sábado, 25 de maio de 2019

Onde a Verdade da Bíblia? - Análise crítica - Novo Testamento (NT) - 218/?


À procura da VERDADE nos Evangelhos

Evangelho segundo S. MATEUS – 14/?

– Toca a alma aquela frase: “O Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça.” (Mt 8,20)
Realmente, não há notícia de que tivesse casa e tanto Ele como os discípulos “viveriam de amigos”, o que não deixaria de levantar alguns problemas práticos. É que o corpo precisa de alimento e descanso e, apesar de Cristo ser Filho de Deus, certamente não andaria por ali a fazer sempre milagres, cada vez que quisessem comer, para que o alimento lhes caísse do Céu…
– A expressão “Filho do Homem”, dizem os comentaristas, significaria “Messias”. Então, Jesus assumiria aqui, pela primeira vez, ser o Messias, o Cristo, o Salvador enviado por Deus! Mas, claro, não passa de uma interpretação; obviamente, há várias outras em que o Messianismo supostamente assumido por Jesus não faz qualquer sentido…
– Também não sabemos se carregada de ironia se de simbolismo a frase: “Segue-me e deixa que os mortos enterrem os seus próprios mortos.” (Mt 8,22). Quem eram os “mortos” que iriam enterrar os outros? Os que não seguiam a Cristo? E o que é realmente seguir a Cristo: ali, fisicamente, indo atrás dele ou ouvir a sua mensagem de fraternidade universal e pô-la em prática?
– Agora, outro milagre! A cura do paralítico! “O que é mais fácil dizer: «Os teus pecados estão perdoados» ou dizer «Levanta-te e anda»? Pois fiquem sabendo que o Filho do Homem tem na Terra poder para perdoar os pecados. Então, disse ao paralítico: «Levanta-te, pega na tua enxerga e vai para casa.» Vendo aquilo, a multidão ficou com medo e louvou a Deus por ter dado tal poder aos Homens.” (Mt 9,5-8)
– Novamente o “Filho do Homem”! Jesus parece não abdicar da sua prerrogativa messiânica, prerrogativa de que talvez estivesse convencido. A reacção da multidão é que é frouxa: apenas medo e louvor. Então, não houve quem propagasse aos quatro ventos o extraordinário acontecimento?
Problema maior é o pecado e o perdoar os pecados… E equivaler o “perdoar” ao “levanta-te e caminha”... Afinal, o que é realmente o pecado? O que é ofender a Deus? O que é perdoar os pecados? Quem perdoa a quem? Pois, o mais lógico é que, havendo ofensa a um irmão, seja esse irmão a perdoar a ofensa. Mais ninguém! Deus não pode entrar em tal equação: pecador e ofendido – perdoado e perdoador.
– Mas, perante tal situação – se é que existiu e de tal modo! – também nós, se lá estivéssemos, teríamos tido medo e teríamos louvado a Deus. E, obviamente, teríamos perguntado a Jesus todas estas coisas que não entendemos. Será que Ele nos teria respondido de modo a não ficarmos com qualquer dúvida?
–“Aprendei pois o que significa: «Eu quero a misericórdia e não o sacrifício.» Porque Eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores.” (Mt 9,13)
– Cristo aqui “refugia”-se nas Escrituras (Oseias 6,6), explicando-as. Não se percebe muito bem é se o sacrifício é a imolação de vítimas de tanto agrado do A.T., no culto do Templo, se a aceitação do sofrimento e a prática do jejum e da abstinência em ordem à purificação…
Aliás, Oseias é uma pedrada no charco dos holocaustos permanentes em que se envolviam dezenas de sacerdotes que serviam e se serviam do Templo, com as inúmeras oferendas e sacrifícios a que obrigavam o povo: “Esses sacerdotes vivem do pecado do meu povo e querem que o povo continue a pecar.” (Os 4,8) Ah, grande Oseias, como tinhas razão! Mas quem te deu ouvidos?
O que é certo é que ser-se misericordioso é ser-se bom para com o seu semelhante; e – seja qual for o seu significado - a misericórdia agrada muito mais a Deus que o sacrifício; e fazer sacrifícios – e muito menos oferecer sacrifícios – parece não levar a parte alguma…
Concluiríamos, então, que quem for misericordioso terá um lugar no Céu… Pena é não sabermos - desculpem-nos a repetição - onde é esse Céu e se ele existe…

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