto do Universo em que se veja – confortavelmente instalado num ponto sem gravidade – rodeado de estrelas, seja qual for o ângulo que se observa do Universo visível.

Cientificamente, sabemos que, mesmo a alguns anos-luz de distância da Terra, já sem o incómodo da luz solar, não veríamos senão estrelas da galáxia Via Láctea, pois o seu diâmetro é de 100 mil anos-luz. E sabemos também que há milhares de milhões de galáxias… Ah, como é imenso este Universo observável! E como sabemos tão pouco acerca dele e das suas reais dimensões! E como nada sabemos do seu antes nem do seu depois! E como nada sabemos se há infinitos universos, se há pluriversos, se a matéria/energia é infinita e eterna, tudo se transformando ou mudando de forma, nada se perdendo, tudo existindo desde sempre e para sempre, não existindo nem um antes nem um depois para o Universo! Fantástico não é?

E, rodeados de estrelas, sentimos DEUS na sua dimensão infinita, esse TODO ONDE TUDO SE INTEGRA, MATÉRIA E ENERGIA SEMPRE EM MOVIMENTO, num determinismo eterno que é, aliás, o que constatamos em nós próprios e na realidade que nos circunda… Haverá algo em nós ou em qualquer ser existente, átomo ou estrela, que não esteja em contínuo movimento?

 Com este DEUS, de certeza que não há ateus!

 BOAS FÉRIAS! BOAS LEITURAS! BOA ANÁLISE CRÍTICA!

 


 


9 comentários:

  1. 1 – Das emoções que as religiões provocam nos crentes e como satisfazem as suas necessidades psicológicas, falaremos em próximo texto.

    2 – Quando todos os humanos tiverem suficiente cultura para terem espírito crítico, as religiões, como as que temos actualmente, simplesmente deixarão de existir pois toda a sua inverdade será desmascarada.

    ResponderEliminar
  2. 1- A Ciência do século XXI aponta inequivocamente para a existência de uma mente criadora.

    2- Esta Mente omnipotente Criadora do Universo, observa necessariamente o que se passa na Terra com a Vida inteligente.

    3- A mesma ciência do Século XXI, diz que provavelmente no Universo " O minúsculo ponto azul" será o único onde há vida e vida inteligente.

    4- Isto não é conhecido pelas massas, porque este conhecimento está em inglês, e não é divulgado pelo academia e media que ainda vivem na ilusão materialista que dura há cento e tal anos.

    Vem aí o códiigo Celestial o LIvro ou Bíblia do Século XXI, para fazer luz sobre esta matéria e tentar erradicar de vez a ignorância onde o Sapiens está atolado.

    ResponderEliminar
  3. Obrigado pele resposta. Mas a ciencia usa o metodo empirico: so o que è provavel è seu objecto. Nao supoe, prova. Assim, contesto, por falta de provas, o que se diz em Nome da ciencia.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Só hoje vi a sua resposta meu caro. Aqui vai a resposta à sua contestação. A Gravidade existe mas não se vê nem se pode apalpar. Sabe-se que ela existe por observação e verificação indirecta do comportamento da Matéria (massa). Do mesmo modo, observando cientificamente a realidade, através da lógica e razão, infere-se inequivocamente que existe um criador. Basta considerar (provado cientificamente) que o Universo foi afinado (leis e constantes) para que a Vida (ADN) possa existir. Ambos são INFORMAÇÃO, o Universo e a Vida. Não existe Informação, que não seja produto de uma Mente ( esta asserção é inquestionável cientificamente). Além disso, este Universo teve um cientificamente provado momento de Criação ou início (o Big Bang). Por outro lado segundo Godell, quem emergiu num espaço limitado virtual, o nosso Universo, não pode "tocar" no Criador deste espaço a menos que o criador queira. A existência de um propósito para este Universo, também se pode aferir indirectamente, embora objectivamente não possamos ainda conhecê-lo exactamente. Quando alguém cria alguma coisa tem necessariamente um propósito para a sua criação. Este Vídeo, coloca a questão em perspectiva científica e filosófica ( Mas é necessário entender inglês e estar familiarizado com a terminologia científica): https://www.youtube.com/watch?v=Y47UHxO6-js Posso responder às dúvidas.

      Eliminar
    2. Nota: Os "multiversos" é uma hipótese ridícula e infantil pseudocientífica de fugir à realidade, na tentativa hilariante de fugir ao Criador, colocada por pseudocientistas materialistas, que acham, mesmo contra todas as evidências científicas que o que existe e nós, é obra do acaso. O Universo de onde emergimos e que hoje podemos observar e estudar está rigorosamente afinado para que nós seres virtuais mas inteligentes o possamos observar.

      Eliminar
    3. O Vídeo é o melhor que já vi e não deixa margens para dúvidas, estamos na Matrix da Mente!

      Eliminar
  4. Chegámos exactamente a um ponto crucial: há quem acredite piamente no Big Bang e quem não credite. Perguntei um dia a um cientista/astrónomo, o que havia antes do Big Bang: Respondeu-me que essa questão não se punha à Ciência, ficava para os filósofos; à Ciência só interessava estudar/compreender/explicar o Universo observável.
    Também se coloca a questão do Universo estar em expansão. Para quê? E expande-se para onde e até onde?
    E ainda: a Terra tem os dias contados, logo, o Homem também e talvez muito tempo antes de a Terra se acabar, engolida pela dilatação do Sol na sua transformação/morte, daqui a cerca de 5 a 6 mil milhões de anos. Então, a haver um Criador, afinal qual o seu objectivo num projecto fadado a desaparecer?
    E muitas mais questões para as quais um Criador não tem sentido.
    (Vou ver o vídeo)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigado pela resposta. Como disse no seu enunciado do divertimento intelectual, nós somos mesmo limitados, já conscientes e inteligentes, mas em evolução. A Lógica e Razão são coisas imateriais, que apenas precisam da matéria como substracto. Enquanto continuarmos apenas agarrados à matéria a Ciência não evoluirá. A Ciência ela própria é imaterial assim como a Mente. E a "Informação" é imaterial. Todo o conhecimento do Homem é imaterial. Enquanto não enterrarmos o materialismo não vamos sair da cepa torta e iremos continuar afastados da Mente criadora.

      Eliminar
  5. É ainda preciso ter bem a noção do seguinte, sobre o actual momento da Ciência:

    1- Ninguém sabe como a Vida emergiu apenas uma vez na Terra. Ninguém sabe como a vida (comportamento) surgiu da matéria inanimada ( que apresenta apenas propriedades matéria - energia).

    2-O Big Bang e a consequente expansão do Universo é aceite pela comunidade científica materialista como inquestionáveis. O próprio Einstein, como isto não lhe agradava chegou a introduzir nas suas equações uma constante que mantinha o Universo imutável. Mais tarde Hublle demonstrou-lhe que o Universo se encontrava mesmo em expansão. Einstein foi obrigado a reconhecer que este tinha sido um erro crasso da sua carreira.

    ResponderEliminar