segunda-feira, 23 de abril de 2012

Ah, se eu fosse crente! (1/2)

Se o fosse, dançaria em todas as festas de santos, percorreria todas as romarias de santuários, alegraria todas as missas com cânticos e danças de louvor ao Senhor-Deus (a missa não seria mais a oferta do sacrifício incruento de Jesus a Deus, conceito desastrado elaborado pelos teólogos católicos, ao longo de séculos de obscurantismo medieval, e incutido aos crentes!), oferecer-me-ia para tratar os doentes e auxiliar os pobres, distribuindo com eles o meu pão, e, sobretudo, não choraria quando algum ente querido me abandonasse e partisse para o Pai! O quê? – perguntarão. Nem uma lágrima? Nem uma manifestação de pesar? – Uma lágrima de saudade, talvez, mas lágrima logo transformada em sorrisos, em cânticos de júbilo porque aquele ente querido não se perderia para sempre no NADA, mas iria para um mundo muito melhor, uma vida sem angústias nem tristezas, nem incertezas nem stress nem amarguras, nem decepções de desejos tão aguados e não concretizados: o Paraíso! E ali, tinha tudo, sendo Deus omnipotente a satisfazer fossem que desejos fossem das suas criaturas, sendo Ele próprio essa satisfação, nada mais havendo a desejar senão Ele e a sua permanente presença avassaladora... Então, PARA QUÊ LÁGRIMAS? É: os crentes que choram os seus mortos não são crentes, pelo menos não o são em plenitude ou convictamente... O mesmo se passa na Quaresma e na Semana Santa, com a paixão e morte de Jesus, o Cristo, o Filho de Deus... Deveria comemorar-se, sim, mas sempre com alegria, esquecendo sofrimentos que o Jesus sofreu, mas que deveria ter sofrido sorrindo à dor...; aliás, como Deus encarnado em humano, poderia ou deveria ter abdicado perfeitamente da dor real para apenas fingir que sofria. (Esqueçam-se aquelas incompreensíveis frases de JC: “Pai, se é possível, afasta de mim este cálice, mas faça-se a tua vontade e não a minha” e: “Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonaste?” – aliás, distanciando-se aqui Pai e Filho, sendo eles um com o outro o mesmo Deus Uno, embora trino, o que é uma gafe teológica absolutamente inexplicável e tremendamente polémica para não dizer descredibilizadora de tudo o que se afirma acerca da divindade de Jesus e o ele ser Filho de Deus encarnado...). E, segundo as Escrituras, como o próprio Jesus ressuscitado afirma, não era essa paixão necessária para que Ele morresse e ressuscitasse, como penhor da ressurreição de todos os Homens? Então, porquê o luto? Porquê o roxo a tapar as imagens nas igrejas? Porquê as matracas e as procissões chorosas, o enterro do Senhor Jesus (ou do Senhor-Deus?!!!) e outras tradições macabras, como a reconstrução da morte de Cristo no calvário? Para um crente, tudo deveria ser festa: tanto a vida como a morte, não sendo esta o fim mas o início de uma vida muito melhor! Asim, estndo tudo invertido, o crente deveria lutar para que e apenas se festejasse, o ano inteiro, com aleluias e hossanas e não mais lágrimas, lutos ou vividos dramas dentro e fora das igrejas! Mas... nada! Oiçamos as igrejas e seus mandantes por esse mundo de Cristo fora! Tudo celebrado medievalescamente, chamando ao sentimento e à emoção de um Cristo sofredor para... para..., bem, nem sei bem para quê! Não tinha Ele que sofrer, repito, tudo aquilo – nas suas próprias palavras, citando Escrituras antigas – para que entrasse triunfante da morte na glória de Deus-Pai?! E é esta filosofia da tristeza nonsense que é celebrada em cada missa, missa a que chamam de sacrifício incruento de Filho ao Pai! Exactamente ao modo do paganismo antigo em que se ofereciam crianças, imolando-as para apaziguar a ira dos deuses. Aqui, é para desagravar Deus das ofensas que contra ele cometem os desregrados Homens...

2 comentários:

  1. Boa noite! Deixo um abraço ao Sr. Domingues e que seja abençoado.

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  2. Olá, Simone! Gostinho especial em vê-la por aqui lendo estas filosofias existenciais. Em próxima visita, deixe um comentário que eu lhe responderei com toda a simpatia. Cordiais saudações!

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