segunda-feira, 30 de abril de 2012

Ah, se eu fosse crente! (2/2)

E chegamos à páscoa da ressurreição! Aí sim! Aí, os crentes católicos – ou cristãos?! – cantam aleluias e celebram a festa das festas: “Cristo ressuscitou, aleluia, aleluia!”! E dizem ter a certeza de, no post-mortem, não se perderem no NADA – como afirmam os não-crentes – mas recuperarem, ressuscitando, a vida perdida num corpo perecível que não numa alma imortal! "Creio na ressurreição dos mortos" - afirmaram no Credo. Ah, a imortalidade! Ah, a eternidade! Que sonho, santo Deus, que sonho! Que desejo tão nonsense, mas tão incontido!... Então, que a missa nunca mais seja “a oferta do sacrifício incruento de Jesus ao Pai em remissão dos nossos pecados” – como incongruentemente se afirma por essas igrejas fora, sem que ninguém entenda tal mistério, mistério fruto de mentes mais dementes que sãs do passado primitivo cristão – mas a celebração contínua da páscoa, da ressurreição de Cristo como penhor da nossa própria ressurreição. Não acham que, sempre em festa, tanto na vida como na morte, tanto na Páscoa como no Natal, o crente não teria uma vida muito mais feliz? Muito mais consentânea com a sua racionalidade? – De certeza que sim! É uma proposta que aqui fica para que todos os crentes católicos ou cristãos lutem pela mudança já que as hierarquias que lhes anestesiam as mentes nunca serão capazes de o fazer. A começar e a acabar no papa a quem convém que tudo continue no mistério, em celebrações apenas apelando à emoção irracional do Homem... Então, crentes, rejubilai! Vivei sempre em festa! Aceitai tudo em nome de Deus, pois, serdes pobres ou doentes ou terdes um acidente..., é tudo por vontade de Deus! E quanto mais cedo partirdes para o Pai, mais cedo estareis com Ele, na Luz perpétua, na Paz eterna, na comunhão dos hossanas que miríades de anjos entoam sem cessar no Paraíso... Ah, que festa permanente, que permanente gozo, que prazer do espírito que nunca se cansará de gozar e de sentir prazer num eterno e permanente renovar, pois tudo Deus oferece, dá gratuitamente e proporciona aos seus eleitos... Mas..., que eleitos! “Muitos são os chamados e poucos os escolhidos!”... “A porta do Céu é estreita e larga a que conduz às profundezas do Inferno, o Reino do demónios” (Mt 7,14). Então, quantos terão direito à salvação?!!! Vocês, ricos, vós não tereis tal direito, vós não tereis lugar no reino dos céus! É que vós já escolhestes e escolhestes ter toda a recompensa na Terra. Se não, teríeis distribuído o vosso pão com os pobres e não os teríeis explorado até à medula, nada vos importando que morressem à fome, se isso vos trazia benesses, prazeres e riquezas muitas... Por isso, para vós, é o Inferno! E bem o mereceis!!! “É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus” (Mt 19,24) (Ah, quanto não haveria a dizer sobre esses ricos que se dizem católicos e que até pertencem a seitas que promovem a riqueza dos seus membros, como o Opus Dei, indo à missa, batendo no peito, com medo das penas do Inferno, mas não abdicando de um tostão dos milhões com que se banqueteiam no mundo real!...) Portanto, impossível um rico realmente rico ser crente: uma atitude nega a outra: “Ou és por mim ou és contra mim!” “Não podeis servir a dois senhores: a Deus e ao Dinheiro”!. Aliás, o vosso Deus é o vosso Dinheiro! E o dinheiro só vos dá direito à felicidade – dará?! – cá na Terra, pois partireis nus da Terra como nus à Terra viestes! (Felizmente, para vós, e infelizmente para os pobres, nada nos prova que o vosso Inferno exista nem tão pouco o nosso/vosso Paraíso! A vontade é de exclamar que isto está tudo muito mal feito! E também de perguntar: “Quando é que teremos certezas absolutas de um Inferno para os maus e ricos e corruptos, e um Paraíso para os bons e pobres e desgraçados, para que, enfim, se faça real justiça em algum lugar?!!!”) Quando este parêntese se desfizer, eu serei fervoroso crente!...

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